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Câmbio e eleição reduzem confiança externa no Brasil – Aliado de Dilma atua contra investigação –
Aliado de Dilma furtou dados, diz jornalista – PF e seguranças de candidato apontam armas em tumulto – Dois objetos foram atirados contra Serra durante confronto no Rio anteontem …

FOLHA DE S.PAULO

Dilma vai a 56% dos válidos e abre 12 pontos sobre Serra
Pesquisa Datafolha confirma que Dilma Rousseff (PT) estancou sua perda de votos iniciada no final de setembro. A petista voltou a subir e agora tem uma vantagem de 12 pontos sobre José Serra (PSDB) na disputa pela Presidência da República. Quando se consideram os votos válidos (excluídos brancos, nulos e indecisos), a petista tem 56% contra 44% do tucano. Esses 12 pontos de vantagem estão abaixo do que foi registrado na véspera da eleição do último dia 3, quando o Datafolha fez uma simulação de eventual segundo turno – Dilma tinha 57% contra 43% de Serra.

A pesquisa foi encomendada pela Folha e pela Rede Globo. O Datafolha entrevistou ontem 4.037 pessoas em 243 cidades. A margem de erro é de dois pontos, para mais ou para menos. Em relação à semana passada, as oscilações dos percentuais totais de votos válidos foram todas no limite da margem de erro. Dilma tinha 54% (com mais dois pontos, foi a 56%). Serra tinha 46% (e deslizou para 44%). Nos votos totais, Dilma aparece com 50% (tinha 47% há uma semana). Serra tem 40% (contra 41% do levantamento anterior). Os que dizem votar em branco, nulo ou nenhum continuaram estáveis, com 4%. Os indecisos oscilaram de 8% para 6%.

Os votos da terceira colocada no primeiro turno, Marina Silva (PV), registraram um movimento favorável a Dilma nesta semana. A petista cresceu oito pontos nesse grupo, de 23% para 31%. Ainda assim, Dilma continua bem atrás de Serra entre os “marineiros”. O tucano sofreu uma queda de cinco pontos, de 51% para 46%.

Popularidade de Lula e Nordeste alavancam Dilma
A melhora de Dilma Rousseff (PT) teve como alavanca principal o seu desempenho no Nordeste, combinado com um novo recorde de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No Nordeste (cerca de 27% dos eleitores do país), Dilma cresceu cinco pontos em uma semana, indo de 60% a 65% das intenções de voto.

Já Lula registrou nesta semana 82% de aprovação para o seu mandato (respostas “bom” e “ótimo”), a maior taxa desde quando assumiu o Planalto, em janeiro de 2003. Essa é também a melhor marca já apurada pelo Datafolha para todos os presidentes civis desde 1985.

Agressão a Serra é uma farsa, diz Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou o candidato José Serra (PSDB) de simular ter sido agredido durante ato de campanha no Rio anteontem. Lula chamou o incidente de “mentira descarada” e “farsa”. Citando imagens das redes de TV SBT e Record, o presidente disse que Serra foi atingido por uma bola de papel e só após receber um telefonema, 20 minutos depois, “fingiu” ter sido agredido.

O vídeo que mostra o tucano sendo atingido por uma bola de papel, exibido pelo SBT, entretanto, corresponde a um momento anterior ao candidato ter sido atingido por um rolo de fita crepe, já no final da caminhada em Campo Grande, no Rio. “A mentira que foi produzida ontem pela equipe de publicidade do candidato José Serra é uma coisa vergonhosa. Ontem deveria ser conhecido como dia da farsa, dia da mentira”, disse Lula, após inaugurar obras do Polo Naval em Rio Grande (309 km de Porto Alegre).

O presidente comparou Serra ao ex-goleiro da seleção chilena de futebol Roberto Rojas, banido após fingir ter sido atingido por um foguete sinalizador em partida contra o Brasil, em 1989.

PSDB pretende questionar fala do presidente
O PSDB pretende questionar na Justiça o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelas declarações dadas ontem, em que classifica como uma farsa a agressão alegada por José Serra. Para o presidente da legenda, Sérgio Guerra, a presença de militantes do PT no ato de campanha de Serra revela desespero do partido em relação às eleições. Ele disse que existe uma “grande conspiração” do PT para interferir no pleito.

“Houve um ato de violência contra o nosso candidato, contra a democracia. Não aceitamos isso, não pense o presidente que está acima do mal, que pode fazer tudo o que quiser, desrespeitar a democracia. A Justiça é sempre o caminho, nem sempre eficaz”, afirmou, em coletiva no Rio. Guerra não detalhou que tipo de questionamento vai fazer na Justiça em relação à fala de Lula.

