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O financiamento imobiliário com recursos das cadernetas de poupança atingiu no primeiro semestre deste ano o melhor resultado da história no que se refere a valores. ´
Se consideradas apenas as operações realizadas em junho deste ano, os financiamentos somaram R$ 5,27 bilhões, montante 78% superior ao resultado de igual mês de 2009 (R$ 2,96 bilhões) e 24% acima das contratações de maio de 2010 (R$ 4,25 bilhões).
O número de unidades financiadas subiu de 123,9 mil, nos primeiros seis meses de 2009, para 187,6 mil, de janeiro a junho deste ano, um crescimento de 51,5%. Somente em junho foram financiados 40,8 mil imóveis, de acordo com dados divulgados hoje (11), em São Paulo, pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
A captação líquida de depósitos de poupança aumentou quase cinco vezes nos primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2009, quando o resultado foi, em parte, afetado pela crise financeira mundial surgida no final de 2008. Do valor de R$ 1,8 bilhão captados entre janeiro e junho de 2009, os depósitos saltaram para R$ 8,8 bilhões.
Os resultados sustentam as expectativas otimistas da Abecip, que prevê que o financiamento imobiliário com recursos da poupança seja de R$ 45 bilhões a R$ 50 bilhões este ano. Apesar disso, o presidente da associação, o engenheiro Luiz Antonio Nogueira de França, chama a atenção para o risco de os recursos das cadernetas de poupança se tornarem insuficientes para atender à demanda por crédito imobiliário.
“Com relação à capacidade de financiar o mercado imobiliário com os recursos da caderneta de poupança, nossos estudos – que convergem com os de outras entidades – mostram que, entre dois e três anos, a gente deva ter problema com essa fonte”, afirmou.
Segundo França, o cenário de juros baixos, prazos alongados e crescimento econômico estimula a demanda por crédito imobiliário. Atualmente, a poupança e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) são as duas principais fontes de recursos do setor habitacional.
Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, que foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda entre 1995 e 1998, é necessário discutir e viabilizar novos instrumentos de financiamento que possam ser usados em breve.
“Já temos hoje o sistema de securitização de recebíveis que deverá crescer. O que está sendo estudado e que parece o mais viável são os chamados CDBs cobertos, um tipo de certificados de depósitos que os bancos poderiam usar para captar e emprestar recursos. Isso, contudo, ainda depende de regulamentação governamental e está em discussão, mas é uma possibilidade já utilizada em outros países”, afirmou Barros.
Edição: Juliana Andrade