A Prefeitura de Cambé lançou, na manhã deste sábado, a campanha “Não Dê Esmolas”, iniciativa voltada à conscientização da população sobre os impactos da doação direta de dinheiro a pessoas em situação de rua. O objetivo não é reprimir atos de caridade, mas orientar a comunidade a contribuir de forma mais eficaz com as ações sociais do município.
O evento contou com a presença da secretária de Assistência Social, Flávia Iwakura, e do prefeito Conrado Scheller, que apresentaram dados atualizados sobre a situação no município e explicaram os motivos que levaram à criação da campanha.
Ação educativa e panorama social
Durante o lançamento, a secretária Flávia Iwakura destacou que a ação visa mostrar à população o cenário atual das pessoas em situação de rua em Cambé. Segundo ela, o aumento desse público é uma realidade nacional, mas vem se intensificando no município nos últimos meses.
A secretária reforçou que a intenção não é desencorajar a caridade, mas orientar que a ajuda seja direcionada a canais adequados, como programas sociais, instituições religiosas e entidades assistenciais que atuam de forma organizada.
Flávia apresentou dados que mostram que 95% das pessoas abordadas em situação de rua em Cambé são usuárias de substâncias psicoativas. Segundo ela, a doação de dinheiro, muitas vezes feita com boa intenção, acaba sendo revertida para compra de drogas, o que prejudica o processo de superação da condição de vulnerabilidade.
Ela informou que, atualmente, o município registra 98 pessoas em situação de rua identificadas pela abordagem social, número que era de 54 no mês de junho. O crescimento, quase dobrado em cinco meses, preocupa a gestão municipal.
Prefeito destaca necessidade de ação conjunta
O prefeito Conrado Scheller também participou do lançamento e enfatizou que a campanha é resultado de estudo, planejamento e acompanhamento técnico. Ele explicou que há dois perfis principais no público em situação de rua: o tradicional, geralmente composto por pessoas mais velhas e usuários de álcool, e o perfil atual, composto majoritariamente por jovens usuários de drogas.
Scheller afirmou que o município oferece alimentação, acolhimento, banho, oportunidades de qualificação e inclusão no mercado de trabalho. Contudo, segundo ele, “quando há oferta de assistência e a pessoa não aceita, o poder público precisa agir com austeridade”.
Outro ponto levantado pelo prefeito foi a presença de pessoas vindas de outras cidades. Em abordagem recente realizada pela Rotam, entre dez pessoas em situação de rua, nove não eram de Cambé.
Ele reforçou que, embora a esmola seja dada com boa intenção, na prática, contribui para manter essas pessoas no vício e nas ruas. Por isso, a orientação é que quem deseja ajudar procure igrejas, entidades beneficentes e organizações sem fins lucrativos que realizam assistência social estruturada.
Reforço ao trabalho social do município
O lançamento da campanha também reforçou que Cambé mantém uma rede de apoio composta pela Secretaria de Assistência Social e diversas entidades parceiras, como igrejas católicas e evangélicas, Sociedade São Vicente de Paulo, Lions, Rotary e Maçonaria. Essas instituições realizam ações de acolhimento, alimentação e suporte à população vulnerável.
A proposta da campanha é sensibilizar a população para que a caridade seja direcionada a esses grupos, garantindo que o auxílio realmente chegue a quem necessita de forma eficaz e segura.
A campanha “Não Dê Esmolas” busca reduzir o impacto negativo da doação direta de dinheiro às pessoas em situação de rua e fortalecer o trabalho social desenvolvido no município. A Prefeitura de Cambé reforça que o sucesso das ações depende da colaboração da população para enfrentar o aumento desse público e oferecer alternativas reais de dignidade e reinserção social.