Dois objetos foram atirados contra Serra durante confronto no Rio anteontem
Imagens feitas pela Folha mostram que o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, foi atingido por um objeto circular e transparente durante uma caminhada na quarta-feira em Campo Grande, zona oeste do Rio. As imagens foram examinadas pelo perito Ricardo Molina, a pedido da TV Globo, e exibidas ontem à noite no “Jornal Nacional”. Ele também examinou as imagens exibidas pelo SBT, quando Serra é atingido por um objeto que parece uma bolinha de papel. Concluiu que são momentos distintos.

Tucano rebate petista e afirma que agressão “não foi nada leve”
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse que a agressão que sofreu anteontem, durante campanha na zona oeste do Rio, “não foi nada leve” e que não houve simulação. Ele afirmou que o presidente Lula, ao falar em “farsa”, está “dando cobertura a atos de violência”. “Eu fui agredido ontem [anteontem]. Todo mundo que estava em volta viu. Não foi nada leve”, disse Serra ontem em Ponta Grossa (PR).

“O engraçado é que aquelas pessoas que pensam que houve simulação, na verdade, estão me medindo com a régua deles. Eles provavelmente fariam simulação e outras coisas desse tipo.” Serra afirmou que foram arremessados contra ele diversos objetos. “Fui atingido por outras bolinhas de papel, empurrões, raspões de bandeira, até que veio esse objeto mais pesado. Bateu na cabeça, fiquei tonto, fiquei um pouco grogue, mas não cheguei a desmaiar”, afirmou.

Sobre as declarações feitas ontem por Lula, que o acusou de simular a agressão, Serra fez a ressalva de que ia falar com base apenas no que os jornalistas lhe contaram. “Fico preocupado com a principal autoridade da República, de alguma maneira, dando cobertura a atos de violência”, afirmou.

Balão de água é arremessado contra Dilma
Em reduto tucano, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, enfrentou ontem clima de hostilidade e quase foi atingida por dois balões cheios d’água, atirados de um edifício contra o carro aberto em que ela pedia votos com aliados. Após o incidente, os petistas encurtaram a passagem pelo centro de Curitiba, um dia depois de José Serra (PSDB) ser agredido, no Rio, por um objeto que ele disse ser um rolo de adesivos arremessado por rivais.

Dilma ouviu vaias e foi alvo de provocações de eleitores tucanos que assistiam à sua passagem de janelas de escritórios. Alguns exibiram propaganda de Serra e fizeram gestos obscenos. No meio do cortejo, dois balões cheios d’água foram lançados contra o jipe em que ela acenava para o público. Um deles explodiu no capô do veículo, a poucos centímetros de Dilma e dos senadores eleitos Roberto Requião (PMDB-PR) e Gleisi Hoffmann (PT-PR).

Petistas reagiram com um coro de xingamentos, mas não conseguiram identificar o agressor, que se escondeu. Aliados improvisaram uma proteção. Requião abriu um guarda-chuva sobre ela. Dilma trocou o sorriso por um semblante tenso. Minutos depois, parou para discursar e se confundiu: “Eu serei uma presidenta comprometida com o desenvolvimento do Pará”. Voltou a ouvir vaias e se corrigiu, acrescentando a sílaba “ná”.

Lula fará campanha diária até a véspera da votação
O estado-maior da campanha de Dilma Rousseff (PT) definiu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará aparições diárias em favor de sua candidata até o último dia permitido pela legislação. De hoje até o dia 30, véspera da votação, o presidente só não tem, por enquanto, compromissos previstos para os dias 25 e 26 deste mês.

A agenda prévia foi alinhavada no Palácio da Alvorada durante reunião do chamado grupo dos sete, na noite de quarta-feira. Além de Dilma e Lula, integram o time o ministro Franklin Martins (Comunicação Social), o marqueteiro João Santana e os coordenadores Antonio Palocci, José Eduardo Dutra (presidente do PT) e José Eduardo Cardozo.

No encontro, o presidente mostrou-se “animado” com o quadro eleitoral, mas deu um alerta: “é proibido cochilar” nesta reta final. Por isso, não poupará esforços. Lula já tem atividades previstas em 8 dos 10 dias que faltam para o fim da corrida ao Palácio do Planalto. Em alguns casos, buscará votos sozinho, como são os casos de comícios no Nordeste.

Líderes evangélicos duelam por aliados
A guerra eleitoral entre partidários de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) se estendeu aos templos evangélicos. Edir Macedo, da Igreja Universal, que apoia a petista, e Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, aliado do tucano, trocam farpas na internet em defesa dos seus candidatos.

