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Veredicto foi dado por volta das 6h30 deste sábado, após quase 24 horas de julgamento. Ambos cumprirão pena de mais de 20 anos em regime fechado
Terminou por volta das 6h30 deste sábado (1) o julgamento do caso Amanda Rossi. O júri popular, que teve início por volta das 9h de sexta, estendeu-se durante toda a madrugada. No total, 16 pessoas foram ouvidas, incluindo os réus Dayane de Azevedo e Alan Aparecido Henrique, que foram condenados pelo Tribunal do Júri por quatro votos a três. Ambos negaram a participação no crime.
Dayane foi condenada por homicídio triplamente qualificado a uma pena de 23 anos de reclusão em regime fechado. Já a condenação de Alan foi por homicídio duplamente qualificado. A pena é de 21 anos de prisão também em regime fechado. A diferença da condenação dos dois é porque o júri entendeu que Dayane teria recebido dinheiro para cometer o crime e Alan não.
O advogado de defesa de Alan, Laércio dos Santos Luz, informou que vai recorrer da decisão. Para ele, Alan foi prejudicado com o depoimento de Dayane que, apesar de ser considerada ré confessa, negou participação no crime durante o julgamento. “Passa uma ideia de que o Alan se associou a ela”, explicou.
Luz pediu ao Tribunal de Justiça o desaforamento do julgamento, para que o júri seja realizado em outra cidade. O pedido ainda não foi votado e se o TJ acatar o recurso da defesa de Alan, o advogado disse que pode haver um novo julgamento do caso. “Acredito que não está terminado”, confessou.
No entendimento do júri, Dayane teria atraído Amanda para o local do crime e a agredido com um objeto cortante, que feriu a testa da estudante. “Segundo denúncia anônima, o ferimento foi causado por um ‘bico de pato’ [prendedor de cabelo] prata que Dayane usava naquela noite”, informou o advogado. Em seguida, Alan teria esganado Amanda até a morte.
Defesa de Dayane vai pedir nulidade do julgamento
O advogado de defesa de Dayane de Azevedo, Silvio Arcuri, disse que também vai recorrer da decisão do júri e pedir a nulidade do julgamento ou redução de pena. Segundo ele, houve interferência do Ministério Público durante o depoimento da acusada, que causou o cerceamento de defesa pessoal. “Causou má impressão aos jurados”, justificou.
Ele informou que foi surpreendido pelo depoimento de Dayane que, durante o interrogatório, negou que estivesse na cena do crime. “Conversei com ela na véspera do julgamento e ela veio com a notícia de que teria sido torturada pela polícia, foi ameaçada e por isso teria inventado tudo. Essa alteração da defesa pessoal dela fez com que a minha defesa técnica tivesse que mudar de rumo”, contou.
Arcuri explicou que se ela não tivesse negado estar na cena do crime, a defesa pediria a delação premiada – quando um suspeito ajuda no esclarecimento dos fatos, com a identificação dos demais acusados, e pode ficar isento ou ter redução de pena. “Toda a alegação que pesa contra os acusados foi com base nos primeiros depoimentos dela”, lembrou. Mas como Dayane mudou o depoimento, perdeu o direito de pedir a delação. Enquanto aguarda julgamento do recurso, Dayane vai permanecer na cadeia pública.
Paralelamente corre um inquérito sobre a existência de um mandante do assassinato da estudante, mas até agora a polícia não encontrou solução para o caso.
Pai diz que luta não foi em vão
O pai da estudante, Luiz Rossi, que ficou conhecido pelas diversas mobilizações pedindo Justiça pelo assassinato da filha, disse que a luta não foi em vão. “Foi uma pena justa”. Para ele, a condenação de dois dos acusados do crime foi uma satisfação. Mas ainda não é hora de descansar ou respirar aliviado. “Quero a condenação de todos”, afirmou, referindo-se ao julgamento de Luiz da Rocha e de um possível mandante do crime, investigado pela polícia.
Segundo Rossi, enfrentar o julgamento foi muito difícil para a família. “Teve momentos em que até me retirei”, confessou. “Foi uma barbaridade terrível o que fizeram com a Amanda”. Ele espera a conclusão definitiva do caso para “limpar” o nome da filha, agradecer e “sair de cena”.
O julgamento
O júri popular durou cerca de 22 horas e foi marcado pelo forte calor e sistema de som ruim, principalmente no microfone das testemunhas. Durante a sessão, a ré Dayane de Azevedo se mostrou muito nervosa e chegou a ser retirada da sala pela juíza por interferir no depoimento de um perito do IML. Em depoimento, ela disse que foi “obrigada” a assumir o crime e que todo o processo “era uma grande mentira”. A ré chegou a discutir com a magistrada.
Já o réu Alan Aparecido Henrique demonstrava tranquilidade. Ele voltou a negar qualquer participação no assassinato da estudante Amanda Rossi. Alan relatou que não esteve no festival de dança na universidade e que nunca teria visto a estudante.
Para evitar que os depoimentos fossem gravados, a juíza Elizabeth Kather determinou que gravadores e câmeras de televisão ficassem desligados. Desconfiada de que um repórter de rádio gravava a sessão, a juíza desceu da mesa e retirou o gravador e o microfone das mãos do profissional. Ela também esvaziou o plenário duas vezes em razão de toques de celulares. Kather só permitiu o retorno depois que as pessoas retiraram a bateria dos aparelhos.