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O policial aposentado da Polícia Federal (PF), Onézimo Souza, insinuou hoje (17) que gravou a conversa com o jornalista Luiz Lanzetta, que era prestador de serviço para o comitê de campanha da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff. Segundo o delegado, no encontro, Lanzetta propôs uma investigação sobre o vazamento de informações do comitê de Dilma e que fosse feito um dossiê sobre o candidato do PSDB à Presidência, José Serra.
Onézimo Souza fez as afirmações no Senado, onde participou de uma audiência pública na Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência do Congresso para esclarecer as denúncias veiculadas pela imprensa.
O encontro, segundo o policial, ocorreu no fim de maio, em um restaurante de Brasília. Também participaram o jornalista Amauri Ribeiro Junior e uma terceira pessoa apresentada como Bené, que, depois, foi identificada como o empresário Benedito de Oliveira, da empresa Dialog, que ficaria responsável pelos pagamentos.
Perguntado pelo vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), se teria gravado a conversa, Onézimo Souza esquivou-se. Diante da insistência do parlamentar, ele retrucou: “Como profissional cuidadoso o senhor faria [a gravação]?”. Num segundo momento, perguntado novamente sobre o assunto pelo deputado tucano Marcelo Itagiba (RJ), Onézimo disse que essa informação é “uma matéria de defesa” – já que responde a dois processos – que seria confirmada em juízo.
O policial aposentado disse que Lanzetta deixou claro, no início da conversa, que falava em nome do coordenador nacional da campanha petista, Fernando Pimentel. De acordo com ele, o diálogo se deu em dois momentos. De início, girou em torno de um contrato de dez meses para a elaboração de um projeto de segurança e o controle de fluxo de documentos e pessoas no comitê de Dilma Rousseff.
O policial disse que receberia pelo serviço R$ 160 mil mensais, durante dez meses, que seriam pagos em dinheiro por Benedito de Oliveira. Ele acrescentou que, quando recebeu o pedido de investigar José Serra e outras pessoas, considerou a proposta “indecente”, e se recusou a continuar com a conversa.
Ele afirmou que as pessoas presentes teriam pedido para que investigasse, além de Serra, o deputado Rui Falcão, integrante do comando da campanha do PT, “o pessoal do Itagiba [deputado Marcelo Itagiba]” e o petista Valdemir Garreta. O policial aposentado relatou que as pessoas presentes na reunião desconfiavam de que o comitê de Dilma estivesse sendo vítima de “fogo amigo” e, por isso, seria necessário “colocar ordem na casa”.
À Agência Brasil, o jornalista Luiz Lanzetta não comentou o teor das declarações feitas pelo ex-delegado. Segundo o jornalista, o assunto será analisado pela Justiça. O advogado dele, Antônio Santos, acompanhou todo depoimento no Senado.
No dia 8 deste mês, Lanzetta disse à Agência Brasil que, no encontro, apenas ouviu uma proposta do delegado sobre espionagem, levantou-se e foi embora. “Não sei como pode. Eu ouvi a proposta e depois levantei e fui embora. Não entendo como, a partir daí, isso virou um caos na minha vida. Virei alvo de investigação de uma revista e de um jornal [O Estado de S. Paulo]. Eu não fiz nada”, afirmou o jornalista, cuja empresa de prestação de serviços, a Lanza Comunicação, rompeu o contrato com a campanha petista no início do mês.
Edição: Juliana Andrade