O bispo Macedo atacou primeiro, questionando o interesse do pastor da Assembleia de Deus ao apoiar Serra. No último sábado, em seu blog, o líder da Universal pôs em dúvida os argumentos de Malafaia para trocar Marina Silva (PV), a quem anunciou apoio no início da campanha, pelo tucano.

“Para justificar que não apoiaria a candidata Dilma, acusou o PT de ser a favor do aborto e apoiar o casamento de homossexuais. Pronto, o caminho estava aberto para, sabe-se lá com que interesse, apoiar o candidato Serra”, afirmou, lembrando ainda da acusação de que Mônica Serra, esposa do tucano, teria feito um aborto. “O que fez o pastor Malafaia mudar de lado? Ele vai continuar apoiando o Serra?”, questionou Macedo.

No contra-ataque, Malafaia pôs anteontem em seu site o link para um vídeo em que classifica Macedo de “mentiroso” e diz que ele foi “comprado pelo governo”. “Sua emissora [TV Record] recebe milhões do governo, você foi comprado para defender a Dilma. Sua emissora é chapa branca”, disse.

Encontro na Record não vai ter bloco com perguntas feitas por jornalistas
Penúltimo confronto na televisão entre os candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) antes das eleições, o debate da Record não terá bloco com perguntas feitas por jornalistas. O duelo está marcado para as 23h de segunda-feira, dia 25. Na última vez que se enfrentaram, no debate Folha/RedeTV!, foram perguntas de jornalistas que causaram embaraços para ambos.

Na ocasião, a petista e o tucano foram questionados sobre denúncias envolvendo seus assessores. Segundo a Folha apurou, a campanha de Dilma vetou a participação de jornalistas. Os assessores de Serra acabaram cedendo. O último embate será na TV Globo, no dia 29. As regras ainda não estão definidas, mas provavelmente também não haverá intervenção de jornalistas.

Aborto tem que ser discutido na eleição, diz CNBB
O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Geraldo Lyrio Rocha, disse ontem que a questão do aborto não pode ficar fora de campanhas eleitorais. O religioso se referia a críticas de setores da sociedade que alegam que o assunto contaminou a disputa presidencial. “Não se podia entrar num processo eleitoral sem trazer à tona temas dessa natureza, que são de máxima relevância”, disse dom Geraldo, depois de apresentar material da nova Campanha da Fraternidade.

O arcebispo de Mariana (MG) defendeu também o direito de a igreja se manifestar sobre o tema. “Numa sociedade democrática, o que não se pode fazer é querer silenciar a igreja como se ela não pudesse manifestar a sua posição”, argumentou.

Agnelo abre 23 pontos de frente sobre Weslian no DF
O petista Agnelo Queiroz, candidato a governador do Distrito Federal, mantém o crescimento nas intenções de voto e abre vantagem de 23 pontos sobre a candidata Weslian Roriz (PSC). Segundo pesquisa Datafolha feita ontem e anteontem, Agnelo tem 54% das intenções de voto, contra 31% de Roriz. Na semana passada, o petista aparecia com 53%, e sua adversária, com 35%.

Brancos e nulos somam 8%, e 7% dos eleitores estão indecisos. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. Se considerados os votos válidos (brancos, nulos e indecisos são excluídos), Agnelo tem 64% das intenções de voto, contra 36% de Roriz. Entre os entrevistados, apenas 10% afirmam que ainda podem mudar de voto.

PF e seguranças de candidato apontam armas em tumulto
O governador de Roraima e candidato à reeleição, Anchieta Júnior (PSDB), foi abordado ontem por agentes da Polícia Federal, em Boa Vista. A ação causou tumulto, uma vez que seguranças dele e agentes federais apontaram armas uns para os outros, no centro da cidade, perto do Palácio do Governo.

A Polícia Federal afirma que investigava uma denúncia de transporte ilegal de dinheiro para compra de voto e que não sabia que o governador estava em um dos veículos. O carro em que Anchieta estava e outro veículo onde estavam seus seguranças foram revistados pelos policiais. Nenhuma irregularidade foi constada e nenhuma pessoa foi detida.

Mesmo assim, a ação policial foi suficiente para acirrar os ânimos. Cerca de 200 pessoas, entre correligionários de Anchieta e do candidato de oposição, Neudo Campos (PP), foram para a frente do prédio da Superintendência da Polícia Federal em Roraima, onde realizaram protestos. Três pessoas foram detidas sob a suspeita de causar tumulto a ordem pública e em seguida foram liberadas.

