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Economistas, advogados, médicos, dentistas, jornalistas, comerciantes, professores, funcionários públicos, bancários, aposentados.
Os mais de 22 mil candidatos aos cargos em disputa nestas eleições declararam ao Tribunal Superior Eleitoral as mais diversas ocupações. Só os candidatos à presidência da República, por exemplo, registraram ocupações como economista, advogado, jornalista, empresário, senador e técnico em mecânica.
Apesar de não ser privilégio do Brasil, a candidatura de quem nunca teve vínculo com a política, mas, por algum motivo, ganhou fama ou notoriedade chama a atenção.
A quantidade de celebridades nas eleições de 2010 preocupa especialistas. Professor de Ciência Política da USP, Humberto Dantas lembra que, antes de tudo, essas pessoas são brasileiros, são cidadãos comuns e têm todo direito a se candidatar.
“Mas a grande questão é: o que esses indivíduos estão nos oferecendo em termos de propostas de projeto. Em São Paulo, por exemplo, tem um dizendo que pior do que está não fica. E tem eleitor dando risada, achando engraçado votar nesse sujeito. Então, você tem um problema de discurso, você tem um problema de partido que está permitindo que este tipo de discurso seja levado adiante. Mas, na minha opinião, o maior de todos os problemas é: existe um eleitor disposto a levar isso adiante. O eleitor precisa pensar o que ele pretende para o País dele.”
Para Dantas, os partidos políticos estão preocupados com uma soma significativa de votos, para aumentar os seus respecitvos coeficientes partidários, que define o número de vagas que a legenda ocupará. Ou seja, quanto mais votos o partido receber, maior o coeficiente e mais vagas o partido pode ocupar.
David Fleischer, professor de Ciência Política da Unb, destacou que votar em celebridades pode ser uma forma de o eleitor demonstrar sua insatisfação.
“O povo não sabe escolher direito ou bem. O eleitor fica alienado, não consegue escolher nenhum candidato. Então, diz, vou votar naquele. É um protesto.”
O professor Geraldo Tadeu Monteiro, presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social, diz que o chamado “voto protesto” mudou depois da adoção da urna eletrônica.
“É a ideia de se eleger uma pessoa que não tem perfil político tradicional, uma pessoa que vai, durante os quatro anos da legislatura, atuar como uma espécie de chacota permanente do meio político. É aquela pessoa que, durante durante anos, pela sua autenticidade, pela sua sinceridade e até por não ser do meio político vai se constituir numa espécie de denúncia permanente das mazelas desse meio político.”
Geraldo Monteiro observou que na época da cédula de papel, o “voto protesto” era diferente porque as pessoas podiam escrever o que bem entendessem. Foi o que aconteceu em São Paulo na década de 50, com votos para o rinoceronte Cacareco e, anos mais tarde, no Rio de Janeiro, para o macaco Tião. Nesses casos, o protesto se esgotava na hora da votação. Agora, a eleição de um candidato de fora do meio político dura os quatro anos da legislatura.
De Brasília, Idhelene Macedo.
Rádio Câmara