Manchete nos Jornais para esta Sexta-Feira 08 de Outubro de 2010

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Interino cogita se candidatar a prefeito em 2012 – Após prisões, Dourados tem nova prefeita – PF de Roraima não dá mais informações sobre o caso Jucá – STM retira da internet relatos de ações históricas – Eleitores reprovam 75% dos candidatos “fichas-sujas” – Fora do 2º turno, Collor decide apoiar candidato dilmista em Alagoas – Prefeito diz que trocou apoio por verba do PAC – PV reage e ensaia rebelião contra Marina…

FOLHA DE S.PAULO

PV reage e ensaia rebelião contra Marina
As críticas de Marina Silva ao suposto apetite do PV por cargos, reveladas ontem pela Folha, provocaram uma rebelião no comando do partido. Próxima ao PSDB, a cúpula verde ameaça boicotar a convenção marcada para o dia 17 e anunciar apoio a José Serra na semana que vem, à revelia da ex-presidenciável. Marina foi duramente atacada em reunião organizada às pressas pelo presidente da sigla, José Luiz Penna, em Brasília. Participaram cerca de 20 pessoas, algumas com cargos no governo paulista e na Prefeitura de São Paulo, administrada pelo DEM. A senadora não foi chamada.

No encontro fechado, o grupo de Penna acusou a candidata derrotada à Presidência de desrespeitar a cúpula do partido, ao qual se filiou em agosto de 2009. “Todos ficaram indignados”. disse Marcos Belizário, secretário municipal da Pessoa com Deficiência em São Paulo. “Estou espantado. Acho um absurdo a pessoa comentar isso de seus dirigentes, seus colegas, das pessoas que se dedicaram à campanha dela.”

Os dirigentes traçaram uma estratégia para demonstrar poder e minar os planos da senadora, que tem indicado que pretende se declarar neutra no segundo turno. Penna convocou uma reunião da Executiva Nacional do partido na próxima quarta-feira, em Brasília. O encontro pode precipitar a decisão da legenda, que havia sido adiada para o dia 17, a pedido da candidata derrotada. Na Executiva, em que Marina tem apenas 10 de 60 votos, a tendência é pela aprovação do apoio a Serra, mesmo que os filiados sejam liberados para tomar outras posições em caráter pessoal. Para reduzir a desvantagem numérica, a senadora havia convencido a cúpula partidária a transferir a decisão sobre o segundo turno a um colegiado mais amplo, com a participação de ambientalistas, religiosos e militantes do Movimento Marina Silva, incluindo delegados sem filiação ao PV.

Ontem, a Folha revelou que, em reunião fechada com aliados, Marina criticou o apetite de dirigentes do partido por cargos. Ela ironizou a notícia de que o PSDB ofereceria quatro ministérios em troca do apoio a Serra. “Quatro ministérios pro PV… Caramba! Do jeito que tem gente aí, basta pensar num conselho de estatal, já estaria muito bom. Certo? Tem esse tipo de mentalidade”, disse a senadora. Marina pretende divulgar hoje uma versão resumida de seu plano de governo, a ser entregue aos candidatos Serra e Dilma Rousseff (PT). A senadora dá sinais de que pretende influenciar o debate eleitoral e arrancar compromissos dos dois presidenciáveis sem se comprometer com apoio a um deles.

Ontem, Marina cancelou reunião com a direção do PV e não fez aparições públicas.

Secretário de Kassab condena neutralidade
Aliado de PSDB e DEM em São Paulo, o secretário municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Marcos Belizário, diz que o PV não pode ficar “em cima do muro” e deve participar do próximo governo. Para ele, o partido se inclina a apoiar José Serra.

Folha – O que o PV deve fazer no 2º turno?
Marcos Belizário – Sou contra a gente ficar em cima do muro. Quem está na política tem que escolher um caminho, tem que apoiar alguém.

O sr. é contra uma eventual neutralidade do PV?
Os dinossauros do PSOL é que declararam voto em branco, como se fosse descer um anjo do céu e resolver os problemas do país.

E se Marina não quiser apoiar PT ou PSDB?
Ela tem todo o direito de fazer isso, mas tem que respeitar a decisão do partido. Não podemos achar que a Marina teve 20 milhões de votos sozinha. O partido elegeu a mesma bancada com e sem ela.