Aliado de Dilma furtou dados, diz jornalista
Em depoimento à Polícia Federal, o jornalista Amaury Ribeiro Júnior disse “ter certeza” de que foi o deputado estadual Rui Falcão (PT-SP), coordenador de imprensa da campanha de Dilma Rousseff (PT), quem copiou de seu computador dados de pessoas ligadas ao candidato José Serra (PSDB).

Esses dados com informações sigilosas faziam parte de investigação do jornalista sobre privatizações no governo FHC e, como a Folha revelou em junho, estavam em dossiê que circulou neste ano na pré-campanha de Dilma. Na conversa com a PF, o repórter disse que em nenhum momento entregou seu “material a qualquer pessoa e acredita, com veemência, que o mesmo foi copiado de seu notebook”.

Falcão nega ter acessado dados de laptop de Amaury
Deputado licenciado, o petista Rui Falcão divulgou ontem nota em que nega o teor do depoimento do jornalista Amaury Ribeiro Jr à Polícia Federal. Na nota, Falcão afirma que não morou em apart-hotel do Meliá Brasília. “Nego terminantemente – e cabe a quem acusa fazer prova – que tenha copiado dados ou arquivos do mencionado laptop do jornalista”, afirma.

Ainda segundo a nota, “não procedem as afirmações de que tenha residido em apart-hotel do Meliá Brasília, nem tampouco que tivesse chave de qualquer apartamento naquele local”. “Se, porventura, chegou a constar meu nome na recepção do hotel, não é de meu conhecimento, nem de minha responsabilidade”, diz.

Na nota, Falcão diz que teve conhecimento de “um suposto dossiê” pela imprensa. “Quando procurado, sempre informei que a campanha não produzia dossiês, nem autorizava qualquer pessoa a fazê-lo”, diz a nota. Procurado pela Folha, Falcão disse desconhecer a que Jorge o jornalista Amaury Ribeiro faz referência como responsável pelo pagamento de despesas da campanha. Ele não respondeu por que o jornalista o responsabiliza pelo vazamento de suposto dossiê.

Jornal nega ter pago viagens de Amaury
O jornalista Amaury Ribeiro Jr. estava em férias quando encomendou e, segundo a Polícia Federal, pagou pela violação do sigilo fiscal de parentes e pessoas próximas a José Serra (PSDB). Ao voltar das férias, uma semana após ter obtido os documentos fiscais dos tucanos, Amaury deixou seu emprego no jornal “Estado de Minas”, sem aviso prévio.

Amaury fez parte do “grupo de inteligência” da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT). Conforme a Folha revelou em junho, os dados fiscais sigilosos dos tucanos foram parar num dossiê que circulou entre esse grupo.

Em depoimento à PF, o despachante paulista Dirceu Garcia admitiu que recebeu R$ 12 mil em dinheiro de Amaury para comprar as declarações de renda das pessoas próximas a Serra. De acordo com registros trabalhistas, Amaury foi contratado pelo “Estado de Minas” em setembro de 2006.

Para Guerra, depoimento mostra que PT montou farsa
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, afirmou ontem que o depoimento do jornalista Amaury Ribeiro Jr. à Polícia Federal comprova que o PT montou uma “farsa” para tentar acobertar a quebra do sigilo fiscal de familiares do candidato José Serra (PSDB). Em nota, Guerra disse que o PT e Dilma Rousseff forjaram a versão de que a violação ocorreu por conta de uma disputa no PSDB entre Serra e Aécio Neves.

“A leitura do depoimento prestado pelo jornalista revela exatamente o contrário e joga por terra a tentativa do PT de fraudar a verdade: em nenhum momento o jornalista disse ter feito qualquer investigação com o objetivo de proteger o governador de Minas de ações de pessoas ligadas ao governador Serra.” A versão de que Amaury disse querer “proteger” Aécio foi dada pela PF na véspera.

Aliado de Dilma atua contra investigação
Escuta da Polícia Federal aponta que o diretor de Planejamento e Engenharia da Eletrobras, Valter Cardeal, atuou contra investigação da CGU (Controladoria-Geral da União) na estatal elétrica. Procurado, ele afirmou que a CGU reviu a suspeita de irregularidade no programa Luz para Todos, mas negou que isso tenha ocorrido por interferência dele. A CGU afirma que, após pedido de reconsideração, manteve “as impropriedades” anteriores, mas deixou de responsabilizar os diretores individualmente.

