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Manchete nos Jornais para este Sábado 20 de Novembro de 2010

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Governo impõe aos fundos de pensão participação no trem-bala – Atitude de presidente do BC irrita eleita – Dilma tinha código de acesso a arsenal usado por guerrilha – Brasil se abstém em votação contra o Irã – Dilma diz que PT tem de ser maduro e ceder espaço – Ministra da Economia da França não crê em ‘guerra cambial’ – Otan aprova escudo antimísseis integrado – CVM investigou o PanAmericano em 2004 …

FOLHA DE S.PAULO

Dilma tinha código de acesso a arsenal usado por guerrilha
A presidente eleita, Dilma Rousseff, zelava, junto com outros dois militantes, pelo arsenal da VAR-Palmares, organização que combateu a ditadura militar (1964-1985). Entre os armamentos, havia 58 fuzis Mauser, 4 metralhadoras Ina, 2 revólveres, 3 carabinas, 3 latas de pólvora, 10 bombas de efeito moral, 100 gramas de clorofórmio, 1 rojão de fabricação caseira, 4 latas de “dinamite granulada” e 30 frascos com substâncias para “confecção de matérias explosivas”, como ácido nítrico. Além de caixas com centenas de munições.

A descrição consta do processo que a ditadura abriu contra Dilma e seus colegas nos anos 70. A Folha teve acesso a uma cópia do documento. Com tarja de “reservado”, até anteontem ele estava trancado nos cofres do Superior Tribunal Militar. Trata-se de depoimento dado em março de 1970 por João Batista de Sousa, militante do mesmo grupo de guerrilha do qual Dilma foi dirigente.

Sob tortura, ele revelou detalhes do arsenal reunido para combater a repressão e disse que Dilma tinha recebido a senha para acessá-lo. Quarenta anos depois, Sousa confirmou à Folha o que havia dito aos policiais -e deu mais detalhes. Dilma já havia admitido, em entrevista à Folha em fevereiro, que na juventude fez treinamento com armas de fogo. O documento do STM, porém, é a primeira peça que a vincula diretamente à ação armada durante a ditadura.

O armamento foi roubado do 10º Batalhão da Força Pública do Estado de São Paulo em São Caetano do Sul (SP), de acordo com o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social). A ação ocorreu em junho de 1969, mês em que as organizações VPR e Colina se fundiram na VAR-Palmares. Sousa disse que foi responsável por guardar o arsenal após a fusão. Com medo de ser preso, fez um “código” com o endereço do “aparelho” – como eram chamados os apartamentos onde militantes se escondiam. Procurada pela Folha, a presidente eleita não quis falar sobre o assunto.

Ficha política é lixo puro, afirma Dirceu
O ex-ministro José Dirceu classificou ontem como “lixo puro” o conteúdo do processo com acusações contra a presidente eleita Dilma Rousseff. “Ficha de órgão político é lixo puro”, disse Dirceu. “Se você acreditar [nas acusações], precisa acreditar também que o [jornalista] Wladimir Herzog se matou”, disse.

Atitude de presidente do BC irrita eleita
A presidente eleita, Dilma Rousseff, se irritou com Henrique Meirelles por ele ter divulgado que impõe condições para ficar no Banco Central, mas não descarta negociar sua permanência por um período tampão. De acordo com auxiliares de Dilma, Meirelles perdeu “muitos pontos” e deve “baixar o tom” para que os dois possam negociar sua posição no futuro governo. A presidente eleita disse a petistas que não convidou Meirelles a ficar, mas autorizou uma sondagem. A conversa definitiva deverá acontecer na próxima semana. Segundo a Folha apurou, a intenção de Dilma era negociar com Meirelles sua permanência por um período de “três, seis ou oito meses”, até que ela reorganize sua equipe econômica.