A Executiva vai declarar apoio a Serra?
Isso é uma tendência. Existe uma proximidade maior. Mas não significa que haverá o apoio. Não vou abrir meu voto agora porque estaria descumprindo um acordo do partido e seria deselegante. Agora, há uma tendência de proximidade.

“Privataria” do PSDB e “mafiosos” do PT levaram eleição ao 2º turno
Integrado nesta semana à coordenação da campanha de Dilma Rousseff (PT), o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), 52, diz que escândalos do PSDB, aliados a outros promovidos por “aprendizes de mafiosos” do PT, simbolizam a “frouxidão moral” que teria levado parte dos eleitores a votar em Marina Silva (PV) e levar a eleição para o segundo turno. Ciro voltou a criticar o PMDB dizendo que há contradições “graves” e ainda não resolvidas na aliança de Dilma, mas considera que no Brasil é impossível governar sem essas contradições.

Folha – O que o sr. pode acrescentar de novo à campanha?
Ciro Gomes – O segundo voto mais relevante, especialmente o voto mais qualificado nas grandes capitais brasileiras, foi o voto dado à Marina. E eu quero crer que o pulso fundamental desse voto é de natureza ideológica e ética. É preciso discutir com essas pessoas e dar a elas os argumentos para que elas relativizem a simpatia correta que tiveram pela Marina e entendam que agora o que está em discussão não são nossas simpatias, mas o futuro do país, antagonizado por dois projetos que felizmente são muitos claros.

Isso leva a uma frase que o sr. disse, a tal da “frouxidão moral”, que afetou tais pessoas.
PSDB e PT.

O que é PSDB e PT? O caso Erenice é um exemplo?
Não, você pergunte isso pro PSDB. Pra mim, que sou aliado do PT, você pergunte aos do PSDB. Então vou te dar aqui todo o conjunto de prática que esse grande jornalista que é o [colunista da Folha] Elio Gaspari chama de privataria, o processo de privatizações. O cidadão está no telefone falando com o FHC, então presidente da República, dizendo que operaram no limite da irresponsabilidade [na verdade, a conversa captada pelos grampos do BNDES, em 98, é de Ricardo Sérgio com o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros]; o Serra nomear pro centro de eventos de São Paulo um banqueiro chamado Márcio Fortes, do Rio [Fortes foi nomeado presidente da Emplasa em 2009]; o Serra assumir a Prefeitura de São Paulo e, como primeira providência hospedar os saldos da Prefeitura de São Paulo em um banco privado [em 2005, Serra tentou repassar ao Itaú e ao Bradesco o gerenciamento das principais contas bancárias da prefeitura]. Não adianta você escrever que não sai, não é publicada essa informação. E, do outro lado, os aprendizes de mafiosos do PT, que de vez em quando mandam uma dessa.

Caso Erenice, por exemplo?
Isso é você quem está dizendo.

Lula vê Dilma “abatida”, e TV vai vender “favoritismo”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva externa, em privado, preocupação com o “abatimento” de sua candidata à sucessão, Dilma Rousseff (PT), nos últimos dias. Para mudar esse quadro, a reestreia do programa eleitoral na TV, hoje, irá classificar como “vitória” com “votação expressiva” o resultado de Dilma no primeiro turno. Para o presidente, a “prioridade zero” da campanha é reavivar o semblante de “favorita” que sua candidata exibia até domingo.

Em conversa com um governador aliado, Lula recorreu a uma analogia futebolística para explicar sua apreensão. Ele disse que no sábado, véspera da eleição, postou-se diante da TV em São Bernardo para assistir ao jogo Corinthians x Ceará. Corintiano fanático, Lula disse que imaginou que seu time venceria “de lavada”. No intervalo, a equipe do Ceará vencia por dois a zero. Só aos 24 minutos do segundo tempo o Corinthians reagiu. Placar final: dois a dois. Lula resumiu ao interlocutor: “Eu, que esperava do Corinthians uma vitória de lavada, recebi o empate com o Ceará como uma vitória”. Lula compara o rival José Serra (PSDB) ao Corinthians. E Dilma ao Ceará. Acha que o segundo turno deu ao tucano ares de “falso vitorioso”.