O grampo foi feito, com autorização judicial, em 10 de setembro de 2008. Quatro meses antes, Cardeal havia, com base em auditoria da CGU, sido denunciado ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) pela Procuradoria da República, acusado de formação de quadrilha, gestão fraudulenta e desvio de recursos do Luz para Todos.

Cardeal permaneceu no cargo e ainda teve sua defesa paga pela Eletrobras, que contratou um escritório de advocacia por R$ 1 milhão. O diretor é aliado da presidenciável Dilma Rousseff (PT) no setor elétrico há 20 anos, desde o tempo em que ela era secretária de Minas e Energia do RS.

Cardeal diz que, após revisão, CGU não viu lobby
O diretor Valter Cardeal, por meio de sua assessoria, negou “evitar investigações internas” na Eletrobras. Segundo ele, a CGU (Controladoria-Geral da União) reviu relatório de auditoria que se referia a irregularidade no programa Luz para Todos, após a Eletrobras apresentar defesa. A posição final da CGU, segundo Cardeal, é que de não houve “a ocorrência de dolo dos agentes envolvidos”.

A CGU afirma que não houve lobby ou tráfico de influência. Segundo o órgão, é comum diretores pedirem reconsideração de auditorias. Conforme a Eletrobras, Cardeal “continua no cargo porque não cometeu nenhuma ilegalidade”.

Blog vaza respostas da estatal à reportagem
Antes mesmo de a Folha publicar reportagem envolvendo a Eletrobras, o site do jornalista Paulo Henrique Amorim publicou, na noite de anteontem, respostas da estatal a perguntas do jornal. Os questionamentos foram enviados pela Folha exclusivamente à assessoria de imprensa do órgão. Procurada pela reportagem, a assessoria da empresa disse que “vai apurar” o que ocorreu.

A Eletrobras diz que só veicula em seu site as respostas enviadas a jornais após a publicação das reportagens. “Eletrobras desmente matéria da Folha de amanhã” foi o título da nota publicada no site Conversa Afiada, favorável à campanha de Dilma Rousseff (PT).

PF convoca Erenice para dar depoimento a seis dias da eleição
A Polícia Federal marcou para a próxima segunda o depoimento da ex-ministra Erenice Guerra no inquérito que apura tráfico de influência na Casa Civil. A defesa de Erenice tenta adiar o depoimento dizendo que ela só deve falar quando a PF conseguir provas do seu envolvimento na denúncia.

“Quando estiver formalizada a prova ela vai se apresentar, mesmo não sendo obrigada a prestar depoimento contra seus ascendentes ou dependentes”, disse o advogado Mário de Oliveira. Dois filhos da ex-ministra, Israel e Saulo, são acusados de operar esquema de lobby na Casa Civil quando Erenice era secretária-executiva, e Dilma Rousseff, ministra.

Mercado perde fé nas chances de Serra
Durou muito pouco o entusiasmo do mercado financeiro com a possibilidade de uma virada no segundo turno da eleição presidencial. O acirramento da disputa levou muitos investidores a refazer suas apostas na semana passada para considerar a possibilidade de uma vitória do tucano José Serra, mas novas pesquisas fizeram esse otimismo desaparecer.

Os sinais mais visíveis dessa inflexão apareceram no mercado de juros futuros, em que os investidores negociam contratos para se prevenir contra variações inesperadas nas taxas de juros. As taxas negociadas nesse mercado caíram por dois dias na semana passada, logo depois da divulgação de uma pesquisa CNT/Sensus que indicou Serra e a petista Dilma Rousseff quase empatados.

Mas os juros voltaram a subir nesta semana. Dúvidas sobre o comportamento da inflação foram o principal motivo, mas analistas também apontaram a vantagem folgada de Dilma nas últimas pesquisas como um fator. Contratos com vencimento em janeiro de 2012 eram fechados com taxa de juros equivalente a 11,44% antes do primeiro turno da eleição. A taxa desses contratos caiu para 11,22% na sexta-feira e subiu ontem para 11,34%.

Câmbio e eleição reduzem confiança externa no Brasil
Representantes de empresas, governos e instituições internacionais que atuam no Brasil estão menos confiantes de que o país possa manter crescimento com estabilidade econômica, diz pesquisa do Ipea divulgada ontem. O presidente do órgão, Márcio Pochmann, atribuiu o resultado ao debate sobre o câmbio e à “insegurança normal” em períodos de eleição.

A pesquisa, feita a cada três meses com 170 instituições estrangeiras, indica que caiu de 59 para 9 a confiança em que a política econômica favorece o crescimento com estabilidade, apesar de a expectativa de aumento do PIB até 6% ter se mantido (59 pontos). Congresso em Foco

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