Ontem Dilma ficou contrariada ao ser informada de que Meirelles teria dito à imprensa que fora convidado por ela para ficar no BC, mas condicionou isso à manutenção da autonomia que desfrutou na gestão Lula. A futura presidente, segundo assessores, disse que desde sua eleição não havia conversado nem pessoalmente nem por telefone com Meirelles. Logo, afirmou, não foi feito convite.

A avaliação da equipe de Dilma é que Meirelles teria criado uma situação incômoda para ela ao dizer que só ficaria com autonomia. Ou seja, não ficando, ele é quem teria decidido sair por não receber as garantias de liberdade de trabalho. Segundo um auxiliar, Meirelles “deu vários passos para trás” na definição do seu futuro dentro do governo Dilma. Além do BC, ele poderia ser aproveitado em outro ministério ou ser indicado para a embaixada brasileira em Washington.

Acionado por Dilma, o coordenador da transição, Antonio Palocci, entrou em contato com Meirelles, que estava em Frankfurt, para pedir esclarecimentos sobre as informações na imprensa. O presidente do BC disse que não havia dado nenhuma entrevista com aquele conteúdo e que falaria com jornalistas sobre o assunto.

PT critica tom “conservador incrustado” em mídia
Em resolução aprovada ontem em reunião do Diretório Nacional, o PT voltou a criticar a mídia afirmando ser preciso debater o “conservadorismo que se incrustou em setores da sociedade e dos meios de comunicação”. No segundo turno das eleições, questões como a descriminalização do aborto e a união estável entre homossexuais deram um tom conservador ao debate entre os então candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB).

O documento aprovado ontem aponta que é urgente a necessidade de uma reforma política e a democratização da comunicação no país. Parte do texto ameniza os ataques ao estabelecer que as discussões precisam ser realizadas em um ambiente que respeite a liberdade de imprensa e de expressão. “No plano interno, está colocada a urgência da reforma político-institucional e da democratização da comunicação”, afirma a resolução.

Na avaliação do partido, as duas medidas “são importantes para superar o descrédito de amplos setores de nossa sociedade para com partidos e instituições”. A proposta do PT reforça o conteúdo de um projeto defendido pelo ministro Franklin Martins que estabeleceria novas regras para o setor de mídia digital no país.

Brasil se abstém em votação contra o Irã
O Brasil se absteve anteontem na votação por um comitê da ONU de uma resolução expressando “preocupação profunda com as recorrentes violações dos direitos humanos” no Irã. A resolução, aprovada no comitê de direitos humanos da Assembleia Geral, foi patrocinada por 42 países liderados pelo Canadá.

O texto condena, “entre outros [casos], a tortura, a alta incidência de aplicação de pena de morte, inclusive contra pessoas menores de 18 anos, a violência contra a mulher e a perseguição contra minorias étnicas”. Ao defender a proposta, o canadense John McNee afirmou que “apedrejamentos, chibatadas, amputações, execuções de adolescentes, execuções por estrangulamento e discriminação contra mulheres e minorias não podem ser ignorados”.

Neste ano, o caso da iraniana Sakineh Ashtiani, acusada de adultério e de coautoria no assassinato de seu marido, ganhou repercussão mundial. Ela foi condenada em 2006 à morte por apedrejamento e aguarda decisão presa. Não se sabe se o julgamento da iraniana está concluído nem quando a pena imposta a ela pode ser implementada pelas autoridades. A resolução foi aprovada por 80 votos a 44, com 57 abstenções, e será adotada pela Assembleia Geral.

Dilma diz que PT tem de ser maduro e ceder espaço
A presidente eleita, Dilma Rousseff, aproveitou sua participação na reunião do Diretório Nacional do PT, em Brasília, para dar o recado de que o partido tem de ter “maturidade” para ceder espaço na composição de governo. A disputa por espaços colocou em lados opostos, nesta semana, PT e PMDB, os dois principais partidos de sustentação de Dilma. Em uma demonstração de força, o PMDB, que tem o vice Michel Temer, chegou a formar um blocão na Câmara com mais quatro partidos para pressionar Dilma. Nos últimos dias, líderes do PT também se mostraram preocupados com o espaço que o partido terá na Esplanada a partir de janeiro.