O presidente avalia que é essencial repor “a verdade dos fatos”. Ele realça que Dilma amealhou 47,6 milhões de votos, 14,5 milhões a mais que os 33,1 milhões de Serra. O fato de não ter prevalecido no primeiro turno, diz, não lhe tirou a condição de “favorita”. Lula recordou que, em 2002 e 2006, também disputou segundo turno, mas venceu. Lula disse que o Corinthians estava desfalcado, sem Ronaldo e Dentinho. “O time da Dilma está completo. O Fenômeno está em campo”, disse, num autoelogio.

Para acentuar o suposto favoritismo de Dilma, a propaganda mostrará lideranças políticas aliadas na TV. Governadores e senadores eleitos irão aparecer em depoimentos em que defendem a importância da vitória. A intenção é mostrar Dilma como grande favorita. Ao citar os 47,7 milhões de votos recebidos nas urnas, a campanha quer mostrar a petista como “uma das mulheres mais votadas da história da humanidade”, conforme disse ontem o presidente da sigla, José Eduardo Dutra.

PSDB exige maior presença de FHC na TV
Após aparições incidentais no primeiro turno, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a pedido da cúpula do PSDB, terá presença ampliada no programa de José Serra neste segundo turno. Além de exibir positivamente a imagem de FHC, o programa de Serra abordará, já no dia de estreia, um dos temas mais delicados para a campanha da adversária Dilma Rousseff (PT): o aborto. A abordagem será velada. Serra tangenciará o assunto ao pregar a valorização da vida.

No segundo turno, o comando da campanha não abandonará a comparação das biografias de Serra e Dilma. Abundante no programa em bloco, o confronto de currículos também ocupará as inserções comerciais distribuídas ao longo do dia. A campanha do PSDB terá direito a sete minutos e meio diários de inserções. Uma delas vai comparar, metaforicamente, a trajetória dos dois candidatos. Em outros dois comerciais, o candidato agradecerá ao eleitor pelo seu desempenho no primeiro turno e pedirá apoio para a vitória.

Palocci é escalado para diálogo com evangélicos
No esforço para neutralizar a onda anti-Dilma no meio evangélico, o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, um dos coordenadores da campanha petista, procurou lideranças evangélicas para marcar encontros dela com pastores.

Paralelamente, formou-se uma tropa de choque de senadores e deputados evangélicos do PT e de partidos aliados para ajudar a melhorar a imagem de Dilma junto ao eleitorado religioso. Os senadores Magno Malta (PR-ES) e Marcelo Crivella (PRB-RJ), os deputados federais Walter Pinheiro (PT-BA) e Gilmar Machado (PT-MG) e o pastor Everaldo Pereira, vice-presidente do PSC, integram o grupo. “A nossa missão é desdizer as baixarias lançadas contra Dilma na internet e impedir que a eleição vire guerra santa”, diz Walter Pinheiro, recém-eleito senador.

O plano foi definido anteontem. No mesmo dia, Dilma Rousseff abriu espaço na agenda para encontro com o pastor Marcos Pereira, da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, no Rio, e Palocci contatou pastores. Um dos procurados foi o pastor Jabes Alencar, presidente do Cimeb (Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil) e do Conselho de Pastores do Estado de SP. O outro foi o presidente do Conselho de Pastores do Estado de MG, pastor Jorge Linhares.

Serra afirma que Dilma muda opinião segundo “vento do eleitorado”
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra (PSDB), acusou a adversária, Dilma Rousseff (PT), de se manifestar sobre o aborto de acordo com o “vento do eleitorado”, e disse que a petista mente ao dizer ser contrária à legalização da prática.

Dilma voltou ontem a se posicionar contra o aborto, mas afirmou que as mulheres que recorrem à prática não podem ser tratadas como “questão de polícia” pelo governo, e sim de “saúde pública e social”. Em encontro com religiosos em Belo Horizonte, Dilma tentou separar sua opinião da política que implementará, se eleita.

