Narradores Esportivos de Cambé

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Matéria Jornal Nossa Cidade:
O Jornal Nossa Cidade publica nesta edição a última reportagem da série “Narradores Esportivos de Cambé”, um trabalho que buscou mostrar aos leitores a história particular de cada um dos três narradores que viveram a história do Rádio de nossa cidade em diversas épocas. Encerramos a série com Wanderlei Freitas, o mais antigo dos três.

HISTÓRIA VIVA DA RÁDIO CAMBEENSE

Wanderlei Freitas recebeu nossa reportagem em sua residência, onde vive tranquilamente ao lado de seus familiares. Um pouco reticente contou a sua história de radialista, destacando que nunca teve intenção de abraçar de vez o rádio como profissão, mesmo porque, desde menino sentia uma forte vocação pela área contábil e alem disso, quando tudo começou, essa atividade era vista com muita ressalva já que a fama de boêmios predominava entre o pessoal que fazia do rádio uma atividade profissional. Por isso mesmo toda a sua trajetória como radialista está limitada a nossa cidade, porém, não por falta de oportunidades, mas sim por opção de vida.

Quando alguns empresários cambeenses investiram na fundação da Rádio Emissora de Cambé – ZYS-36 lá pelos anos de 1955, a mesma tinha seu estúdio na Rua França, esquina com Espanha, onde hoje funciona o Máster Restaurante. O nosso entrevistado já morava no mesmo endereço onde reside atualmente, na Avenida Canadá e dada à proximidade, pegou o hábito de se dirigir todas as noites à emissora para “papear” com seu amigo Hermes Fadel que lá trabalhava como técnico de som e, principalmente para ler a Gazeta Esportiva onde ambos devoravam e discutiam as notícias do time do coração, a S. E. Palmeiras. Isso acontecia religiosamente todas as noites. De tanto ler os jornais esportivos da época principalmente “A Gazeta Esportiva” e frequentar os bastidores da rádio, pegou gosto e acabou por se tornar o redator dos programas de esportes da emissora.

Por volta de 1957, iniciaram-se as transmissões externas, um grande “avanço na radiofonia cambeense“. “As transmissões ao vivo dos jogos do CAC eram feitas diretamente do Estádio Municipal onde hoje funciona o Colégio Estadual Érico Veríssimo. Através deste trabalho toda a cidade acompanhava as grandes tardes esportivas e o noticiário envolvendo os ídolos do futebol cambeense naquela época como Mimim, Italo, Jonas, Quinho, Nelsinho, Fraquito, Nelson Serra e outros. Sem qualquer estrutura, esta atividade exigia um esforço muito grande de todos os funcionários da emissora, que instalavam os fios que iam do Estúdio ao transmissor (abaixo do Cemitério, onde atualmente estão as oficinas da Comdec e de lá ao local do jogo e ainda cuidavam para que os “fios não cruzassem” ou ficassem enroscados em algum galho de árvore. Além disso a tarefa era complementada com o transporte da pesada aparelhagem com maletas de som,enormes rolos de fios e pedestais para microfones. Wanderlei, Vadir Campanetuti, Hilário Afonso, Pau
lo Garcia e Orlando Bagatin iniciavam este trabalho por volta das 13 horas dos domingos para que a transmissão saísse de maneira satisfatória”, lembra.

Wanderlei lembra ainda que “Caetano Cestari Netto era o narrador que chegou a Cambé especialmente para desempenhar essa função. Logo depois Benicio Moreno assumiu a narração dos jogos, mas desistiu logo, passando o bastão para Miguel Haddad que era advogado em nossa cidade, professor e fundador da Escola Técnica Morais Junior”. Foi quando Miguel Haddad convidou Wanderlei para fazer os trabalhos de reportagem nos jogos, agora já no Estádio José Garbelini.

