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Impeachment, promessas e suspeita de acordão
Temer diz que ‘não vai levar ofensa para casa’; manobra no Senado mantém direitos de Dilma e gera crise na base aliada
O Senado cassou ontem, por 61 votos a favor e 20 contra, o mandato conquistado por Dilma Rousseff em 2014. Horas depois, Michel Temer tomou posse como o 37º presidente da República. O segundo impeachment da história do País encerrou 13 anos de PT no poder. Numa outra votação, que provocou polêmica, Dilma manteve o direito de exercer função pública, com 36 votos a seu favor. Autorizada pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowski, a votação em separado que reduziu a punição da petisca gerou crise entre tucanos, peemedebistas e Planalto.
A decisão abriu precedente que pode beneficiar o deputado afastado Eduardo Cunha e futuramente outros parlamentares ameaçados de cassação…
O Globo
Manchete: Dilma está fora. E agora, Temer?
Presidente terá 2 anos e 4 meses para cumprir compromissos:
Aprovar o ajuste fiscal e as reformas da Previdência e trabalhista
Reduzir o desemprego, atrair investimentos e destravar concessões
Enfrentar no Congresso e nas ruas a oposição anunciada por Dilma
Cumprir a promessa de não interferir no caso Eduardo Cunha
Apoiar a Lava-Jato e rechaçar ações que atrapalhem investigações
Administrar a divisão no PMDB e pacificar relação com PSDB e DEM
Num dia em que o país chegou a ter três presidentes, o Senado aprovou ontem o impeachment de Dilma Rousseff por 61 votos a 20, pondo fim a 13 anos de PT no poder. Numa articulação que teve o apoio do presidente do Senado, Renan Calheiros, e provocou protestos duros de PSDB e DEM, porém, os senadores mantiveram os direitos políticos de Dilma, decisão que poderá ser contestada no STF. Temer foi empossado logo em seguida. Antes de viajar para a reunião do G-20 na China, prometeu modernizar a legislação trabalhista, reformar a Previdência e ampliar programas sociais. Antes, disse que não aceitará mais “desaforos” e, a quem o chamar de golpista, responderá que “golpista é você”. Foi uma resposta a Dilma, que voltou a se dizer vítima de um golpe e afirmou que fará oposição incansável ao governo de seu ex-vice, a quem chamou de corrupto. Em São Paulo, manifestantes contra Temer depredaram bancos e até um carro de polícia. (Págs. 3 a 29)
PIB cai pela 6ª vez, mas dá sinais de retomada (Págs. 35 a 39)
Editorial
‘Para que não haja outro impeachment’
A partir de agora, governante que quiser pegar atalhos para contornar a Constituição, por motivos orçamentários ou políticos, sabe o risco que corre. (Pág. 16)
Colunistas
MERVAL PEREIRA
Gambiarra constitucional beneficia outros políticos.
NELSON MOTTA
Um espetáculo dramático e farsesco.
JOSÉ PADILHA
Resta saber se TSE, MP e STF vão baixar a cabeça.
ALAN GRIPP
Escolha de Lula pôs em xeque sua habilidade.
MÍRIAM LEITÃO
Uma chance para recuperar a economia.
DEMÉTRIO MAGNOLI
O acorde da conciliação já soou.
CORA RÓNAI
Melancolia do que podia ter sido, mas não foi.
FLÁVIA BARBOSA
A batalha se dará num terreno minado.
ANCELMO GOIS
Tomara que o governo se reencontre com as ruas.
SARDENBERG
Futuro de Temer é ser Sarney ou Itamar.
ARNALDO BLOCH
Qual a nova narrativa a ser alvejada?
PAULO CELSO PEREIRA
Temer, ao governar, perde seu melhor álibi.
LAURO JARDIM
Temer terá de contrariar a própria natureza.
FERNANDO GABEIRA
No lugar da crítica, uma visão monolítica.
ANA CRISTINA REIS
É tão deprimente que só o humor salva.
EDUARDO EUGÊNIO
Hora de confirmar, sem recuos, as expectativas.
MORENO
Lula não esperava, mas Dilma quis continuar
JOSÉ CASADO
Acerto PMDB-PT abre caminho para a anistia.
ARTHUR DAPIEVE
Collor e Dilma, produtos da mesma ilusão.
CID BENJAMIN
O fim do ciclo da Constituição de 88.
RICARDO NOBLAT
Com o impeachment, morre a Nova República.
ILIMAR FRANCO
Missão de Temer, agora, é falar para a maioria.
DANIEL AARÃO REIS
Impeachment é câncer que deve ser extirpado.
JAIRO NICOLAU
Sucesso de Temer será maldição para PSDB.
VERISSIMO
A árvore continua de pé, mas menos frondosa.
FREI BETTO
Impetuosidade de Dilma dificultou desempenho.
SÉRGIO FADUL
Dilma negou realidade que Temer vai enfrentar.
BRUNO WANDERLEY
PT prevalece como protagonista político.
Estado de S. Paulo
Manchete: Impeachment, promessas e suspeita de acordão
Temer diz que ‘não vai levar ofensa para casa’; manobra no Senado mantém direitos de Dilma e gera crise na base aliada
O Senado cassou ontem, por 61 votos a favor e 20 contra, o mandato conquistado por Dilma Rousseff em 2014. Horas depois, Michel Temer tomou posse como o 37º presidente da República. O segundo impeachment da história do País encerrou 13 anos de PT no poder. Numa outra votação, que provocou polêmica, Dilma manteve o direito de exercer função pública, com 36 votos a seu favor. Autorizada pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowski, a votação em separado que reduziu a punição da petisca gerou crise entre tucanos, peemedebistas e Planalto.
