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Depoimentos de funcionárias da Construtora Valor, investigada por desviar dinheiro que deveria ser usado em obras de escolas da rede estadual do Paraná, afirmam que os recursos eram destinados para políticos. A ex-advogada da construtora afirmou que parte do dinheiro foi para a campanha à reeleição do governador Beto Richa (PSDB). Ele nega ter recebido os recursos.
A construtora recebeu cerca de R$ 20 milhões para construir e reformar dez escolas, mas deixou obras pela metade e outras nem começaram. A Operação Quadro Negro identificou que funcionários da Secretaria de Educação do estado fraudavam laudos para parecer que as obras estavam andando e a empresa pudesse receber os valores de cada etapa do contrato. Quinze pessoas já foram denunciadas.
Parte do dinheiro foi usado para comprar um apartamento em Balneário Camboriú (SC) para a família do empresário Eduardo Lopes, dono da Construtora Valor. Apesar de ter registrado a empresa em nome de funcionárias, ele admitiu à polícia ser o real proprietário.
Vídeo: RPC-TV:
Tiago Amaral e seu Pai Durval Amaral sou citados em denuncias no Gaeco.
Publicado por Portal Cambé em Quinta, 14 de janeiro de 2016
Em depoimentos, uma dessas funcionárias Vanessa de Oliveira contou que o próprio Eduardo Lopes relatou a ela que parte do dinheiro desviado tinha como destino políticos do estado. “Ele me contou que dava dinheiro para esse povo para agilizar o processo, porque ele achou que ia ganhar mais licitações e que com o dinheiro dessas outras licitações ele ia tocar essas dez obras que o dinheiro sumiu”, disse a ex-funcionária.
Vanessa disse que entre os destinatários do dinheiro estavam: Maurício Fanini – ex-superintendente de obras da Secretaria de Educação; Pepe Richa – irmão do governador Beto Richa e secretário de Infraestrutura e Logística; Abi Antoun – primo distante do governador; Juliano Borghetti, ex-vereador e irmão da vice-governadora do Paraná, Cida Borghetti; e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Paraná Durval Amaral.
Durval Amaral foi relator das contas de 2014do governador Beto Richa no Tribunal de Contas do Estado.
Já Ursulla Ramos, ex-advogada da Construtora Valor, disse que depois que as denúncias contra a empresa se tornaram públicas procurou Eduardo Lopes para questioná-lo sobre o destino do dinheiro.
“[Ele disse que] essa situação tinha sido feita para que fosse angariado o dinheiro, para que depois esse dinheiro pudesse ser redestinado. Na época eu tomei nota dos nomes. O senhor Durval do Amaral, porque tinha campanha do filho dele, o senhor Traiano e o senhor Plauto, Foi o que ele me disse”, relatou a advogada.
Além deles, Ursulla ainda ouviu de Eduardo que a campanha à reeleição de Beto Richa em 2014 recebeu dinheiro desviado no esquema.“Ele [Eduardo] disse que esse dinheiro não ficou com ele, com esse dinheiro foi feito repasse para a campanha do governador Beto Richa”, contou.
Segundo as defesas, as duas ex-funcionárias fizeram acordo de delação premiada. O Ministério Público não confirma a informação. Como elas citaram autoridades com foro privilegiado, o MP encaminhou as informações ao Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que deve analisar o caso.
O governador Beto Richa (PSDB) rebateu as declarações de que o dinheiro desviado da construção de escolas tenha ido para a campanha dele em 2014. “Estou muito indignado com essas afirmações. Quero dizer que são manifestações e denúncias levianas, infundadas e sem nenhum elemento concreto. Não aceito esse tipo de manifestação”, disse. Richa disse ainda que nunca recebeu doações ilegais de campanha.
A assessoria do governo do estado disse que posicionamento do secretário de Infraestrutura, Pepe Richa, é o mesmo do governador.
O PSDB do Paraná informou que não recebeu qualquer doação da Construtora Valor para a campanha eleitoral de 2014.
O conselheiro do TCE-PR Durval Amaral negou qualquer envolvimento com os desvios. Disse que foi ele quem, em junho de 2015, mandou suspender os pagamentos à Construtora Valor e os aditivos aos contratos, além de encaminhar o caso para o MP e ao Tribunal de Contas da União (TCU).
O deputado estadual Tiago Amaral disse, por meio de assessoria, que nega ter recebido dinheiro da Construtora Valor ou de Eduardo Lopes. Disse ainda que não conhece o empresário e que tomou conhecimento da existência da construtora em 2015, quando as denúncias foram divulgadas na imprensa. Segundo o deputado, todas as doações de campanha foram registradas na Justiça Eleitoral.
O presidente da Alep, Ademar Traiano, disse que a tentativa de ligar o nome dele aos desvios é uma armação política grosseira, sem amparo na verdade. Ele negou ter recebido dinheiro da Construtora Valor e que virou moda justificar crimes contra a administração jogando a culpa em agentes políticos.
O deputado Plauto Miró disse que não pode comentar um depoimento, em que o nome dele é citado em contexto desconhecido de uma situação da qual jamais participou. Afirmou, ainda, que se tratam de ilações sem fundamento.
O advogado de Eduardo Lopes de Souza, da Construtora Valor, disse que não tomou conhecimento dos autos e, por isso, não iria se manifestar.
A defesa do ex-superintendente da Secretaria de Educação Maurício Fanini disse que não há prova de que ele tenha recebido dinheiro ilícito, e que ele nunca pediu atestado falsos sobre o andamento de obras. Assim, diz que não vê razão para que apareça envolvido em esquema de corrupção.
O ex-vereador Juliano Borghetti disse que o relacionamento dele com a Construtora Valor é posterior às denúncias, e que não tem qualquer participação nos desvios.
A defesa de Vanessa Oliveira informou que está em Brasília para tratar do assunto com o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. Disse ainda que não comentaria o caso por conta do sigilo da causa.
A defesa de Ursulla Ramos também não quis comentar o depoimento prestado por ela ao Ministério Público.
Reprodução: G1/Paraná