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Presos da Unidade II da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL II) tomaram o local nesta terça-feira (6) durante o banho de sol. A rebelião começou por volta das 10h40, quando os detentos cercaram agentes penitenciários e dominaram uma das alas. Não há informação de agentes feridos.
Por volta das 18 horas, pelo menos 11 detentos eram mantidos reféns, segundo informações repassadas pelos próprios rebelados para a polícia.
O presídio está com mais de 1,2 mil presos em um espaço que comporta apenas 928. Há um ano, a Vara de Execuções Penais confirmou ao JL que a unidade já estava operando acima da capacidade – em setembro de 2014 eram 1.150 presos na PEL II.
Até o início da noite desta terça, não foi divulgada uma lista de reivindicações. No entanto, há informação é de que os detentos reclamam da administração da PEL2, da comida servida no local, da superlotação da unidade e de maus tratos.
A rebelião
A confusão começou no momento em que familiares dos presos se preparavam para a visita. Os detentos tomaram o presídio pela ala 21 e na sequência todos os outros espaços foram invadidos.
Do alto do telhado, alguns presos encapuzados e armados com facas fazem outros detentos reféns. Os homens foram agredidos. Presos rebelados usam celulares para se comunicar do telhado da penitenciária.
Segundo a Polícia Militar, dois detentos que estavam na ala conhecida como “seguro” – reservada para estupradores, assassinos e pedófilos – ficaram feridos ao saltarem de uma área, na tentativa de fugir dos outros presos. A dupla foi resgatada por uma equipe do Siate.
Facção criminosa
Detentos estenderam uma faixa sobre o telhado. No tecido, a inscrição de uma facção criminosa, o Primeiro Comando da Capital (PCC). Pedaços de ferro e madeira são utilizados para ameaçar os reféns e quebrar as telhas da PEL II.
Em um dos pontos da penitenciária, detentos em rebelião quebraram todos os vidros de uma das guaritas de vigilância. Em outro, uma grande quantidade de fumaça preta era vista saindo das janelas, o que indicava que colchões podem ter sido incendiados.
Choque e Graer
Por volta das 14h30, o Pelotão de Choque da PM, veículos e motos da Rone chegaram ao local. Um helicóptero do Graer também dava apoio à polícia por volta das 15h30. A Rodovia João Alves da Rocha Loures, onde fica a PEL II, está parcialmente bloqueada. Familiares e imprensa são mantidos a uma boa distância da penitenciária. Energia elétrica e água da PEL II foram cortados.
Negociação foi iniciada
O diretor geral do Departamento Penitenciário (Depen), Luiz Alberto Cartaxo Moura, chegou a Londrina na tarde desta terça-feira (6) para acompanhar a rebelião na PEL 2. Segundo a assessoria do Depen, a presença do chefe da divisão da Secretaria de Segurança Pública é praxe em rebeliões.
O órgão afirmou que uma negociação oficial com os detentos foi iniciada perto das 14 horas. O juiz da Vara de Execuções Penais (VEP), Katsujo Nakadomari, também foi chamado para acompanhar o diálogo com os criminosos rebelados, liderado por um grupo de negociadores da Polícia Militar.
Apesar de alguns presos exibirem coletes e uniformes usados por agentes do Depen, o órgão assegurou que não há funcionários da unidade entre os reféns. O estado de saúde deles é desconhecido. O Depen também não soube informar quem são e se, de fato, seriam presos que ficam no “seguro”.
Até agora, a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária, responsável pela PEL II, não sabe formalmente quais são as reivindicações dos grupos, nem quais áreas da unidade estão dominadas. Extraoficialmente, a informação é que as 30 alas da penitenciária estão dominadas pelos detentos.