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sexta-feira, dezembro 20, 2024

Interventora presta contas na Câmara e pede apoio de todos para ajudar na recuperação da Santa Casa

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Nos seus mais de 60 anos de história desde o lançamento da pedra fundamental sob a liderança do Padre Symphoriano Kopf, em 1957, a Santa Casa de Misericórdia de Cambé vive a sua crise mais grave. E não é apenas uma crise de ordem financeira – como muitos outros hospitais, principalmente os públicos e filantrópicos -, mas também de credibilidade. Desde outubro de 2012 a Justiça decretou intervenção na Santa Casa. Todo processo corre em segredo de justiça, mas sistematicamente o Vereador Carlos Alberto Abudi (Bérro) tem criticado os ex-gestores que levaram o hospital para o caos administrativo e financeiro, e tem cobrado também a prestação de contas e transparência dos atuais responsáveis pela gestão da Santa Casa.
E foi justamente para atender a um pedido do Vereador Bérro – com o apoio dos demais Vereadores – que a atual interventora, Tatiana Müller, que assumiu essa árdua missão no dia 5 de novembro do ano passado, participou ontem (segunda-feira) à noite da sessão ordinária da Câmara. De cara, Bérro quis saber de médicos que estariam usando o espaço do hospital para atendimento particular de pacientes, do falecimento de uma mulher cuja família aponta negligência, de detalhes sobre os plantões que são pagos com recursos do Município, e ele também questionou sobre o desfecho da ação criminal na qual estão envolvidos os ex-diretores da Santa Casa.
Advogada com especialização em Direito Criminal e Licitação Pública, a interventora fez questão de esclarecer que está à frente desse processo há pouco mais de 3 meses, mas informou que a Santa Casa realiza uma média/mês de 1.800 consultas, de 120 a 150 cirurgias e 400 internações. Tatiana esclareceu que, desde que assumiu, ficou estipulado que os médicos que usam o espaço do hospital para realização de consultas devem pagar um percentual, esses pacientes não podem realizar exames pelo SUS e os referidos médicos são prestadores de serviços, e não contratados.
Denúncia deve ser formal
Em caso de suspeita de negligência, o primeiro passo é fazer uma denúncia formal na Ouvidoria para que o caso seja encaminhado para o Conselho de Ética, e posteriormente para o CRM – Conselho Regional de Medicina. Ela deixou claro que, sem denuncia formal não se pode adotar nenhuma medida legal. Sobre os recursos públicos repassados, ela esclareceu que bimestralmente é feita prestação de contas que passa pela Auditoria Municipal. Em seguida, ela explicou que foi feita uma mudança na regra corrigindo possíveis distorções nos plantões dos médicos.
Respondendo ao Vereador Dalto, Tatiana esclareceu que, mesmo com a intervenção não houve nenhuma mudança de titularidade, ou seja, a Santa Casa continua sendo a mesma desde a sua fundação. Ela reforçou que a escalas de plantões estão sendo fechadas, mas que a demora no atendimento pode ocorrer em virtude do especialista estar numa emergência. Há um esforço – disse – para melhorar a comunicação com aqueles acompanhantes que aguardam notícias dos pacientes. “Essa demora na informação aos acompanhantes geram muitas reclamações”, admitiu.
Ao Vereador Zé Guilherme, a interventora confirmou que o passivo do hospital é muito grande, agravado por muitas ações judiciais de antigos fornecedores, prestadores de serviços e também trabalhistas. “Só uma ação de 2010 é de R$ 800 mil. É uma situação bastante grave, mas temos que buscar soluções”, comentou. Para o Vereador Pio, Tatiana respondeu que não encontrou nenhuma denúncia de recebimento particular. Para receber os 100% de repasses do SUS, o hospital procurar atingir metas de quantidade e também de qualidade. Entre outras qualidades do hospital, ela destacou “um centro cirúrgico de ponta”. “A recuperação do hospital passa pelo apoio e envolvimento de todos e entre as medidas adotadas visa aumentar o atendimento particular para crescer a receita”.
Judiciário acompanha cada ação
Respondendo ao Vereador Fernando Lima, ela informou ter acesso ao processo sigiloso apenas por meio dos advogados. Ocorreram auditorias – disse – de ambas as partes do caso. “A intervenção está cumprindo o seu principal papel em não permitir o fechamento do hospital”, complementou. Ao Vereador Paulo Soares a interventora respondeu: “Os objetivos da intervenção começam pela transparência de todo processo, passando pela recuperação financeira, equilíbrio na gestão e a garantia da qualidade dos serviços. O olho do judiciário está atento a cada ação realizada. Os valores do déficit ainda são imprecisos. Ela informou que existe um plano de operação, mas que em função da situação delicada do hospital, ainda não é o momento oportuno para divulgar esse plano.
Ao responder pergunta do Vereador Zezinho da Ração, Tatiana explicou que são inúmeras as vantagens para as mulheres que fazem opção pelo parto normal. “Para o médico é muito mais confortável agendar, na data em que ele achar conveniente, a realização da cesárea, mas para a mulher existe o risco de infecção e outras complicações”, comparou. Nilson da Bahia defendeu a necessidade da exigência do plantão presencial. Já o Vereador Tokinho sugeriu que, a exemplo das empresas privadas quando enfrentam período de crise, fosse feito uma readequação financeira para a contratação de mais médicos e enfermeiros para ampliar a oferta de atendimento.
Ao final de mais de duas horas de reunião, o Vereador Bérro agradeceu a presença da interventora, e classificou a vinda dela à Câmara como um momento histórico “por ser a primeira vez que a Santa Casa vem à público prestar contas de sua atuação desde quando foi decretada a intervenção.” Dizendo-se defensora de uma gestão transparente, Tatiana Müller aproveitou para pedir o apoio de todos os Vereadores e também da comunidade para ajudar na recuperação financeira e também da credibilidade da Santa Casa de Cambé.

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