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O serviço de roçagem no município está prejudicado desde 2015, quando a Justiça embargou um processo licitatório devido a um disputa legal entre duas empresas concorrentes. Desde então, a roçagem é executada pela própria Prefeitura. “A estrutura nossa não consegue atender a demanda da cidade, principalmente nessa época do ano em que o mato cresce muito. Com o nosso pessoal, demoramos cerca de quatro meses para roçar todas as áreas públicas de Cambé. Nossa capacidade é insuficiente, já que no verão cada espaço deveria ser roçado uma vez a cada 40 dias”, explica o secretário de Agricultura e Meio Ambiente, José Roberto Mattos do Amaral.
Na Ouvidoria do município foram registradas 110 queixas sobre o mato alto só nos primeiros 40 dias do ano. As reclamações mais recorrentes são relativos aos diversos riscos da situação, como a proliferação do mosquito da dengue, insetos, ratos, animais peçonhentos, dificulta a visibilidade nos cruzamentos, além de ser um problema para a segurança dos bairros.
Para Franciele Garcia, moradora do centro, a situação é bastante grave. O terreno vazio ao lado de sua residência gera transtornos diários. “Desde que mudei para cá, o dono do terreno não fez nenhuma limpeza. Por causa do abandono e do mato alto, na minha casa já uma cobra, escorpiões e muito pernilongo. Tem até um cacho de abelha no meio do terreno”. Franciele afirma que ela e uma outra vizinha já pagaram do próprio bolso para fazer a roçagem no lote. “Contratamos por conta própria por que não havia outro jeito. Mas é injusto assumirmos esses custo por uma propriedade de outra pessoa. Não é nossa responsabilidade, mas o problema acaba sendo nosso”, relata ela. A moradora também se queixa da insegurança. “Estou pensando em até aumentar o muro da minha casa, por que o mato alto elevou o nível do terreno do lado”, declara.
O problema se repete em outros bairros da cidade. De acordo com o Presidente da Associação dos Moradores do Jardins Ana Eliza II, III e Rian, há vários relatos de insetos e animais invadindo as residências. “Conversamos com diversos moradores da região que reclamam da infestação de mosquitos, pernilongos e aranhas nos bairros”, afirma Jorge Augusto Teodoro. Para ele, o problema se agrava com a falta de cuidado da própria população. “O mato alto também é um problema de conscientização: os donos dos terrenos não fazem a manutenção e a população ainda descarta lixo nesses espaços. É preciso ter consciência que isso gera transtornos para toda a comunidade. Além do problema de saúde, da proliferação do mosquito da dengue, existe o problema da segurança, já que esses terrenos muitas vezes são utilizados como esconderijo para assaltantes”, defende o líder comunitário.
A contratação emergencial de uma empresa teria um efeito imediato nesse problema da cidade, segundo a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente. “Com uma empresa contratada atuando junto com a nossa estrutura, conseguiremos por em dia a roçagem das áreas públicas e também dos terrenos particulares”, garante o secretário. De acordo com dados da Secretaria de Fazenda e da Secretaria de Meio Ambiente, Cambé possui cerca de 7 mil terrenos vazios, o equivalente a 2 milhões de metros quadrados. Os proprietários de terrenos com mato alto serão notificados, multados e obrigados a pagar ao município os custos da roçagem na sua propriedade.
A Secretaria de Administração publicou hoje o edital de tomada de preço e as empresas interessadas devem apresentar suas propostas pessoalmente no dia 23 no setor de licitação. O edital prevê a roçagem de até 2 milhões de metros quadrados por mês pela empresa com prazo máximo de 180 dias de contrato.