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O ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, homologou a delação premiada de Eduardo Lopes de Souza, dono da Construtora Valor, investigada na Operação Quadro Negro. A homologação ocorreu na sexta-feira (8) e foi confirmada nesta quarta-feira (13).
Na delação, o empresário citou os nomes do governador Beto Richa, do PSDB, e outros políticos do estado, em um esquema que, de acordo com o delator, desviava dinheiro de obras em escolas públicas. De acordo com ele, políticos e outros agentes públicos eram beneficiados com propina de contratos irregulares.
Todos os citados negam as acusações.
Com a homologação, a Procuradoria Geral da República passa a realizar uma investigação, a partir dos fatos relatados pelo empresário. Segundo o Ministério Público, a empresa de Eduardo Lopes de Souza recebeu dinheiro para construir e reformar sete escolas, mas as obras mal saíram do papel.
Segundo os promotores, o esquema desviou pelo menos R$ 20 milhões dos cofres públicos. Na delação premiada, o empresário afirmou que, do total de dinheiro desviado, pelo menos R$ 12 milhões foram usados para abastecer a campanha de Beto Richa, em 2014.
O delator afirmou ainda que pagou propina ao secretário-chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, ao presidente da Assembléia Legislativa do Paraná (Alep), Ademar Traiano, ambos do PSDB, e ao primeiro-secretário da Alep, o deputado Plauto Miró, do Democratas.
Ainda de acordo com Eduardo Lopes de Souza, a empresa deu dinheiro para caixa dois na campanha do deputado estadual Tiago Amaral, do PSB, e que o pai do deputado, o conselheiro Durval Amaral, Presidente do tribunal de Contas do estado agradeceu pela colaboração financeira.
No acordo de delação premiada, o empresário se comprometeu a apresentar provas de tudo o que disse e abrir mão de bens. Em troca, ele ganhou o benefício de não ser preso e de usar tornozeleira eletrônica por dois anos.
Veja o que dizem os citados
O governador Beto Richa afirmou que defende o aprofundamento da investigação iniciada pelo governo do estado para que todos os fatos sejam esclarecidos, os culpados paguem por seus crimes e os prejuízos sejam ressarcidos.
O PSDB declarou que não recebeu qualquer doação de Eduardo Lopes de Souza ou da construtora Valor, e que não autorizou nenhuma pessoa, além dos membros do comitê financeiro, a captar recursos para campanhas eleitorais. O partido afirmou ainda que todas as contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.
O deputado Ademar Traiano disse que não foi notificado neste processo, mas está à disposição da justiça para prestar os esclarecimentos que forem necessários.
O deputado Plauto Miró negou envolvimento com os fatos objetos da delação e disse que aguarda com serenidade a apuração.
O deputado Tiago Amaral disse que a homologação é uma notícia positiva e que, quanto mais rápido avançarem os procedimentos, antes será esclarecido que ele nada tem a ver com o que está sendo investigado
O presidente do Tribunal de Contas, Durval Amaral, disse que não conhece o delator e que a citação do nome dele pode ter sido uma represália, por ter determinado a suspensão de pagamentos e contratos da construtora Valor, bem como ter encaminhado o caso às autoridades. Durval Amaral afirmou ainda que no Tribunal de Contas estão sete processos contra a empresa.
O secretário-chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, informou que as obras em Bituruna, citadas na delação, ocorreram na mais absoluta regularidade e o resultado foi a conclusão dentro do cronograma. Rossoni disse ainda que não pode prevalecer a palavra de um bandido e que renuncia ao cargo público, se tiver alguma prova.
Fonte: G1/Paraná