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Pingos nos is – No rastro da hecatombe provocada pelo Wikileaks, que há dias vem divulgando diversas correspondências da diplomacia norte-americana, algumas informações trazem detalhes interessantes, desde que analisadas com calma e relacionadas com fatos do atual cenário político brasileiro. Outras correspondências, na opinião dos jornalistas do ucho.info, não deveriam ser divulgadas, pois contêm informações sobre ações contra o terrorismo mundial. O que deve ter facilitado um pouco mais a vida dos inimigos da Humanidade.
Na edição desta segunda-feira (20), o jornal “Folha de S. Paulo”, em mais um bom trabalho do competente jornalista Fernando Rodrigues, traz reportagem sobre uma correspondência obtida pelo Wikileaks e trata de declarações do deputado federal cassado José Dirceu de Oliveira e Silva, prestadas a William Perry, assessor especial do Departamento de Estado dos EUA.
De acordo com a Folha, “Dirceu admitiu que habitualmente gastou o dobro do que declarou em suas campanhas e que todos os políticos brasileiros empregam algum tipo de caixa dois”. Segundo relato de Perry, Dirceu afirmou em uma das conversas que “políticos não gostam de ser vistos pegando dinheiro e doadores não gostam de ser vistos doando”.
A declaração do ex-comissário palaciano, que foi escorraçado da chefia da Casa Civil na esteira do escândalo do “mensalão do PT”, em 2005, explica a campanha milionária e bem sucedida de José Carlos Becker de Oliveira à Câmara dos Deputados. Filho do ex-ministro José Dirceu, Becker de Oliveira, politicamente conhecido como Zeca Dirceu, provocou a indignação de muitos candidatos paranaenses por conta da cinematográfica campanha que lhe garantiu a vitória nas urnas de 3 de outubro passado. Como se não bastasse, Zeca Dirceu esteve presente em quase todas as grandes e importantes cidades do Paraná, durante a campanha, sendo que seus cabos eleitorais usaram de violência contra as equipes dos adversários.
Reforçando o que este site noticiou semanas antes das eleições gerais, José Carlos Becker de Oliveira corre o sério risco de enfrentar uma Ação de Impugnação de mandato eletivo por abuso de poder econômico, que encontra fundamento nos parágrafos 10 e 11 do artigo 14 da Constituição Federal, que assim dispõem: § 10 – “O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude”. § 11 – “A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé”.
A declaração contundente de José Dirceu, ora revelada pelo Wikileaks, pode complicar o futuro político de seu filho Zeca, desde que alguém não se apequene e tenha a devida coragem de ingressar com a mencionada ação judicial, que tem prazo para ser protocolada na Justiça.