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As manifestações contra o governo federal que ocorreram em várias capitais neste domingo (16) não tiveram registro de incidentes graves. Os atos ocorreram com tranquilidade e reuniram pessoas que foram às ruas com camisetas da Seleção Brasileira, cartazes com diversos pleitos e bandeiras do Brasil.
Em Brasília, a manifestação ocorreu pela manhã e terminou por volta das 12h30 em frente ao Congresso Nacional. Os participantes saíram do Museu da República e, em frente à Catedral de Brasília, fizeram uma pausa e rezaram, de mãos dadas, o Pai Nosso. Depois, seguiram para o gramado do Congresso onde estenderam faixas e entoaram gritos de “Fora Dilma” e “Fora PT”.
No Rio de Janeiro, depois de cinco horas de caminhada pela orla de Copacabana, os manifestantes encerrraram o ato cantando o Hino Nacional e também rezando o Pai Nosso. A caminhada foi acompanhada por cinco carros de som por cerca de dois quilômetros, sob sol escaldante.
Os discursos, no Rio, variavam nos carros de som, mas a maioria dos cartazes e faixas pedia o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Em alguns momentos, as declarações eram contraditórias. Enquanto em um carro de som, as palavras de ordem hostilizavam alguns meios de comunicação, em outro era feita a defesa da liberdade de imprensa. No meio da multidão, um cidadão gritou: “Viva a democracia, Lula 2018” e, sob vaias e xingamentos, precisou ser escoltado por policiais militares.
Em São Paulo, o palco das manifestações foi novamente a Avenida Paulista, que reuniu pessoas de diferentes perfis e faixas etárias. Eram famílias com crianças, casais e grupos de amigos que criticavam a situação política e econômica do país.
Também tomaram conta da Paulista fantasias, adereços e carros alegóricos. Um manifestante, por exemplo, instalou um barco em cima do carro fazendo menção ao Titanic. Outro levou um imenso balde pintado de preto para simular tanques de petróleo da Petrobras.
O professor da rede pública estadual André Rafael Veríssimo, de 30 anos, esculpiu o Congresso Nacional em isopor e acrescentou adesivos de marcas famosas, além de uma faixa onde se lia “Shopping Center do Congresso”.
Embora todos os manifestantes pedissem a saída da presidenta, a forma como isso poderia ocorrer dividiu os movimentos. Um deles, por exemplo, a União Nacionalista Democrática defendia a intervenção militar. Já o porta-voz do movimento Vem pra Rua, Rogerio Chequer, pregava o impeachment imediatamente, como consequência das denúncias ora sob análise do Tribunal de Contas da União, que “caracteriza ações que configuram crime de responsabilidade”.
Sobre denúncias de corrupção contra outras figuras políticas, o Vem pra Rua “exige investigação de todos que têm indício de participação nos esquemas de corrupção”. “Os presidentes da Câmara e do Senado já estão mencionados em atos que exigem investigação”, disse o porta-voz.
Oposição
Membros da oposição estiveram presentes em algumas capitais brasileiras. O senador tucano Aloysio Nunes, líder do PSDB no Senado, participou do ato em Brasília e disse que ali estava como um cidadão comum.
Em São Paulo, o senador José Serra (PSDB) esteve na Avenida Paulista. Ele chegou por volta das 16h e foi cumprimentado por manifestantes ao longo do trecho que percorreu.
“A manifestação é uma demonstração de impaciência. A manifestação é pacífica, sem governo ou sindicato por trás. Vim como paulistano, morador de São Paulo. Vim como José. A espontaneidade é muito alta, eu diria até emocionante”, disse o senador.
Mais cedo, em Belo Horizonte, o senador Aécio Neves, também do PSDB, discursou em um carro de som. “Venho como cidadão indignado com a corrupção, com a mentira, com a incompetência desse governo”, disse Aécio.
Pelo país
Em Goiânia, os manifestantes se reuniram em frente à Praça Tamandaré, no Setor Oeste. Em Campo Grande, a concentração ocorreu na Praça do Rádio Clube e não houve passeata.
Em Fortaleza, a manifestação se concentrou na praça Portugal, no bairro Aldeota, área nobre da cidade e, na sequência, o público caminhou em direção à orla da Praia de Iracema.
O deputado Jair Bolsonaro (PP/RJ) participou do evento e foi recebido de forma calorosa. Enquanto seguia pela praça, era chamado de “Bolsomito” e de “orgulho brasileiro”. Algumas pessoas vestiam camisetas que estampavam o rosto do deputado.
Como ocorreu em outras cidades do país, curitibanos coletaram assinaturas para a criação de um projeto de lei de iniciativa popular com dez medidas contra a corrupção. Houve faixas e fotos em apoio ao juiz Sérgio Moro, juiz federal da capital paranaense que preside parte do processo de investigação da Operação Lava Jato.
Já em Porto Alegre, além de baterem panelas, as pessoas levaram às ruas cartazes com dizeres como “Chega de tanto imposto” e “Acorda Brasil”. Nas ruas de Macapá, os manifestantes fizeram uma passeata atrás de um carro de som, utilizando camisetas e faixas pedindo “Fora, Dilma”.
Na orla de João Pessoa, a concentração se iniciou na Praia Cabo Branco e partiu no sentido do Busto de Tamandaré. O ato em Vitória ocorreu na Praça do Papa, com camisetas da Seleção Brasileira, balões amarelos e bandeiras do Brasil. Manifestantes em Florianópolis se reuniram no período da tarde na Avenida Beira-Mar. Bonecos com fotografias do juiz Sérgio Moro, de Lula e de Dilma também fizeram parte do protesto que ocorreu em Natal.
Pela manhã, em Maceió, os manifestantes se reuniram no Corredor Vera Arruda, na orla, e seguiram em direção ao Bairro Ponta Verde. Em Salvador, os manifestantes se concentraram no Farol da Barra.
Instituto Lula
Com gritos de “não vai ter golpe”, na hora do almoço, petistas, lideranças sindicais e movimentos sociais concentraram-se em frente ao Instituto Lula, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. No ato, os participantes pediam respeito à democracia e protestavam contra o ataque sofrido pelo instituto durante a semana. Os manifestantes estavam acampados em frente ao instituto desde a segunda-feira passada (10). “O atentado ao instituto foi um atentado à democracia”, disse Adi dos Santos Lima, presidente da Central Única dos Trabalhadores no estado de São Paulo.
Participaram do ato representantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, da CUT, do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo, Sindicato dos Trabalhadores na Administração e Autarquias do Município de São Paulo, Sindicato dos Bancários, Sindicato dos Químicos e de movimentos sociais.
Paulo Victor Chagas – Repórter da Agência Brasil*
*Colaboraram Edwirges Nogueira, Flávia Villela, Vladimir Platonow, Elaine Patrícia Cruz, Camila Bohem, Paula Laboissière e Mariana Tokarnia