As tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros a partir de 1º de agosto de 2025, por iniciativa do presidente Donald Trump, reacenderam debates sobre a relação bilateral entre os países. A medida foi justificada por Trump como uma resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que o norte-americano chamou de “herói injustiçado”.
A medida, amplamente interpretada como uma retaliação política disfarçada de ação comercial, vem sendo duramente criticada por economistas, juristas e representantes do setor produtivo. Setores como o agro, o têxtil e o de aeronaves — especialmente a Embraer — já manifestaram preocupação com os impactos negativos. O CEO da Embraer chegou a comparar os danos potenciais às tarifas com os sofridos durante a pandemia da COVID-19.
Apesar da gravidade econômica e diplomática da decisão, especialistas consultados descartam qualquer possibilidade de escalada militar ou ameaça de guerra entre os dois países. De acordo com analistas, mesmo que Trump retorne ao cargo, o sistema político norte-americano impõe limites claros ao poder presidencial, especialmente em ações bélicas. Qualquer declaração de guerra requer aprovação do Congresso dos Estados Unidos e deve atender a critérios objetivos de ameaça à segurança nacional, o que não se aplica ao caso brasileiro.
Além disso, o Brasil é historicamente um país pacífico e não representa risco estratégico ou militar para os EUA. O conflito armado não teria respaldo da comunidade internacional e prejudicaria fortemente os interesses comerciais dos próprios americanos.
Analistas destacam ainda que Trump tem histórico de usar linguagem agressiva e medidas econômicas como ferramenta de pressão política, especialmente durante períodos eleitorais. “Ele prefere travar guerras comerciais do que guerras reais”, afirma um especialista em relações internacionais ouvido pelo Portal Cambé.
O governo brasileiro, por sua vez, anunciou que poderá aplicar medidas de reciprocidade, o que abre espaço para uma possível escalada comercial — mas dentro dos limites diplomáticos.
Conclusão
A taxação imposta por Donald Trump deve ser entendida como parte de uma estratégia eleitoral e geopolítica. Embora represente risco à economia brasileira, principalmente para exportadores, não há fundamentos nem viabilidade para qualquer tipo de confronto militar. A relação entre Brasil e EUA atravessa um momento de tensão, mas ainda dentro dos marcos do comércio internacional e da diplomacia tradicional.