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No Paraná, 55 presos do sistema penitenciário conseguiram vaga em universidades, após inscrição no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Este é o melhor resultado alcançado pelo Estado, que ocupa também o primeiro lugar quanto ao número de detentos aprovados no vestibular, entre as outras unidades da federação que divulgaram seu desempenho até o momento.
A apuração parcial mostra que o Distrito Federal teve 40 presos aprovados nos processos seletivos; Roraima, 19; Rio de Janeiro, 13; Pará, 8; Ceará, 2 e Rio Grande do Sul, também 2.
Os presos do Paraná foram aprovados para diversos cursos, entre eles Direito, Educação Física, Sistemas de Informação, Ciências Biológicas, Pedagogia e Enfermagem, em diversas instituições – Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Estadual do Oeste (Unioeste), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR); Instituto Federal do Paraná (IFPR), a Universidade Estadual de Londrina (UEL), entre outras.
Mais que a aprovação, alcançada na concorrência de igual para igual com os outros candidatos, alguns dos detentos alcançaram expressiva pontuação na redação, como um detento do Complexo Médico-Penal que atingiu 900 pontos. “Considerando que mais de 500 mil candidatos tiraram nota zero na redação, na avaliação geral do Enem, os resultados dos candidatos do sistema penal paranaense são muito satisfatórios”, disse o diretor do Departamento de Execução Penal (Depen), Cezinando Vieira Paredes.
NOVAS OPORTUNIDADES – A educação no sistema prisional é resultado de um trabalho conjunto e conta com profissionais cedidos pela Secretaria de Estado da Educação. O resultado expressivo também serve de exemplo dentro das unidades prisionais. “Desperta em outros a vontade de estudar e obter conquistas similares, redesenhando novas perspectivas”, avalia a coordenadora de Educação do Depen, Glacélia Quadros.
“Quando o preso vai para a sala de aula, inicialmente ele pensa na remição da pena, mas os poucos ele vai descobrindo potencialidades que muitas vezes nem sabia que possuía”, complementa ela.
O projeto de remição da pena pela leitura é destacado por vários dos aprovados como um incentivo a mais a prestar vestibular e, também, as boas colocações, principalmente na redação. É o caso de Erick Rosberg dos Santos Leite Martins, que já está em liberdade e obteve a maior nota entre os candidatos em reclusão no Paraná. Ele passou em vestibulares para Direito e Educação Física, e decidiu pela primeira opção. “Junto com a leitura constante dos livros disponíveis, outra coisa que ajudou muito na preparação foi assistir telejornais, diariamente”, conta ele.
O desejo de mudar de vida e ter um futuro promissor é a maior motivação de muitos dos presos aprovados, como o de uma moça que cumpre pena no Centro de Regime Semiaberto Feminino de Curitiba (Craf) e que teve quatro aprovações em universidades distintas. “O melhor de tudo é minha mãe voltar a ter orgulho de mim e sair desse ambiente que nunca foi meu”, resume ela, que prefere não ser identificada.
ENEM – De acordo com levantamento da Coordenação de Educação, Qualificação e Profissionalização de Apenados do Departamento de Execução Penal (Depen) do Paraná, em 2014 foram inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em edital específico para pessoas privadas de liberdade, 1.730 presos do sistema penitenciário do Paraná, dos quais 1.556 realizaram a prova.
“Esse resultado tão positivo se deve ao incentivo das direções dos estabelecimentos penais, ao auxílio de muitos professores que atuam na educação básica que, voluntariamente, preparam os candidatos, ao material didático fornecido por alguns parceiros e ao apoio do Setor de Pedagogia dos Estabelecimentos Penais”, avalia a coordenadora de Educação do Depen.