“A minha posição pessoal é contra o aborto. Como presidente da República, (…) eu não posso tratar essa questão como uma questão pessoal.” Ela voltou a usar o nascimento do neto para rechaçar que seja favorável ao aborto: “Seria muito estranho que, quando há uma manifestação de vida no seio da minha família, eu defendesse uma posição a favor do aborto”.

PMDB deve comandar Câmara, diz Temer
O presidente do PMDB, Michel Temer (SP), sinalizou ontem que o partido não vai abrir mão da presidência da Câmara em 2011, embora o PT tenha conseguido eleger a maior bancada da Casa. Temer disse esperar que o acordo firmado na atual legislatura, com o revezamento dos partidos no cargo, se repita no ano que vem. “O que creio que vai acontecer, embora não quisesse tratar desse assunto agora, é que vai se repetir o que aconteceu nesta Legislatura: um biênio [2011-2012] será do PMDB e outro biênio [2013-2014] será do PT. Acho que haverá conversação nessa direção, que é o que a lógica política recomenda.”

O PT elegeu no último domingo 88 deputados federais, se tornando a maior bancada da Casa. O PMDB ficou em segundo lugar, com 79 eleitos. Pela tradição da Câmara, o partido com maior bancada elege o presidente da Casa. Os petistas querem emplacar Cândido Vaccarezza (PT-SP) no cargo, enquanto o PMDB trabalha por Henrique Eduardo Alves (RN).

Prefeito diz que trocou apoio por verba do PAC
Herdeiro do cargo do PSDB, o prefeito de Teresina, Elmano Férrer (PTB), disse ontem que negociou o apoio do seu partido no segundo turno ao candidato “dilmista” no Piauí, Wilson Martins (PSB), em troca da liberação de recursos do PAC. O acerto, segundo ele, foi feito com o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), recém-licenciado para atuar na campanha de Dilma Rousseff (PT).

“Com relação a Teresina, [o apoio] envolve uma articulação com Brasília. Tivemos a oportunidade, no aniversário de Teresina [16 de agosto], de homenagear o ministro Padilha. Espero que seja cultivado esse relacionamento. Em decorrência disso, estamos com vários projetos em tramitação, sobretudo no Ministério das Cidades. Teve aí um pouco de pragmatismo político”, disse, em entrevista à rádio Teresina FM.

Férrer sucedeu Sílvio Mendes (PSDB), que renunciou ao cargo -está no segundo turno na atual eleição. O candidato do PTB, João Vicente Claudino, teve 21,54% dos votos. O PTB nacional apoia Serra (PSDB).

Padilha afirmou, por meio da assessoria, que a seleção de projetos “não segue partidos nem critérios políticos”.

Dilma é campeã de votos em locais com mais Bolsa Família
Dilma Rousseff (PT) foi a candidata mais votada em 147 dos 150 municípios com a maior cobertura do programa Bolsa Família, carro-chefe do governo Lula. Ela só não foi a campeã de votos nos municípios de Roteiro (AL), Japaratinga (AL) e Melgaço (PA), onde José Serra (PSDB) ganhou.

A votação média de Dilma nessas 150 cidades foi de 78,5%, superior aos 46,9% que obteve no país. José Serra teve média de 15,7% (contra 32,6% na votação nacional), e Marina Silva (PV), 5,8% (ante 19,4%). Nos 150 municípios considerados, mais de 71% das famílias recebem Bolsa Família. Para poder participar do programa, a renda familiar por pessoa tem que ser de até R$ 140, e o valor do benefício varia de R$ 22 a R$ 200.

SP antecipa feriado após pressão de tucanos
O governador de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), decidiu antecipar o feriado do Dia do Servidor Público, de 28 de outubro, para o próximo dia 11. A medida coincide com apelos de tucanos preocupados com a possibilidade de que a data original do feriado estimulasse a evasão de eleitores no segundo turno das eleições presidenciais, que acontecerá no próximo dia 31, com Dilma Rousseff (PT) contra José Serra (PSDB).

Procurada pela Folha, a Casa Civil disse que a transferência da data do feriado é “praxe” e citou anos anteriores em que a data também foi ajustada para cair em uma segunda, ou sexta-feira. A Folha apurou que houve movimentação de líderes do PSDB em defesa da modificação do calendário oficial.