Chegaram a falar em “direito adquirido” sobre as pastas que comandam.
Em um discurso de 18 minutos, em que deixou de lado o texto escrito e falou de improviso, Dilma reconheceu que depende do PT para “bem governar”, mas ressaltou a necessidade de se ter “maturidade política para compreender os complexos desafios de um governo”. Disse ainda esperar que suas escolhas sejam respeitadas.

Dilma lembrou que o PT se repaginou ao longo do governo Lula e entendeu que é preciso buscar alianças. “Esse partido que teve maturidade para perceber que o Brasil era complexo o suficiente, e que tinha que construir uma aliança para governar, tinha que se coligar e tinha que estabelecer regras de convivência política, de multiplicidade e diversidade”, disse. Hoje, o PT controla 17 dos 37 ministérios.

A petista chorou ao relembrar as dificuldades de sua estreia em uma disputa eleitoral. Ela contou que sempre se emocionou ao desembarcar nos aeroportos na campanha e ver ali os militantes. “Há um fato que quando a gente é candidato e está sob pressão que é um verdadeiro abraço de mãe: é quando você desce no aeroporto e vê primeiro a bandeira, a camiseta e depois, até me comove, uma imensa solidariedade.” Ao chorar, foi aplaudida de pé, no único momento de empolgação da plateia.

PMDB diz que blocão foi criado para frear o PT
Mentor de acordo entre partidos da base aliada, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), confirmou que o blocão foi criado contra o avanço do PT na montagem do governo Dilma. Questionado sobre a atuação do PT na transição, Alves respondeu que “eles estão avançando muito pelos jornais”. “Uma hora é fulano na Saúde, fulano nas Comunicações. Precisamos todos parar com isso.” O bloco conta com deputados de PR, PP, PTB e PSC, além do PMDB. O objetivo do grupo, que pode contar com 202 deputados na próxima legislatura, é angariar forças na montagem do governo e na disputa por cargos de comando do Congresso.

Segundo Alves, o PT não foi chamado de início para participar do bloco por ser um partido “mais complexo, com vários segmentos”. “Você não conversa com uma liderança que fale pelo PT unicamente”, afirmou. Apesar das críticas ao PT, Alves nega que o bloco tenha sido anunciado em tom de ameaça. “Seria infantilidade. A ideia é fazer um pacto entre nós.”

Presidente eleita adota o apelido de “três porquinhos” para seus assessores
A presidente eleita, Dilma Rousseff, arrancou risadas da plateia petista ontem ao carimbar oficialmente o apelido -que já era voz corrente- de “três porquinhos” a seus principais assessores políticos, Antonio Palocci, José Eduardo Dutra e José Eduardo Cardozo. Apesar de ressaltar que não havia sido ela quem tinha inventado a denominação, Dilma disse que a adorou porque “era simples”.

Palocci, Cardozo e Dutra receberam o apelido ainda durante a campanha porque, como os personagens da fábula infantil, estavam sempre juntos. A referência de Dilma ontem foi feita em meio a um elogio à atuação dos três petistas na sua campanha. “Os três porquinhos foram muito bem-sucedidos na coordenação da minha campanha. Eu encontrei neles companheiros de todas as horas”, disse.

Lula se despede de “peãozada”
Em tom de despedida, o presidente Lula discursou ontem para trabalhadores da indústria naval e disse que o Brasil vai gerar mais empregos formais neste ano do que os EUA. “Muito obrigado porque eu sei que, nos momentos mais difíceis que passei, foi a peãozada deste país que teve a coragem de gritar: se mexer com o Lula, mexeu comigo.” O presidente ressaltou que o Brasil, no acumulado do ano (2,4 milhões de postos de trabalho), abriu cerca de 60 mil vagas formais a mais do que os EUA -país que possui força de trabalho maior.

