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Esses são os efeitos da decisão da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC), a terceira derrota da empresa no Estado, para além de uma em Brasília. Em sessão ocorrida nesta segunda-feira (8), o órgão, composto por três magistrados, manteve a liminar da juíza Thaís Khalil, de Rio Branco , que desde o dia 18 de junho determinou a suspensão das movimentações financeiras e da entrada de outros integrantes na rede Telexfree, bem como congelou as contas de Carlos Costa, Carlos Wanzeler, James Merril e Lyvia Wanzer. A sentença vale para todo o Brasil.
A promotora Alessandra Marques, uma das integrantes da equipe do MInistério Público do Acre (MP-AC) que investiga a Telexfree, diz não saber se a empresa conseguirá sobreviver à manutenção do bloqueio. Mas a “tendência”, diz ela, é que não.
“Não faço ideia [ se a empresa fechará as portas ], mas a tendência é que ela não consiga operar, pois o sistema só funciona com mais gente entrando [o que está impedido pela decisão]”, disse Alessandra ao iG logo após o anúncio da decisão.
A Telexfree ainda pode recorrer ao próprio TJ-AC, mas, após três decisões contrárias à empresa (a liminar e dois recursos), uma vitória é pouco provável ali. Outra opção é tentar levar o caso diretamente ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas também nesse Tribunal a empresa já sofreu uma derrota no último dia 2 de julho.
“Todos os recursos cabíveis vão ser interpostos”, disse o advogado da empresa, Horst Fuchs, após a decisão.
Fuchs negou que a nova derrota coloque em risco a sobrevivência da empresa. “Não há mínima chance de isso acontecer.”
A liminar foi pedida pela Ministério Público do Acre (MP-AC), responsável por acusar a empresa de ser uma pirâmide financeira. O objetivo, argumenta o MP, é garantir que quem investiu dinheiro no negócio possa ser ressarcido. Na ação civil pública apresentada à Justiça em 28 de junho, o MP-AC pede a extinção da Telexfree e a devolução de todo o dinheiro aos cadastrados.
O primeiro recurso foi negado pelo desembargador Samoel Evangelista no dia 24. Nesta segunda-feira (8), ele e as magistradas Waldirene Cordeiro e Regina Ferrari – que compõem a 2ª Câmara Cível do TJ-AC – recusaram novamente o pedido de derrubada da liminar.
A decisão foi unânime. Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal, Evangelista argumentou que a Telexfree de fato se configura como uma pirâmide e que estimula a atividade informal. As desembargadoras Waldirene e Regina disseram concordar integralmente com a interpretação do magistrado.
Os representantes da Telexfree sempre negaram qualquer irregularidade .
Desde que o bloqueio foi determinado, em junho, protestos têm ocorrido de divulgadores da Telexfree em diversos Estados. A juíza Thaís Khalil foi ameaçada de morte . Cerca de 18 mil reclamações foram feitas ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e 15 mil, ao STJ. Deputados da Assembleia Legislativa do Acre fizeram defesa veemente da empresa e tiveram uma audiência com os promotores.
O caso despertou a atenção para uma “febre” de empresas com indícios de pirâmide financeira no País, como define o diretor do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça, Amaury Oliva. Ao menos outros sete casos são investigados em todo o País .
Negócio insustentável
A Telexfree, nome fantasia da Ympactus Comercial LTDA, informa ser uma provedora de telefonia via internet (VoIP, na sigla em inglês) que comercializa o serviço por meio do marketing multinível – um modelo de varejo em que os distribuidores ganham bônus pelas vendas feitas por outros distribuidores indicados, por eles, para a rede.
O modelo de negócios da empresa, porém, foi considerado insustentável pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), do Ministério da Fazenda . Isso porque o faturamento da Telexfree viria, sobretudo, das taxas de adesão pagas pelos associados – chamados de divulgadores –, e não da venda de pacotes de minutos.
Para os promotores do Acre, o serviço de telefonia serve apenas para disfarçar a pirâmide financeira supostamente montada pela empresa. Entre as evidências apontadas pelos promotores estão: os associados são remunerados por postar anúncios em sites, mais do que por vender pacotes VoIP; é mais vantajoso cadastar novos associados do que vender o serviço; e há poucos clientes que não sejam também associados.