Nestes tempos era comum em todas as emissoras que o repórter de campo narrasse a cobrança dos escanteios. “Assim fui forçado a narrar muitos gols mesmo sem ser o narrador oficial. Como eu tinha um estilo mais rápido e vibrante, bem ao contrário do narrador titular, (também, com 19 anos tudo é mais rápido e vibrante) o pessoal acabou gostando e não demorou muito, Miguel Haddad passou para mim o comando das narrações. José Brunato e Miguel Hadad eram os comentaristas com Oswaldo Garcia e Ataide Ferreira nos trabalhos de reportagem. Como o futebol estava em alta na região, essa equipe era detentora de um grande índice de audiência e se identificava bastante com a cidade”, disse.

Wanderlei Freitas diz que guarda com alegria as recordações desse tempo, pois coube a ele descrever e transmitir grandes momentos da equipe que representava Cambé nas principais competições esportivas. Esse trabalho começou em 1959 e perdurou com a mesma intensidade até o início da década de 1970. Depois disso dedicou-se mais às suas atividades de professor na área de contabilidade, contador e até na agricultura, mas o seu trabalho no meio radiofônico continuou.

“Nos primeiros anos da década de 60, com o campeonato paranaense regionalizado, todas as cidade viviam entusiasmadas a cada rodada do certame. Porém as emissoras tinham grandes dificuldades para transmissões dos jogos fora de sua cidade e adotou-se o sistema de ‘cadeias’, ou seja, grande parte das rádios faziam parcerias com a emissora do local onde estava sendo realizado o jogo”, lembra.

Assim Wanderlei Freitas tornou-se conhecido como narrador em várias cidades como Maringá, Mandaguari, Paranavai, Cornélio Procópio e outras, surgindo assim convites para mudança radical em sua vida. Em Cambé trabalhava no ramo de contabilidade e tinha o rádio como simples alternativa nas horas vagas. Foi quando recebeu proposta irrecusável de Antonio Paulo Pucca que era narrador e responsável por uma emissora de Maringá. Seria redator e apresentador de programas esportivos diários e se revezaria com Pucca, na narração dos jogos do Grêmio Maringá. Tudo acertado se apresentou ao seu novo emprego numa sexta-feira às 18h30, trabalhou em um programa de esportes e ficou aguardando que alguém o levasse ao hotel onde seria sua residência, o que aconteceu bem tarde da noite, porque primeiro, seus novos colegas fizeram “visitas” a inúmeros bares da cidade.

No domingo deveria trabalhar no jogo do Grêmio contra o Londrina e sua nova “casa” já anunciava a estreia do novo narrador, quando finalmente,“caiu a ficha”. Era sábado e estava longe de sua namorada. Teria que passar um final de semana sem os carinhos daquela que mais tarde seria sua esposa e no domingo trabalharia em um jogo, mas não seria jogo do CAC equipe que ele tanto gostava. Descobriu então que o sucesso profissional é menos importante que fazer o que gosta ao lado das pessoas que lhe são queridas. Abandonou tudo, pegou o ônibus e à noite já estava na casa de Leonilda Bissochi, saboreando aquele pão caseiro e chá mate que somente Dona Rosa sabia preparar. Foi uma atitude que provocou uma guinada em sua vida, da qual nunca se arrependeu. Mesmo assim surgiram outras oportunidades para engrenar profissionalmente no rádio. Helio Claudino insistiu para levá-lo para trabalhar numa emissora de Cornélio Procópio. Em seguida este mesmo radialista, Helio Claudino, assumiu departamento de esportes da Rád
io Paiquerê e o queria na equipe. Combinou tudo certinho, mas na mesma semana, surgiu oportunidade de trabalhar no Departamento de Contabilidade da Transparaná que era uma poderosa empresa de Londrina.

Mais uma vez a opção por uma possível carreira no rádio foi deixada para um segundo plano. Continuou militando em rádio atuando na Rádio Tabajara, Difusora Londrina e narrou alguns jogos de futsal pela Alvorada e até cobriu o campeonato Brasileiro de Futsal realizado em Florianópolis, ao lado de Rubens Fernando Cabral. Depois diminuiu o ritmo de atividades radiofônicas dando prioridade a sua vida na área contábil e também como professor atuando no Colégio Olavo Bilac desde 1965.