Governo impõe aos fundos de pensão participação no trem-bala
Por determinação do Planalto, a estratégia de participação dos fundos de pensão de estatais no projeto do trem-bala mudou. A ordem é que Previ (BB), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa) negociem parceria nos consórcios separadamente para o leilão. Até a semana passada os fundos só entrariam no projeto após a escolha do vencedor. Essa participação, de cerca de 20% do capital da nova empresa, seria por meio da Invepar (associação entre Petros, Previ e Funcef mais a construtora OAS) e o aporte seria de R$ 1,5 bilhão.

O presidente da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Bernardo Figueiredo, anunciou o plano em setembro para evitar desequilíbrio de forças entre as tecnologias estrangeiras que disputam o projeto. Mas os planos mudaram devido à dificuldade de formar outros consórcios que garantam a disputa na licitação. Até ontem só um grupo, o liderado por empresas da Coreia do Sul, havia sido formado e diz que apresentar proposta no leilão do dia 29.

Ao menos 15 empresas já procuraram escritórios de advocacia e consultorias demonstrando interesse no leilão. Mas, a menos de uma semana do prazo para a entrega das propostas, não foram fechadas novas parcerias.

Kassab articula terceira via política em SP
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), articula a formação de uma terceira via na Câmara de Vereadores para o ano que vem. A ideia é que o novo bloco político consiga aglutinar partidos que se opuseram ao PSDB nas últimas eleições e os que hoje fazem parte do chamado “centrão” na Casa. Inicialmente, a intenção é viabilizar a eleição de José Police Neto (PSDB) à Presidência da Câmara. Ligado a Kassab e ao ex-governador José Serra (PSDB), Police disputa a chefia da Casa contra o vereador Milton Leite, do DEM, partido do prefeito paulistano.

Se a articulação pelo novo bloco funcionar, aliados afirmam que Kassab tentará replicar a estratégia na Assembleia Legislativa. O intuito seria reorganizar as forças políticas do Estado em um novo bloco, atraindo grupos que hoje gravitam em torno do PT e do PSDB. Na mira dele estariam PP, PR, PC do B, PSB, PV e PSC. A movimentação de Kassab reforça a tese de que ele deixará seu partido em direção ao PMDB, na tentativa de fazer um sucessor para 2012 e viabilizar candidatura sua ao governo em 2014.

Oposição em Minas será ainda menor no governo Anastasia
A oposição ao governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), será ainda mais minguada na próxima legislatura, caindo de 19 para 13 deputados, de um total de 77. O governador reeleito deve ter base de apoio até mais tranquila do que seu antecessor Aécio Neves – que renunciou em março e se elegeu senador. A bancada do PMDB – sigla que, juntamente com o PT, foi adversária do tucano na eleição – agora se aproxima do governo. Passada a eleição, a oposição ficará restrita aos 11 deputados do PT e aos dois do PC do B. Sete dos oito deputados eleitos do PMDB se reuniram ontem com Anastasia.

Yeda Crusius volta a ser ré em processo civil por desvio
O Superior Tribunal de Justiça decidiu que a governadora do RS, Yeda Crusius (PSDB), voltará a ser ré no processo civil sobre o desvio de R$ 44 milhões do Detran. A decisão é do ministro do STJ Humberto Martins. O advogado Fábio Osório, que defende Yeda, disse que apresentará recurso ao STJ e ao STF para questionar a constitucionalidade da decisão.

Assim como juízes, procuradores fazem encontro em resort de luxo
Desde quinta-feira, cerca de 220 procuradores da fazenda participam do 10º encontro da categoria, em um resort em Búzios (RJ). O evento é patrocinado por três instituições: Etco (Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial), Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes) e Brasilprev. O custo da hospedagem no resort, de 18 a 21, é de R$ 1.122, mas os procuradores desembolsam só R$ 622. Para organizadores e patrocinadores, não há problema na parceria.