Aliados de José Serra demonstraram preocupação principalmente porque o Dia de Finados será comemorado logo após o segundo turno, em 1º de novembro. Assim, com um feriado no dia 28 (uma quinta-feira), um fim de semana e o Dia de Finados (que cairá em uma segunda-feira), os 650 mil funcionários públicos do Estado teriam até cinco dias de folga, o que poderia aumentar a abstenção no dia 31.

Fora do 2º turno, Collor decide apoiar candidato dilmista em Alagoas
Após ficar fora do segundo turno da eleição para o governo de Alagoas, o senador Fernando Collor de Mello (PTB) anunciou ontem publicamente seu apoio e de seu partido à candidatura de Ronaldo Lessa (PDT), que disputa o segundo turno com Teotonio Vilela Filho (PSDB). Segundo aliados do ex-presidente, ele está disposto inclusive a subir no palanque da presidenciável Dilma Rousseff (PT) quando a candidata visitar o Estado.

No primeiro turno, Collor já fez campanha para a petista e colou no presidente Lula, a quem fez diversos elogios. O ex-presidente teve 28,81% dos votos válidos no primeiro turno, ficando apenas 0,35 ponto percentual atrás de Lessa. O tucano teve 39,6%.

Eleitores reprovam 75% dos candidatos “fichas-sujas”
Os eleitores de todo o país reprovaram nas urnas 75% dos candidatos enquadrados na Lei da Ficha Limpa pela Justiça Eleitoral. Ao todo, 157 políticos considerados “fichas-sujas” não conseguiram votos suficientes para serem titulares ou suplentes de cargos caso consigam derrubar nos tribunais as decisões que indeferiram suas candidaturas.

O levantamento feito pela Folha em todos os Estados, porém, mostra que 51 candidatos barrados com base na lei tiveram sucesso nas urnas e podem ocupar vagas ou serem suplentes se em última instância a Justiça decidir que a nova legislação não é aplicável aos casos deles ou é inconstitucional. No dia das eleições, os 208 políticos que tinham candidaturas indeferidas pelos TREs (Tribunais Regionais Eleitorais) ou pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em função da lei receberam 8,7 milhões de votos, mas eles foram considerados nulos.

STM retira da internet relatos de ações históricas
O Superior Tribunal Militar retirou de seu site uma seção que exibia o teor de julgamentos históricos ocorridos no tribunal, como o de participantes da Intentona Comunista, de 1935, e a Revolução Tenentista, de 1922. Na sustentação oral feita nesta semana pela advogada da Folha e no mandado de segurança protocolado pelo jornal, Taís Gasparian cita, como argumento para o tribunal liberar os documentos de Dilma Rousseff, a publicidade de outros julgamentos históricos.

Até a semana passada, contudo, era possível consultar os dados no link “julgamentos históricos”. Para o STM, a seção foi retirada do ar por causa de uma determinação de 2006 para a correção da dados historiográficos imprecisos nos processos. O STM não confirmou a data em que o link saiu do ar nem informou a previsão de retorno dos dados.

Mapa mostra 25 ações de censura eleitoral
O blog “Jornalismo das Américas”, do Centro Knight (Universidade do Texas), lançou um mapa interativo que reúne atos de censura a meios de comunicação ocorridos no período eleitoral. Até agora, o “Mapa da Censura Eleitoral no Brasil” registra 25 casos. O levantamento, atualizado quando surgem novas ocorrências, pode ser acessado pelo endereço is.gd/fQ6T2.

A ferramenta localiza decisões judiciais, leis e atos governamentais que restringem a atuação de jornais, TVs, rádios, sites e blogs. Ao clicar em um ponto no mapa, é aberto um quadro com informações sobre a proibição e links que levam a notícias sobre o fato. Ações do tipo foram identificadas em nove Estados. A Paraíba foi a recordista, com oito atos restritivos.

“Imprensa é livre, o que não significa que seja boa”, diz Franklin
O ministro Franklin Martins (Secretaria de Comunicação) afirmou que o governo conclui até o final do ano uma proposta de regulamentação dos meio eletrônicos de comunicação, o que inclui o acesso à internet por cabo e também por celulares. Martins afirma que não estará no anteprojeto nenhum tipo de censura às mídias, tribunais especiais para julgar jornalistas ou outras tentativas de restrição à liberdade de expressão. “Tribunal de mídia é ficção. Isso nunca foi pensado”, disse.

