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Nunca na história de Cambé a população esteve tão perto da oportunidade de participar da definição de um modelo de educação para o município. É que a prática de até agora, cujas fórmulas e receitas ficam sujeitas à mudanças a cada troca de governo, está com os dias contados.
Nesta quarta-feira, dia 29 de junho, a Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de Cambé e o Conselho Municipal de Educação realizam a 2ª Conferência Municipal de Educação, com o tema Construção do 1º Plano Municipal de Educação de Cambé. O evento acontecerá no Harmonia Tênis Clube, que fica na Rua Pio XII, 51, na região central.
O início será às 19h30 com apresentação cultural. A abertura oficial está marcada para às 19h50 e a mesa redonda começará às 20h30. Os trabalhos serão coordenados pela professora-doutora Doralice Aparecida Paranzini Gorni, da Universidade Estadual de Londrina, a secretária municipal de Educação Cláudia Aparecida Paschoal de Souza e a presidente do Conselho Municipal de Educação, Juliana Salles Romagnolli Peres.
Além do evento abrir para a população a oportunidade de participar da construção do modelo de educação, outro ponto a ser considerado é o prazo de vigência do que a sociedade definir. A validade do Plano Municipal de Educação é de dez anos, no período de 2011 a 2020. Além disso, o que for decidido no município pode infuenciar no Estado e no país, já que as propostas locais poderão ser defendidas nas conferências estadual e nacional.
Proposta, aliás, é o que não falta entre os professores e os pais de alunos. Há 21 anos em salas de aula, a professora Luciane Meneghelo, da rede municipal de ensino de Cambé, diz que o ensino em período integral com turno e contra-turno deve ser estendido para todas as escolas. “Acredito neste modelo não pela permanência do aluno o dia todo na escola, mas pela qualidade do ensino”, defende.
Para Luciane, a maior interação do aluno com a escola contribui para a formação de uma comunidade mais consciente, uma vez que o estabelecimento de ensino deixa de ser formadora exclusiva de alunos, mas também dos pais e, consequentemente, da comunidade e do bairro todo onde a escola está inserida.
A servidora pública Marinalva Lima Araújo de Farias, mãe de José, que está na quarta série em escola da rede municipal de ensino, garante que estará presente na Conferência Municipal de Educação porque a participação de toda a sociedade no evento é importante: “Sempre se pode melhorar”, diz a mãe de aluno.
Não só os aspectos pedagógicos e de estrutura física devem fazer parte dos debates. A professora Cláudia Codato Segura, há 26 anos em salas de aula, adianta que aproveitará a conferência para fortalecer a discussão de um tema urgente no ambiente escolar e na sociedade como um todo. Cláudia refere-se à relação entre professores, alunos e pais de alunos, que em algumas situações tornou-se deteriorada inclusive pela má interpretação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O resultado, segundo ela, é o desrespeito da criança em relação ao professor e o endosso de alguns pais ao que acontece: “Isso caracteriza uma situação que surge no berço que exige mais rigor do Ministério Público no cumprimento do ECA, que é claro tanto nos direitos quanto nas obrigações. Eu defendo que a escola deve trabalhar medidas socioeducativas onde exige esse tipo de procedimento”.
A professora Cláudia diz ainda que o aumento de casos de desrespeito aos professores tem interferido na saúde desses profissionais, por isso a necessidade do tema ser incluído com urgência nos debates que tratam de definições dos planos para a educação.
A estudante de pedagogia Rafaela Zuleani, mãe de Melissa, aluna da terceira série da rede municipal de ensino, acrescenta que atualmente muitos pais transferem para a escola a responsabilidade que é da família. Por isso ela defende a necessidade de melhorar a interação entre o estabelecimento de ensino e a comunidade.
“É preciso criar uma via de mão dupla, com a escola conhecendo melhor a comunidade onde ela está inserida e a comunidade, por sua vez, conhecendo melhor a escola, incluindo o projeto pedagógico”, afirma. “É importante que os pais saibam com clareza o que a escola pretende para seus filhos”, acrescenta.
A diretora escolar da rede municipal de ensino, Vânia Aparecida Buranello, participará da conferência como representante dos diretores de escolas no Conselho Municipal de educação. Há 29 anos no magistério, Vânia avisa que em seu estabelecimento todos os professores, coordenadores, funcionários e pais de alunos foram convocados para participar do evento e devem fazer a diferença na construção do Plano Municipal de Educação.