Setembro Amarelo: segundo a OMS, a cada dia, 38 pessoas tiram a própria vida no Brasil

Em Cambé, somente de janeiro a agosto deste ano, seis casos já foram notificados

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Há aproximadamente dez anos, a Campanha Setembro Amarelo era inserida no calendário nacional de conscientização. Por meio do trabalho incessante da Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, além da atuação dos psicólogos, essa campanha ganhou notoriedade e tenta abordar o tema que é considerado tabu: o suicídio.

De acordo com dados colhidos pela Campanha Oficial Setembro Amarelo, o suicídio é um problema de saúde pública que atinge todo o mundo. E mais, segundo a Campanha, a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde – OMS em 2019, estimou que por ano são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o planeta, sem contar com os episódios subnotificados, pois, com isso, estima-se que mais de 1 milhão de casos aconteçam anualmente. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia!

Para abordar essa Campanha necessária, a coluna Bela Manchete foi conversar com a psicóloga Simone Braga sobre todos os contextos e informações que envolvem o suicídio. “Lidar com um problema não visível é extremamente desafiador. E mais, os sintomas da depressão chegam a ser considerados corriqueiros, pois quem nunca ficou triste ou prostado na cama? Pois é, o que as pessoas não se atentam é que os sinais da depressão e consequentemente do suicídio, existem, sim, e o que os diferenciam de uma tristeza ou desânimo comum é a frequência e intensidade deles. Precisamos conversar e discutir a depressão, pois ela acomete grande parte da população e gera consequências”.

Ainda segundo Simone, é preciso abordar quais são os sintomas mais comuns. Eles não podem ser negligenciados. “A Organização Mundial da Saúde lista os seguintes sintomas como oficias: desânimo e falta de prazer nas atividades; Autodepreciação; Descuido com a higiene pessoal; Mudança no padrão alimentar; Irritabilidade; Afastamento dos amigos/família/ trabalho; Abuso de substâncias; Realização de rituais de despedidas; Autolesão; E quando a pessoa fala, de fato, em suicídio – dentre outros”.

 Braga conta ainda que, é preciso tratar os sintomas, mas também as causas do estado de depressão. “O suicídio não tem causa única. Existem vários fatores de risco relacionados ao suicídio. Entre os principais fatores estão: ter tentado suicídio anteriormente, transtornos mentais e uso de drogas, isolamento social e solidão, ser portador de  doença muito grave ou sem cura, e/ou ainda ter sofrido violência física ou sexual”.

Quando a psicóloga Simone Braga é questionada sobre a importância da família na identificação dos sintomas e encaminhamento do doente a um tratamento adequado, ela comenta sobre a resistência das famílias que ainda acontece. “A resistência, muitas vezes, da família da pessoa que apresenta sintomas de depressão e risco de suicídio em lidar com a doença é um dos fatores que pode atrasar o tratamento e consequentemente a recuperação de um depressivo.  É preciso que as famílias e amigos conversem sobre o tema. Muitas vezes, a rede de apoio de uma pessoa não é a família, mas os amigos, e não há problema nisso. O problema é quando uma pessoa que apresenta sintomas de depressão não é acompanhada por profissionais adequados, como um psiquiatra e um psicólogo. O diagnóstico da depressão é clínico, feito pelo médico após coleta completa da história do paciente e realização de um exame do estado mental. Ainda não existem exames laboratoriais específicos para diagnosticar depressão”.

Uma mensagem importante sobre o risco de suicídio é que as pessoas, a sociedade precisa conversar sobre ele. As pessoas precisam pensar na identificação dessa doença. “As pessoas precisam discutir o caso, precisam abordar o tema em conversas familiares. E ao notarem pessoas de seu circulo com tristeza intensa, desânimo, improdutividade, elas precisam encaminhar essa pessoa para acompanhamento médico adequado. O ideal é um atendimento multidisciplinar, como o acompanhamento com um psicólogo e também o tratamento com o psiquiatra”.

Dados sobre suicídio

 O suicídio é um importante problema de saúde pública, com impactos na sociedade como um todo. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde – OMS, todos os anos, mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que HIV, malária ou câncer de mama – ou guerras e homicídios. 

Segundo a secretaria municipal de saúde, de janeiro até agosto, seis casos de suicídios foram registrados em Cambé. E os profissionais da secretária em questão, seguem atuando na causa, como conta Bárbara Radigonda, Enfermeira da Vigilância Epidemiológica de  Cambé  “ O município de Cambé está realizando a Campanha Setembro Amarelo, Campanha que aborda o suicídio, e os serviços de saúde mental do município estarão promovendo internamente a abordagem do tema tanto para com adolescentes e jovens como para seus responsáveis. Outra ação promovida pelo município são as palestras realizadas em empresas solicitantes. E faremos também uma panfletagem no calçadão sobre o tema, além de atividades externa com os usuários do Centro de Atendimento Psicossocial-CAPS Adulto. O CAPS que é referência em atendimento psicossocial, é o lugar que oferece serviços gratuitos à comunidade, e temos trabalhado bem  essa questão da prevenção”

 Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta causa e morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal. Trata-se de um fenômeno complexo, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, sexos, culturas, classes sociais e idades. 

Para mais informações sobre o tema, acompanhe o instagram  https://www.instagram.com/belamanchete/ e também os conteúdos da psicóloga Simone Braga que foca no atendimento de adultos https://www.instagram.com/psi.simonebraga/ .

Em casos urgentes ligue para o CVV, Fundado em São Paulo em 1962, o CVV – Centro de Valorização da Vida é um serviço voluntário gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato.

Oferece atendimento pelo telefone 188 (24 horas e sem custo de ligação).

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