A decisão abriu precedente que pode beneficiar o deputado afastado Eduardo Cunha e futuramente outros parlamentares ameaçados de cassação. Temer terá o desafio de manter uma base forte no Congresso para aprovar projetos necessários ao ajuste das contas públicas e tirar o País da recessão. Ontem, o IBGE divulgou que o PIB do segundo trimestre sofreu a sexta retração consecutiva e recuou 0,6% em relação ao primeiro trimestre. Em sua primeira reunião ministerial, Temer afirmou que adotará a postura do “bateu, levou” e não mais “levar ofensa para casa”. Em pronunciamento na TV, disse que é hora de “união” e defendeu reformas trabalhista e previdenciária. À noite, embarcou para a China após passar o cargo ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Dilma disse que foi tirada do poder por “um grupo de corruptos investigados” e prometeu forte oposição. (Política/Págs. A4 a Al6;Economia/Págs. B1 a B4)
A hora das medidas amargas
Michel Temer terá de conseguir que o Congresso aprove projetos impopulares para recuperar finanças do país. Empresários estão otimistas, mas cobram ações rápidas. (Pág. X2)
Análises
Eliane Cantanhêde
Clima de racha na base (Pág. A13)
Dora Kramer
Gesto de benevolência (Pág. A11)
Vera Magalhães
Entre Itamar e Sarney (Pág. A8)
Alberto Bombig
Suspeita de acordo espúrio (Pág. A12)
José Roberto de Toledo
Quem dá cartas é o PMDB (Pág. A6)
João Domingos
Renan, primeiro-ministro (Pág. A13)
Eloísa M. Almeida
Um cenário inusual (Pág. A8)
Notas & Informações
O desfecho do impeachment
Todo cidadão honesto deste país há de estar estupefato com o desfecho do processo de impeachment. Malgrado o fato de que Dilma Rousseff finalmente teve seu mandato cassado, um punhado de notórios personagens da vida política aproveitou a deixa para urdir uma maracutaia digna de unia república bananeira. (Pág. A3)
Protesto no centro de SP acaba em confronto (Pág. A14)
EUA dizem confiar em ‘forte relação bilateral’ (Pág. A16)
Folha de S. Paulo
Manchete: Senado destituiu Dilma; Temer pede pacificação
Por 61 votos a 20, o senado depôs Dilma Vana Rousseff, 68, da Presidência da República. Michel Miguel Elias Temer Lulia, 75, que já exercia o cargo interinamente desde maio, assumiu em definitivo — ele tem mandato até dezembro de 2018. É a segunda vez que um presidente é cassado por impeachment desde a redemocratização, em 1985; a destituição de Fernando Collor de Mello ocorreu em 1992.
O processo foi consumado quase nove meses após o início da tramitação na Câmara e três meses e meio depois do afastamento provisório da petista. Ela foi condenada por crime de responsabilidade em razão de empréstimo e abertura de crédito ilegais, mas não perdeu direito de exercer funções públicas. A defesa recorrerá ao Supremo Tribunal Federal.
A cassação interrompe ciclo de 13 anos de gestão do PT, iniciado com Luiz Inácio Lula da Silva em 2003. O partido deixa o poder abalado, com lideranças em xeque e envolvidas na operação Lava Jato.
Em pronunciamento em cadeia nacional, o paulista Michel Temer disse que “a incerteza chegou ao fim” e que “é hora de unir o país”. Destacou também a importância de retomar o crescimento econômico e de reformar o sistema previdenciário. Na primeira reunião ministerial após a posse, o peemedebista adotou tom duro, dizendo que não vai tolerar ser chamado de golpista; ele afirmou ainda aos ministros que divisões na base aliada no Congresso são “inadmissíveis”.
O recado sobre infidelidade foi para os aliados que ajudaram a manter os direitos políticos de Dilma — não está claro se ela poderá ocupar cargos eletivos. Essa decisão, tomada em segunda votação admitida por Ricardo Lewandowski, causou polêmica no meio jurídico, pois poderia contrariar a Constituição. A manobra irritou Temer, que não sabia da articulação.
A eleição de 2018 é ponto de discórdia com o PSDB — se Temer reverter o cenário econômico, aliados aventam a reeleição. O presidente viajou já nesta quarta à China para reunião do G20 (grupo das maiores economias do mundo). (Poder A4)
Foto-legenda: Efetivo
Michel Temer assina a sua posse presidencial no Congresso; estão ao seu lado, os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, do Congresso, Renan Calheiros, e do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski
Black blocs voltam a depredar carros e prédios em atos no centro de SP
Manifestantes contrários ao impeachment de Dilma Rousseff entraram em confronto com a Polícia Militar na noite desta quarta-feira (31) em ao menos quatro pontos de São Paulo. o ato teve início pacífico na avenida Paulista. Na região central, black blocs quebraram vidros e depredaram carros; a polícia reagiu com gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral. Ao menos cinco pessoas se feriram, entre elas um policial. em ato em Brasília, três foram detidos após conflito com a polícia. Ato pró-Dilma no Rio não teve incidentes. (Poder A17)
Janio de Freitas
O nome verdadeiro para o impeachment é apenas este: golpe (Poder A14)
Análise – Leandro Colon
Temer terá de conter gritaria de tucanos e instabilidade de Renan (Poder A11)
Renato Janine Ribeiro
Flá-flu de duas décadas entre PT e PSDB acaba com derrota de ambos (Poder A3)
Rogerio Chequer
Combate à corrupção é a primeira frente em nova fase do país (Poder A16)
Editoriais
Leia “Governo novo”, a respeito do impeachment de Dilma Rousseff e posse de Michel Temer, e “Fresta de oportunidade”, acerca da queda do PIB no segundo trimestre de 2016. (Poder A2)
Edição: Equipe Fenatracoop, Quinta-Feira, 01 de Setembro de 2016