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O rendimento do etanol nos carros flex é, em média, 32% mais baixo que o da gasolina, tanto na cidade quanto na estrada. Por isso, em grande parte dos veículos só compensa abastecer com álcool se ele custar, no máximo, 68% do preço do combustível fóssil.
A estimativa foi feita pela Gazeta do Povo com base em dados do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular. Na edição deste ano, o Inmetro testou 360 modelos à venda no país, dos quais 230 bicombustíveis.
Os testes mostram que a “regra dos 70%” – pela qual o etanol deixa de ser vantajoso quando seu preço passa de 70% do valor da gasolina – não serve para a maioria dos automóveis.
Embora essa fórmula leve em conta o poder calorífico dos dois combustíveis, o fato é que cada motor flex tem uma calibragem. E a maioria privilegia o uso de gasolina. No trânsito urbano, apenas 23 modelos bicombustíveis testados pelo Inmetro conseguiram, com álcool, um rendimento igual ou superior a 70% do alcançado com a gasolina. Na estrada, 29 atingiram esse desempenho.
É importante ressaltar que um motor com baixo rendimento do álcool em relação à gasolina não é, necessariamente, “beberrão”. Exemplo disso é o Renault Clio 1.0. Com ambos os combustíveis, ele foi o carro flex de menor consumo nos testes do Inmetro; mesmo assim, a eficiência do álcool nesse veículo ficou abaixo de 70% da atingida pela gasolina.
Preço em alta
Em Curitiba e boa parte do Paraná, conhecer a relação etanol/gasolina de seu carro era quase irrelevante até poucos anos atrás. Entre 2003 e 2010, o álcool foi quase sempre bem mais barato – na média desse período, ele foi vendido pelo equivalente a 61% do preço da gasolina.
De 2011 para cá, no entanto, o encarecimento do etanol tornou a gasolina mais competitiva. E, mesmo com os aumentos recentes, ela ainda é a opção mais econômica.
A relação entre os dois combustíveis está em aproximadamente 72%, o que faz com que, no trânsito urbano, o álcool seja vantajoso para apenas quatro carros – dois modelos do Ford Fiesta hatch e dois do Kia Picanto, veículos em que o etanol tem melhor rendimento relativo.
Com o avanço da colheita da safra de cana, esse porcentual tende a diminuir nas próximas semanas, restabelecendo – ao menos por um tempo – a vantagem do combustível vegetal.
Consumo em baixa
Nos últimos anos, a perda de competitividade derrubou o consumo de etanol. Em 2012, foram vendidos 9,9 bilhões de litros no país, 40% abaixo do recorde alcançado três anos antes. Em compensação, a demanda por gasolina avança sem freios: cresceu 56% desde 2009 e, no ano passado, beirou os 40 bilhões de litros.
Eficiência
O Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular é conduzido pelo Inmetro, que, em testes de laboratório, mede o consumo de combustíveis e a emissão de poluentes de veículos à venda no país. Para simular situações reais de uso, o Inmetro usa um fator de ajuste que “embute” no resultado final aspectos como qualidade do combustível, estado dos pneus, uso de ar-condicionado, conservação de vias e diferentes maneiras de dirigir. A adesão das montadoras ao programa é voluntária – os 360 modelos testados em 2013 correspondem a 83% do mercado.