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Salários cada vez mais altos e falta de mão de obra especializada podem tornar as empregadas domésticas um “artigo de luxo” nas residências brasileiras. Nos últimos oito anos esta categoria de trabalhadores registrou ganho real de salário (descontada a inflação) de 56%. Uma pesquisa feita pelo IBGE e divulgada esta semana mostra que outras categorias, no mesmo período, conseguiram ganho real de 29%.
“Não se pode olhar só para a questão salarial. A nova legislação, que busca igualar a doméstica com outras categorias de trabalhadores, regidas pela CLT, deu a elas direitos como FGTS, férias, 13º salário. Somando salário e encargos trabalhistas, uma doméstica custa hoje para o empregador mais de mil reais, em média”, observa o professor de Economia e coordenador do Escritório de Negócios em Administração – ENEAD da Unopar, Luiz Fernando da Silva.
As classes B e C, que antes concentravam o maior número de empregadores domésticos no País, estão preferindo contratar diaristas. “Elas não têm vínculo empregatício e por isso não há encargos trabalhistas. A diferença de gastos com uma doméstica fixa e uma diarista é muito grande”, garante o professor.
Ainda segundo o levantamento do IBGE, desde 2009 quase 130 mil pessoas deixaram o trabalho doméstico nas seis maiores regiões metropolitanas do País. Grande parte deste contingente optou por outras áreas de trabalho; muitos voltaram a estudar e se profissionalizaram.
De acordo com o professor de Economia da Unopar, as mudanças sócio-culturais no País são determinantes nesta questão: “O Brasil mudou, não só economicamente mas culturalmente. Hoje não se vê mais empregadas domésticas com 15, 20 anos de casa, como acontecia antigamente. As relações entre patrões e domésticas são mais frias, mais profissionais”, afirma.
Apesar do crescimento real dos salários dos domésticos ser muito superior ao das demais categorias, a renda desses trabalhadores em 2012 correspondeu a 40% da média de remuneração dos empregados no País. No ano passado, eles receberam um salário médio de R$ 721.
E enquanto as famílias brasileiras se adaptam à falta da empregada doméstica, elas se unem para criar novas oportunidades de emprego. As cooperativas são uma tendência forte, segundo da Silva. “Eu acredito na profissionalização desta categoria. Isso já vem acontecendo e é uma excelente solução. Buscar serviços domésticos através de uma empresa terceirizada traz vantagens para o empregador e também para os trabalhadores”, garante.