Lula afirma que em breve não haverá problema entre EUA e Brasil após reunião com Trump
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (27 de outubro de 2025) que acredita em uma solução rápida para as questões comerciais entre Brasil e Estados Unidos. A declaração foi feita um dia após o encontro com o presidente norte-americano Donald Trump, ocorrido em Kuala Lumpur, na Malásia, durante a Cúpula da ASEAN.
Segundo Lula, os negociadores de ambos os países receberam a missão de construir, nos próximos dias, as bases de um acordo satisfatório para resolver o impasse sobre as tarifas impostas às exportações brasileiras. O presidente destacou que o foco é olhar para o futuro e buscar resultados concretos.
“Logo, logo não haverá problema entre Estados Unidos e Brasil. O que interessa numa mesa de negociação é o futuro, é o que você vai negociar para frente. A gente não quer confusão, a gente quer negociação. A gente não quer demora, quer resultado”, afirmou Lula.
Relação diplomática pautada pelo respeito
Durante a conversa com jornalistas, o presidente destacou que diferenças ideológicas não devem interferir nas relações diplomáticas entre os dois países.
“Fiz questão de dizer ao presidente Trump que o fato de termos posições ideológicas diferentes não impede que dois chefes de Estado tratem a relação com muito respeito”, afirmou.
Lula reforçou que respeita Trump como presidente eleito pelo voto democrático do povo norte-americano, e que a reciprocidade foi demonstrada pelo líder dos Estados Unidos.
Negociações em andamento
Na manhã desta segunda-feira, o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores), o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Rosa, e o embaixador Audo Faleiro se reuniram com representantes do comércio e do Tesouro dos Estados Unidos. O encontro deu continuidade às tratativas iniciadas entre os presidentes no domingo.
De acordo com Rosa, os dois países devem definir um cronograma de reuniões entre as equipes técnicas para buscar um acordo equilibrado que contemple os setores afetados pelas tarifas.
Balança comercial e temas de interesse
Lula apresentou a Trump um documento que aponta superávit dos Estados Unidos em sua balança comercial com o Brasil. Segundo o presidente, entre 2009 e 2024, os EUA registraram superávit de 410 bilhões de dólares, sendo 22 bilhões apenas em 2024.
O líder brasileiro afirmou ainda que não há restrições temáticas nas negociações.
“Se ele quiser discutir minerais críticos, terras raras, etanol ou açúcar, não tem problema. Eu sou uma metamorfose ambulante na mesa de negociação. Coloque o que quiser que eu estou disposto a discutir qualquer assunto”, disse Lula.
Pluralidade nas relações internacionais
Lula reiterou que o Brasil busca manter relações equilibradas com diversos países, fortalecendo o comércio exterior e o multilateralismo.
“Quero continuar tendo uma belíssima relação com a China, com os Estados Unidos e com a União Europeia. O nosso negócio é fazer negócio”, destacou o presidente.
O chefe do Executivo também mencionou avanços nas negociações do acordo entre a União Europeia e o Mercosul, além de tratativas com Indonésia, Malásia e ASEAN.
Expectativa de novo encontro
Lula afirmou que há possibilidade de um novo encontro entre ele e Trump nos próximos meses, seja em Washington ou no Brasil.
“Se depender dele e de mim, teremos um acordo. Estamos dispostos a fazer com que Brasil e Estados Unidos continuem com a relação que já cultivamos há 201 anos”, completou.
Durante o encontro, o presidente brasileiro também comentou sobre a Lei Magnitsky, utilizada pelos Estados Unidos para impor sanções a autoridades estrangeiras, classificando sua aplicação a ministros do Supremo Tribunal Federal como “injusta”.
Após a reunião, a Casa Branca publicou uma foto dos dois presidentes na rede X (antigo Twitter), destacando o bom relacionamento e o desejo de firmar acordos benéficos para ambos os países.