No início de 1990 o amigo Mauro Segura o “ressuscitou” para o Rádio convidando-o para cobrir a Copa Pelé de Futebol entre países da América do Sul que se realizava em São Paulo. Uma parceria que deu certo e ao lado de Mauro Segura esteve trabalhando nos principais eventos de futebol do Pais pelas rádios Cultura de Rolândia, Metropolitana de Cambé e Rádio Londrina. Atualmente se dedica mais à TV Cambé e esporadicamente à Rádio Cidade. Considera-se uma pessoa realizada que fez tudo o que gosta e preza muito o grande número de amigos que fez em sua trajetória de radialista “doméstico”.

HISTÓRIAS ENGRAÇADAS

SÓ O PALAVRÃO RESOLVE

No ano de 1958 era grande a expectativa pelas primeiras transmissões de futebol da Rádio Emissora de Cambé para cobrir os jogos do Cambé Atlético Clube. A expectativa era ainda maior naquele dia que o CAC jogaria contra a temível Portuguesa de Londrina, um verdadeiro clássico regional. Antes da abertura oficial da “grande Jornada Esportiva”, havia um verdadeiro “ritual” para avaliar a qualidade de som, testar a linha, chamando o estúdio para sentir se estava tudo em ordem, já que, sem telefone, a comunicação entre o estádio e o estúdio era feita pela linha de transmissão, ou seja, no ar. Naquele dia, Caetano Cestari Neto estava pronto para narrar ”lance por lance” do grande jogo e logo cedo empunhou o microfone para os costumeiros testes e começou a chamar o estúdio : Alô, Alô estúdio… Estádio chamando. Alô… Alô estúdio, informe a qualidade de som que está recebendo. Ninguém respondia. Sinal evidente que o som não estava chegando nem no estúdio.

O tempo ia passando, as equipes já em campo e o Caetano continuava. Alô alô estúdio. Alô Estúdio – Alô estúdio informe a nossa qualidade de som queremos entrar em definitivo. O nosso narrador ia perdendo a paciência, mas continuava: “Alô estúdio. Alô estúdio. Depois de inúmeros “alô alô, estúdio” o jogo já tinha começado e o Caetano explodindo de raiva e já conformado que naquela tarde não haveria transmissão e pronto para desligar a maleta, gritou a todo pulmão: ALO, ALÔ ESTUUUDIO PUTA QUE O PARIUU. Para grande surpresa finalmente veio do outro lado a tão esperada voz do Plantão que dizia calmamente: pode falar quem chamou. Alô estádio já estamos no ar…

GOL COM O DENTE?

Naquela época, era comum a imprensa viajar com a delegação do CAC quando o jogo seria em outras cidades. As viagens na maioria das vezes eram feitas em carros de dirigentes e duas ou três Kombis no mesmo dia do jogo, com saída por volta das 9 horas, conforme a distância a ser percorrida. Um domingo o CAC jogaria em Mandaguaçu contra o “C. A. Independente”, daquela cidade em jogo válido pelo Campeonato Paranaense. “Eu seguia com a delegação e estava sentado no banco da frente ao lado do motorista e nos outros bancos a maioria dos jogadores entre eles, Alberi, um moreninho bem falante, pernas tortas como um alicate, muito alegre que atuava como ponta direita.

Devido a minha posição, eu estava ‘controlando’ o rádio e todos queriam ouvir os comentários das emissoras de São Paulo a respeito do jogo do dia anterior quando o Santos havia vencido ao Corinthians em mais uma exibição de gala do ataque Dorval, Mengalvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Estávamos todos em silêncio ouvindo atentamente os comentários de Mário Morais e reprise dos gols daquele jogo. Ao reprisar um gol de Pelé, Pedro Luiz da Rádio Pan Americana era todo entusiasmo na descrição do lance e dizia em alto e bom som que Pelé havia feito um gol que ia para a história. Um gol verdadeiramente antológico. Estes lances e comentários ficavam em nossas memórias.

Já em Mandaguaçu, as equipes em campo, fui fazer uma entrevista gravada com o Alberi. Ele todo animado, fazendo aquecimento dava saltos e mais saltos, veio ao meu encontro e disparou: hoje vou jogar como nunca. Quero fazer um gol igual ao que Pelé fez ontem, um gol ‘ODONTOLÓGICO”.

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