Olhos abertos (coluna Painel)
Na reunião da CCJ da Câmara, terça-feira, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) pediu a palavra para discutir um projeto de interesse de arquitetos e urbanistas. O presidente, Eliseu Padilha (PMDB-RS), o atendeu de pronto, mas confundiu o seu nome com o de um petista do Distrito Federal: – Com a palavra o nobre deputado Chico Vigilante! Alencar reagiu: – Obrigado, mas o Vigilante é outro Chico. Eu sou o Chico Alencar, nem sempre muito vigilante…

O GLOBO

Em documento, Dilma relata 22 dias de tortura
Um processo arquivado no Superior Tribunal Militar (STM) revela que a ex-militante da VAR-Palmares Dilma Rousseff denunciou pela primeira vez ter sido vítima de tortura em maio de 1970, cinco meses depois de ser presa no Dops (Departamento de Ordem Política e Social) de São Paulo. No processo, mantido em sigilo até quinta-feira passada, Dilma conta ter sido torturada por 22 dias consecutivos, entre janeiro e fevereiro de 1970, no auge da repressão militar.

Em depoimento prestado na sede do Dops, depois das torturas, Dilma, segundo o Dops, citou nomes de colegas, pontos de encontros e aparelhos (casas) de colegas de luta armada. Meses depois, na Justiça, ela desmentiu o depoimento obtido sob tortura. Em 1970, aos 22 anos de idade, a presidente eleita era uma das líderes da VAR-Palmares, organização da luta armada contra a ditadura.

Dilma foi presa em 16 de janeiro de 1970 por subversão. Foi brutalmente torturada e seviciada, submetida a choques e pau-de-arara. Acabou condenada a quatro anos de prisão. No depoimento à Justiça Militar, em Juiz de Fora, em 18 de maio, cinco meses depois de ser presa, Dilma deu detalhes da tortura no Dops. “Repete-se que foi torturada física, psíquica e moralmente; que isso de seu durante 22 dias após o dia 16 de janeiro (dia em que foi presa)”, diz trecho do depoimento.

No interrogatório, Dilma reconheceu sua participação na VAR-Palmares, mas negou ser terrorista. Desmentiu o conteúdo do depoimento no Dops, em 26 de fevereiro, depois de torturada. Aos policiais, Dilma teria mencionado, segundo o Dops, nomes de colegas de organização clandestina. Entre eles: Carlos Alberto Soares Freitas, Helvecio Raton, Claudio Galeno, Erwin Resende Duarte, Reinaldo José de Melo, Angelo Pesuti, Murilo Pesuti, José Raimundo Nahas e Maria José Nahas.

Ex-ministro Antonio Palocci cotado para articulação
A articulação política do governo Dilma Rousseff e a relação com o Congresso e os partidos devem ser comandadas, do Palácio do Planalto, pelo deputado Antonio Palocci (PT-SP). Segundo interlocutores da equipe de transição, Dilma deverá escalar ainda o ex-prefeito Fernando Pimentel e Alexandre Padilha, ministro de Relações Institucionais, em pastas ligadas à articulação política. Assim, Dilma ficaria longe do varejo com os aliados.

Mantega no governo não elimina dúvidas do mercado
Nem mesmo a informação de que Guido Mantega poderá ser mantido no Ministério da Fazenda, como vem antecipando a cúpula petista, tem sido capaz de reduzir as dúvidas do mercado sobre o futuro da política econômica. A avaliação é que a presidente eleita Dilma Rousseff e sua equipe ainda emitem sinais trocados sobre seus planos. Como exemplo, citam o fato de Dilma já ter sinalizado que comandará a política monetária mais de perto, com o objetivo de estimular uma redução dos juros no ano que vem – o que representaria uma linha mais desenvolvimentista.

