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De acordo com a polícia, o grupo usava 46 empresas fantasmas e de fachada no Brasil e no Paraguai para lavar dinheiro e realizar transações financeiras com drogas e mercadorias contrabandeadas. Em três anos, o valor total movimentado foi de R$ 300 milhões. Os presos, que não tiveram os nomes divulgados, devem responder pelos crimes de organização criminosa transnacional, operação de instituição financeira sem autorização, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Para transferir dinheiro entre o Brasil e o Paraguai, o grupo usava empresas dos dois lados da fronteira. Criminosos interessados em adquirir produtos enviados do Paraguai usavam a quadrilha para intermediar a operação, que lavava o dinheiro no processo.
Os chefes do esquema usavam firmas de fachada e fantasmas para pagar boletos emitidos por duas grandes empresas de Foz do Iguaçu com dinheiro “sujo”. Estas duas empresas, então, enviavam o valor a uma empresa do Paraguai — uma sociedade anônima criada pela quadrilha. As duas empresas de Foz têm negócios legítimos no setor alimentício e pertencem a três sócios. Um deles foi preso hoje. Os outros dois vivem no Paraguai.
No país vizinho, o dinheiro era transferido primeiro para uma casa de câmbio e então para traficantes e lojistas paraguaios. Após receber o dinheiro, eles enviavam drogas e mercadorias aos criminosos brasileiros.
A operação foi batizada de Sustenido, uma referência à nota musical intermediária entre outras notas. Para a polícia, a quadrilha representava um grupo intermediário — um elo entre o Brasil e o Paraguai. Seus clientes eram pessoas físicas e jurídicas de diversos Estados do Brasil.
Entre os presos estão operadores do esquema, “laranjas” que emprestaram o nome para a criação das empresas em troca de remuneração e funcionários das empresas que intermediavam a transação. A investigação durou nove meses e teve o apoio da Receita Federal.
A ação ocorre pouco mais de dois meses após a Operação Lava Jato, que revelou um esquema de lavagem de dinheiro baseado em Londrina e com ramificações em São Paulo e em Brasília. O esquema, comandado pelo doleiro londrinense Alberto Youssef, desviou R$ 10 bilhões.