Em conversa com o psicólogo Felipe Azevedo, a Coluna Bela Manchete questionou os desafios da relação entre avós e pais
O Dia dos Avós é celebrado anualmente em julho, mais especificamente dia 26 de julho , no Brasil. E segundo historiadores, a data foi escolhida por influência religiosa, já que dia 26 de julho é celebrado o Dia de Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria e, portanto, avós de Jesus Cristo. Mas independente de religião, qual a influência direta da presença de uma avó, de um avô ou dos dois na infância e adolescência de uma pessoa?
A Coluna Bela Manchete que tem como uma de suas metas, sempre abordar assuntos relacionados à importância da vida em família, foi conversar com o psicólogo Felipe Azevedo para saber de fato, quais as consequências da convivência de uma criança/jovem com seus avós. Confere esse conteúdo feito com todo carinho por Emily Müller.
“A convivência direta e frequente com os avós é de grande importância, visto que, há uma grande contribuição dessas figuras frente ao desenvolvimento emocional, social e cognitivo da criança ou do adolescente. Isso ocorre, pois os avós contribuem com a transmissão de saberes culturais, sociais, da moral e da linguagem. No entanto, para que isso possa ocorrer de forma adequada, essas figuras devem colaborar com a manutenção de um ambiente acolhedor e seguro, características que contribuem com a autonomia, a autoconfiança, a autoestima e a capacidade das crianças e adolescentes de lidarem de forma satisfatória com o meio social, ou seja, de serem pessoas mais capazes de viver em sociedade”, comenta Felipe Azevedo.
Mas, é claro que, existem as relações que acabam sendo complexas, e, de acordo com o psicólogo Felipe, é preciso que haja diálogo claro e respeito entre as partes (avós e pais) para que nenhum limite na criação das crianças e adolescentes seja ultrapassado. “É importante que os avós contribuam com o desenvolvimento dos netos, na verdade, é enriquecedor para a criança ou adolescente que tem essa oportunidade, mas também é indispensável que essas figuras respeitem a autoridade dos pais. Isso é necessário, pois a inversão de papéis pode ser comum, ou seja, avós podem assumir responsabilidades e deveres que são destinados aos pais da criança ou do adolescente e ao invés de possibilitarem crescimento e segurança aos netos, podem prejudicá-los”, completa Felipe.
E como Azevedo comentou sobre a importância da constância na construção de uma relação entre netos e avós, perguntei se existe algum tipo de receita ou frequência ideal na convivência, e o psicólogo esclareceu que tudo depende da realidade de cada família. “ Não há um tempo ideal de convivência entre avós e netos. O mais importante é a qualidade da relação entre os membros, assim como, a transmissão de saberes, de valores, experiências e de afeto. Estes aspectos favorecem a construção da identidade das crianças ou dos adolescentes e podem influenciar, de forma positiva, a forma de como a pessoa lida com o meio em que está inserida. Muitas vezes, os avós moram em outra cidade e é impossível que os netos os vejam sempre, mas quando possível, é ideal, sim, que exista uma convivência, se ela for harmônica, é claro”.
Uma mãe e um pai, por mais presentes e cuidadosos que sejam na vida de seus filhos, precisam de ajuda, isso é óbvio. Quando pensamos em mães solo, então, a rede de apoio se faz ainda mais indispensável, mas será que é claro para todos integrantes das famílias que os avós não possuem nenhuma obrigação legal tampouco moral de ajudar a criar os netos? É um assunto complicado, mas que o psicólogo Felipe Azevedo esclarece. “É fundamental que haja um diálogo respeitoso entre os avós e pais quando houver a necessidade de cuidado dos netos. Além disso, embora os ensinamentos e as vontades dos avós das crianças ou dos adolescentes sejam fundamentais, as condições de cuidado dos avós e as suas limitações também devem ser levadas em consideração. Nem todo avô e avó possui condição de saúde de ajudar a cuidar de uma criança, ou até tempo para isso, pois muitos idosos continuam no mercado de trabalho mesmo após os 60 anos. Então é preciso compreensão e respeito de ambos os lados. Levando esses aspectos em conta, a convivência entre avós e netos poderá ser positiva para todos”.
E você gostou dessa entrevista? Acompanhe o novo instagram da jornalista Emily Müller @emilymullerjorn e sugira suas pautas!
Acompanhe o trabalho incrível também do psicólogo Felipe Azevedo @psi.felipeazevedo .