Neste caso, poderia haver perda de autonomia na ação do Banco Central, uma das marcas do governo Lula, levando muitos analistas a esperar um período de inflação maior no país. Ao mesmo tempo, a equipe de transição também fala em um esforço para reduzir a dívida líquida de 41% do PIB para o patamar de 30% até 2014, o que vai de encontro à corrente desenvolvimentista.

José Dirceu e Lula: amizade inquebrantável
Sentindo-se em dívida com o companheiro que teve que afastar do governo por causa do escândalo do mensalão, em 2005, o presidente Lula, que pretende se despedir do Palácio da Alvorada no dia 24, não quis deixar Brasília antes de fazer um afago ao deputado cassado José Dirceu. Reabilitado entre os companheiros e com função de direção no PT, faltava a Dirceu a volta ao palco do poder, sem ter que ser às escondidas. Na quinta-feira, Dirceu foi para o Alvorada tomar café da manhã com Lula, quando conversaram sobre o futuro dos dois. O próprio ex-ministro relatou sobre o que falaram:

– Foi uma coisa pessoal. O Lula estava preocupado comigo, como vou ficar. E prometeu que quando sair do governo, além da reforma política, da criação do instituto voltado para África e da articulação de partidos de esquerda, vai desmontar essa farsa que é o mensalão. Ele quer me ajudar – contou Dirceu, que participou ontem da reunião do Diretório Nacional do PT, onde é um dos 81 integrantes.

Brasil gera 204 mil empregos formais em outubro
O mercado formal de trabalho brasileiro gerou em outubro 204.804 mil empregos com carteira assinada. Foi o segundo melhor resultado da série histórica para o mês. As informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foram divulgadas nesta sexta-feira pelo Ministério do Trabalho. No mês de setembro foram abertos 246.875 mil postos de trabalho. No acumulado do ano, o saldo (diferença entre contratações e demissões) atingiu 2,4 milhões de empregos formais.

Essa marca de 2,4 milhões de empregos com carteira assinada nunca foi atingida antes na história, nem mesmo para anos fechados. Em todo ano de 2007, que ainda é recorde para anos completos, foram abertos 1,61 milhão de postos formais de empregos. Vale lembrar que o número do acumulado deste ano ainda sofrerá alterações em novembro e dezembro. E que o último mês de cada ano é geralmente marcado por demissões, segundo informações do portal G1.

CVM investigou o PanAmericano em 2004
O ex-diretor financeiro do PanAmericano Wilson de Aro e o próprio banco foram indiciados em processo administrativo pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 2004. No processo, a instituição e seu executivo foram investigados por envolvimento em operações suspeitas de venda de fundos de investimentos em direitos creditórios a investidores não qualificados.

A operação envolveu o Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes), que na época subscreveu quotas de dois fundos administrados pelo banco do grupo de Silvio Santos. O inquérito só foi arquivado depois de duas tentativas de De Aro de fazer um termo de ajustamento com o órgão regulador do mercado brasileiro.

Justiça de SP proíbe livro de contos
Depois de o Conselho Nacional de Educação (CNE) recomendar que o livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, não seja distribuído às escolas públicas por ser considerado racista, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) proibiu que a obra Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século continue sendo entregue a alunos da rede estadual paulista. De acordo com a decisão, em caráter liminar, a obra contém “elevado conteúdo sexual, com descrições de atos obscenos, erotismo e referência a incesto”.

A obra faz parte de um programa da Secretaria de Educação de São Paulo que distribui livros para alunos da rede. O projeto destina-se a estudantes dos últimos anos do ensino Fundamental e Médio. O órgão não confirmou quantos exemplares foram distribuídos, nem a faixa etária dos alunos que os receberam. Também não informou se irá recorrer da decisão.

O livro reúne contos de autores brasileiros publicados a partir de 1900, entre eles Machado de Assis, João do Rio, Lima Barreto, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector. A principal motivação para o tribunal vetar a obra seria o texto Obscenidades para uma Dona de Casa, de Ignácio Loyola Brandão, que conta a história de uma mulher casada que recebe cartas anônimas de um homem.

