Projeto de Hortas Comunitárias traz para a cidade a vida simples do campo em Cambé

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Desfrutar o cheiro da terra revolvida, pronta para receber a semente, sentir o prazer de acompanhar o crescimento das plantas, a satisfação de colher com as mãos o fruto do seu trabalho, para muitos que tiveram que trocar a vida simples do campo para a pavimentada rotina da cidade, essas sensações são apenas lembranças. No entanto, em Cambé, 760 famílias amenizam a saudade do campo através do Projeto de Hortas Comunitária. Diariamente, seo Anetor se desliga da vida urbana cultivando verduras e hortaliças orgânicas em uma das 20 hortas comunitárias da cidade. De enxada na mão, seo Anetor conta com orgulho porque há 28 anos participa do projeto: “Plantar e cultivar a terra é o que eu sei fazer, o que gosto de fazer, nasci no sítio e sempre vivi assim”. A horta comunitária do Jardim Tupi, da qual seo Anetor faz parte, foi a primeira a ser instalada na cidade. Com uma área de 24 mil metros quadrados, a horta é um verdadeiro oásis vegetariano no meio das ruas e casas do bairro, com milhares de pés de couve, cebolinha, alface e as mais variadas verduras.
A caseira da horta, Antônia Maria de Oliveira, se envaidece da plantação, “Aqui é lindo, é uma área de lazer para todo mundo, a gente esquece dos problemas, das idéias ruins quando estamos plantando”. Aos 58 anos, 18 deles vividos dentro da horta, Antônia admite que nunca quis morar na cidade, queria continuar na roça, mas acabou encontrando dentro da área urbana um pedaço do que deixou para trás. “Quando vim para a cidade eu tinha muito medo porque eu não sabia fazer nada a não ser trabalhar na roça. Aqui na horta eu me realizo, como se nunca tivesse saído do sítio”, confessa ela. Para Antônia, o caráter terapêutico do plantio é vital. Impossibilitada de trabalhar em seu lote por duas semanas devido a uma pneumonia, ela reclama amargurada, “O médico me disse que tenho que descansar para melhorar, mas sem trabalhar parece que a gente piora”.
Em meio aos pés de couve, outra moradora do bairro, a sra. Maria José, reafirma o prazer de trabalhar com a terra. “Isso é uma beleza. Eu mesmo venho duas vezes por dia. Venho de manhãzinha e vou embora só quando a sol vai embora”, afirma ela. Com muito vigor aos 75 anos, dona Maria, conta que para ela o trabalho na horta é um passatempo.”Cada filho meu tem sua casa, então eu venho para cá para não ficar sozinha. Aqui eu conheço todo mundo e todo mundo me conhece” diz sorrindo. A colheita de sua pequena safra ela distribui para os filhos e o que sobra tenta vender.
Os terrenos de 18 das 20 hortas comunitárias de Cambé são da Prefeitura Municipal que cede, além do espaço, infraestrutura, água, energia elétrica, adubos e sementes para os beneficiários das hortas. Duas hortas foram criadas em parceria com a Eletrosul que cedeu terrenos entre torres de transmissão de alta voltagem, a administração municipal ficou responsável pela divisão dos canteiros e manutenção das hortas.
De dois em dois anos a Secretaria Municipal de Assistência Social organiza eleições para os presidentes das hortas comunitárias. Durante a gestão, os presidentes são responsáveis pelo controle e distribuição dos canteiros para os moradores, além de organizar reuniões mensais com os beneficiários para prestação de contas.
Cada horta tem seu próprio caixa, constituído de contribuições mensais dos beneficiários no valor de R$ 2,00. A reserva é utilizada para consertos e compras de materiais e equipamentos urgentes. Há também regras estabelecidas no Estatuto das Hortas Comunitárias que os beneficiários devem obedecer, como os espaços de cada canteiro, os horários de uso da horta e a proibição de uso de agrotóxicos. Seo Abel Alves Feitosa, líder comunitário e presidente da horta do jardim Tupi explica que as exigências do estatuto servem para regular o funcionamento das hortas e evitar o aproveitamento mal intencionado.”Se o canteiro está abandonado, nós conversamos e, se não houver mudança, passamos para outra família. Cada família tem direito a um canteiro, no máximo dois, dependendo da necessidade”. Seo Abel afirma que não enfrenta problemas para manter as regras, tampouco com uma possível ganância, já grande parte dos beneficiários não utiliza a horta como meio de sobrevivência.”São poucas famílias que tiram o sustento daqui. Outros poucos vendem o que sobra para complementar a renda familiar. A maior parte são aposentados e plantam por diversão, por lazer. Se não tem o que fazer em casa, eles vêm plantam um pouquinho, batem papo, trocam idéias, e quando se dão conta, o dia já acabou”, exemplifica seo Abel.
A secretária de assistência social, Ângela Pascueto do Amaral, avalia como essencial para a população a existência das hortas.”As hortas comunitárias já fazem parte das comunidades onde estão estabelecidas. É um projeto muito importante não só pela geração de renda, como também por fazer a comunidade trabalhar junta. Elas tornaram-se um ponto de encontro e lazer dentro do bairro”, explica. A secretária afirma que devido ao sucesso do projeto de hortas comunitárias outras cidades do país tem seus próprios programas. “Em função da melhoria na qualidade de vida que o projeto proporciona à população, várias entidades de outras cidades e outros estados vieram a Cambé para visitar as hortas e levar daqui um modelo de aplicação de hortas comunitárias”, afirma a secretária.
Os olhares e os sorrisos nas hortas comunitárias são indícios palpáveis da qualidade de vida dos moradores. Verduras e legumes saudáveis somados com o lazer e a bela paisagem que essas hortas urbanas oferecem são a receita para uma vida longa e feliz. Seo Abel que também cultiva seu canteiro, faz a sua avaliação: “A horta ajuda em tudo. Ajuda nas despesas de casa e ajuda no viver. É um pedacinho do campo dentro da cidade”.

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