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No final da manhã da última sexta-feira, três carros da Polícia Militar são retirados de um barracão da Providence Auto Center, localizado na Rua Rolândia, em Cambé. Um deles, ainda batido, é guinchado. Outros dois carros permanecem no barracão, cujo portão está sendo fechado. A poucos metros dali fica a oficina da Providence. Funcionários com o uniforme da empresa saem do barracão e entre eles, sem uniforme, está Ilson Ieger, irmão de Ismar Ieger, preso no começo da semana passada acusado de participar de uma “organização criminosa” que fraudou uma licitação de R$ 1,5 milhão para consertar carros do governo do Estado.
Para o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Ieger é “laranja” de Luiz Abi Antoun, “primo” do governador Beto Richa (PSDB), preso na Operação Valdemort. Abi é acusado de ser o dono da Providence e o cabeça do grupo que fraudou a licitação que resultou na contratação emergencial da Providence por seis meses, em um contrato de R$ 1,5 milhão.
Na rápida conversa com o repórter, Ilson disse que a Providence não tem qualquer relação com Abi e que parou de prestar serviços ao governo do Estado – isso por iniciativa do governo. Ele reclamou também da dívida que o governo estadual tem com a oficina – nota divulgada na semana passada pela Agência Estadual de Notícias (AEN) admite dívida de R$ 298 mil. Ilson disse que só agora, com as prisões, descobriu que o imóvel onde funciona a oficina é de propriedade de Abi – a Providence aluga o barracão.
A poucos metros da Providence fica a sede das KLMs – são três CNPJs com o mesmo endereço. A principal tem Abi e Roberto Tsuneda como sócios. Na empresa, uma funcionária informa que o trabalho está normal, apesar de que a visão de quem olha o barracão do portão é de tudo parado. A funcionária só atendeu a reportagem depois de acionado o interfone. A empresa produz aparelhos de som automotivo e segundo a funcionária, uma parte da produção está parada porque Tsuneda, o único que controla o equipamento, está preso.
Vizinhos
A KLM e a Providence são separadas apenas pelo barracão onde funciona uma outra empresa. Para o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a proximidade entre as duas empresas não é só física e a vizinhança entre as sedes não é apenas coincidência. Segundo os investigadores, a proximidade facilita o trabalho de Abi, considerado o dono de fato da Providence. A influência é tanta, que além de tratar diretamente das questões financeiras da empresa, Abi controla, por exemplo, até as imagens das câmeras de segurança instaladas no local. Tsuneda, sócio minoritário do primo de Beto Richa na KLM, funciona como uma espécie de gerente da Providence, o que faz com que Ieger, considerado dono de “fachada” da empresa, tenha pouca autonomia sobre a administração da oficina.
Fonte: JL