Lula volta a criticar EUA por guerra cambial
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, atribuiu [ontem] aos Estados Unidos a guerra cambial que tem prejudicado as economias mundiais. Ele afirmou que não concorda com a posição norte-americana de injetar 600 bilhões de dólares no sistema financeiro para tentar resolver problemas internos. “Não podemos concordar com a guerra cambial que os Estados Unidos estão fazendo para resolver seu problema de déficit fiscal sem se importar com o que está acontecendo com outros países do mundo que dependem da economia e do dólar”, disse Lula após receber o prêmio Personalidade do Ano conferido pela Câmara de Comércio França-Brasil.

“Tem país no mundo que não estava habituado a ser contestado, que achava que o Brasil deveria só dizer amém. Não queremos só dizer amém, queremos participar de reuniões para dizer como é que nós compreendemos as coisas”, acrescentou Lula em discurso.

Ministério da Defesa reafirma: Lula decide sobre caças
Na reta final para que o governo anuncie o vencedor da licitação para compra de novos caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), a empresa americana Boeing, que ofereceu o F18 Super Hornet, pela primeira vez faz críticas abertas ao governo brasileiro. Os americanos não estão nada satisfeitos com as notícias de que o Ministério da Defesa só teria tratado do assunto com a Dassault, empresa francesa que quer vender para o Brasil o caça Rafale . E querem que eles também tenham a oportunidade de apresentar uma nova proposta.

– Se estão negociando com outros competidores, não acho que isso é certo – disse Mike Coggins, gerente-sênior de Desenvolvimento de Negócios da Boeing Defesa. (…) O Ministério da Defesa informou nesta sexta-feira que não iria se manifestar sobre as críticas da Boeing. Segundo o ministério, a decisão agora será tomada pelo presidente da República.

Otan aprova escudo antimísseis integrado
Os líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) concordaram em desenvolver um escudo de defesa antimísseis capaz de proteger os Estados Unidos e todos os países da aliança na Europa, disse o presidente americano, Barack Obama, na sexta-feira. A Rússia será convidada a aderir ao sistema no sábado, quando o presidente Dmitri Medvedev encontrá os líderes da Otan em Lisboa, que recebe a reunião da aliança. – Estamos ansiosos para discutir amanhã com a Rússia a construção de nossa cooperação com eles nesta área, assim como reconhecer que compartilhamos muitas das mesmas ameaças – afirmou Obama.

Como parte do sistema, os EUA devem estacionar mísseis interceptores e radares na Europa. As autoridades disseram que os 28 países integrantes da Otan investirão 200 milhões de euros para interligar os sistemas existentes com os dos americanos. – (A decisão) oferece um papel para todos os nossos aliados. Responde às ameaças de nossos tempos – afirmou Obama.

Ministra da Economia da França não crê em ‘guerra cambial’
Em sua primeira viagem ao Brasil após o encontro do G-20 e da eleição de Dilma Rousseff, a ministra da Economia francesa, Christine Lagarde, reuniu-se ontem com o presidente Lula e com representantes de 34 grandes empresas francesas no país. Em entrevista ao GLOBO, fez elogios ao governo brasileiro, mas disse não concordar com o termo “guerra cambial”, que ganhou o mundo. “Prefiro a via do equilíbrio e da paz”.

Ela admite que 2011, de eleições presidenciais na França, exigirá “esforços suplementares”, sobretudo pelo fato de a França assumir o comando do G-20 e do G-8. Lagarde evitou falar da venda dos aviões Rafale ao Brasil, mas, perguntada sobre o interesse pelo trem-bala, disse que os franceses vêm estreitando relações com o país. “A França sabe fazer avião, trem, navio e carro, e acaba de receber título pela gastronomia. Nós podemos fazer tudo”.

Congresso em Foco

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