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O Ministério da Educação divulgou no final da tarde desta sexta-feira (12) os gabaritos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado no último fim de semana. A liberação ocorre depois que o Tribunal Regional Federal da 5ª Região derrubou a liminar que suspendeu o exame e a divulgação do resultado das provas.
Veja aqui os gabaritos dos dois dias de prova
No site do MEC, os gabaritos só devem estar disponíveis depois das 21h. Cerca de 3,3 milhões de estudantes participaram do Enem 2010, que ocorreu no último fim de semana.
No primeiro dia de provas, no sábado passado (6), os estudantes responderam questões de ciências humanas e suas tecnologias e ciências da natureza e suas tecnologias. As provas foram distribuídas por cores (rosa, branca, azul, amarela).
No domingo, segundo dia de provas, as provas foram sobre linguagens, códigos e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, e redação, nos cadernos rosa, cinza, azul e amarelo.
Logo depois da primeira prova, alguns inscritos reclamaram de erros na folha de respostas e no caderno de provas amarelo.
Na folha de respostas, os enunciados das áreas de conhecimentos estavam invertidos, na comparação com o caderno de questões. Alguns alunos alegam que preencheram o gabarito de forma invertida.
O MEC havia informado que abriria uma página na internet para receber pedidos de correção invertida e que os casos seriam avaliados separadamente. O espaço virtual deveria ser lançado na quarta-feira (10) mas, por causa da decisão judicial, não foi publicado na data.
No Twitter, nesta sexta, o MEC destacou que “só precisa fazer requerimento quem preencheu questões de Ciências Humanas/Ciências da Natureza na ordem inversa do cartão-resposta”.
Estudantes que fizeram a prova amarela reclamaram que faltavam questões, outras estavam repetidas, a sequência numérica estava errada e havia, inclusive, páginas da prova branca incluídas no mesmo caderno. A estimativa é que cerca de 2 mil alunos tiveram problemas com a prova amarela e devem realizar um novo exame.
Segundo o MEC, a aplicação dessas provas ainda não tem data marcada, mas a expectativa é de que o novo exame para esse grupo seja realizado nos dias 4 e 5 de dezembro.
Questões polêmicas
Além dos problemas com a inversão do cabeçalho da folha de respostas do primeiro dia de prova e do problema com os cadernos amarelos, outras falhas foram apontadas. Veja alguns exemplos relatados por professores de cursinhos logo após a prova:
O professor de geografia do Anglo, Reinaldo Scalzaretto, vê erro no enunciado da questão 1 do exame (prova azul), que fala sobre concentração de terras no Brasil. Segundo o professor, no lugar de dizer que o gráfico representa a “totalidade dos imóveis rurais no Brasil”, o enunciado deveria dizer que representa as “áreas ocupadas pelos imóveis”. “Está errado. Não há resposta correta”, disse.
Marcelo Dias Carvalho, coordenador de matemática do Etapa, disse que a questão 156 (prova amarela) e 147 (prova azul) admite uma interpretação dupla. Segundo Carvalho, se o aluno interpretar que houve engarrafamento nos dois trajetos, chega à resposta da alternativa B. Se interpretar que o engarrafamento ocorria no primeiro trecho, ou no segundo, ou nos dois, pode apontar a alternativa D como correta. “Para mim, o ideal é que as duas respostas sejam aceitas.”
Segundo o coordenador de física do cursinho Etapa, Marcelo Monte Forte da Fonseca, a questão 54 (prova azul), que fala sobre Júpiter tem problemas. “Fizeram a pergunta em cima de uma coisa que não tem resposta. É uma brincadeira boba”, disse. De acordo com o professor, a notícia usada como fonte afirma que ainda se busca uma explicação para o fenômeno citado na questão, que é o desaparecimento de uma das faixas do planeta.
O professor de história do Brasil do Anglo, José Carlos Moura, cita ainda uma questão sobre a Guerra de Canudos, de número 21 (prova azul). Há duas respostas possíveis, segundo o professor. A alternativa A e a D. Na resolução comentada do cursinho, o professor diz: “A questão é problemática, há duas possibilidades de resposta. A alternativa A elenca conjuntos de objetos e motivos para justificar o interesse do Iphan pela região. Contudo a alternativa D também aponta razões para o reconhecimento das ruínas pelo Instituto, pois elas constituiriam documentos das ‘práticas e representações de uma sociedade’, afirma a resolução comentada do cursinho.”
O escritor Laurentino Gomes, autor dos livros “1808” e “1822”, criticou na segunda-feira (8) a falta de uma revisão mais rigorosa no Enem. Um trecho do livro do autor foi citado com erros de informação na prova de ciências humanas, aplicada no sábado (6). A questão cita a data de 1810 como ano da abertura dos portos no Brasil. Segundo Gomes, o ano correto é 1808. “Quando fiquei sabendo, fiquei assustadíssimo. Corri para ver se o erro era do livro, mas não era”, afirmou.