Em conferência realizada em 2009, foi apresentada proposta de criar um tribunal de mídia e a possibilidade de punir órgãos que “excluam a sociedade civil e o governo da verdadeira expressão da verdade”. O ministro não quis comentar as declarações do presidente Lula, de que a mídia no Brasil age como partido político. Mas afirmou que o atual governo sempre respeitou a liberdade de imprensa. “A imprensa no Brasil é livre, o que não significa que seja boa.” Depois disse que a qualidade depende de jornais e de jornalistas, não de uma lei.

PF de Roraima não dá mais informações sobre o caso Jucá
O superintendente da Polícia Federal em Roraima, delegado Herbert Gasparini, não fala mais com a imprensa sobre a investigação de compra de votos envolvendo o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB). A informação foi dada à Folha ontem à tarde pela direção da PF em Brasília. Antes da confirmação, a reportagem havia sido informada pela assessoria de Jucá que a PF-RR não falaria mais. A assessoria do senador disse que só a PF em Brasília daria informações. Negou, porém, que tenha havido pressão política no caso. A PF em Brasília também negou pressão.

Na semana passada, Gasparini afirmou à Folha que a PF investiga a origem de R$ 1,8 milhão apreendido durante as eleições com suspeita de compra de votos em RR. Desse total, segundo o delegado, R$ 1,1 milhão tem relação direta com a campanha de Jucá -incluindo os R$ 100 mil jogados da janela de um carro que acabara de sair do escritório de Jucá.

Justiça abre processo por calúnia movido pelo PT contra tucano
A Justiça Eleitoral do Rio Grande do Sul aceitou na noite de ontem denúncia contra o candidato tucano à Presidência, José Serra. O PT entrou com representação no Ministério Público pedindo a abertura de um processo para investigar calúnia e difamação supostamente praticadas contra o partido e contra o ex-prefeito de BH Fernando Pimentel, em entrevista do tucano ao jornal “Zero Hora”. Na ocasião, Serra foi questionado sobre a suposta relação do PT com as Farc e sobre dossiê com dados sigilosos de pessoas ligadas ao PSDB.

PF deve convocar Erenice para depor nos próximos dias
Ex-ministra e braço direito de Dilma Rousseff na Casa Civil, Erenice Guerra se tornou um dos alvos centrais da Polícia Federal no inquérito que apura a prática de lobby e tráfico de influência nas dependências do Planalto. Entre hoje e a semana que vem, o Ministério Público vai requisitar à Justiça autorização para que a PF possa copiar e analisar todo o conteúdo do computador usado por Erenice na Casa Civil.

Nos próximos dias, a ex-ministra será chamada a depor e, muito provavelmente, a PF também pedirá a quebra de seu sigilo telefônico. Essas medidas serão estendidas a Vinícius Castro, ex-assessor de Erenice, e Stevan Kanezevic, que também trabalhava na Casa Civil. Os dois são amigos de Israel Guerra, filho de Erenice suspeito de operar um esquema de favorecimento a empresas na administração federal.

Os computadores de Erenice e dos outros dois já haviam sido lacrados pela sindicância interna aberta pela Casa Civil. Ontem, a PF encaminhou ao Ministério Público Federal no Distrito Federal o pedido para periciar as máquinas. Cabe agora à procuradora Luciana Martins solicitar à Justiça a autorização. A PF ainda não decidiu quando chamará Erenice a depor. Isso pode ocorrer em breve ou só após a perícia nos computadores e a provável quebra de sigilos telefônicos.

Petrobras hoje é transparente, afirma Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que a Petrobras, antes “caixa-preta”, tornou-se uma “caixa-branca” e uma empresa “transparente”. “Nem tão assim, mas transparente”, ponderou, em seguida. Ele discursou no batismo da plataforma P-57 da estatal. O presidente fez questão de diferenciar a Petrobras do governo tucano da Petrobras do governo petista. “A Petrobras também recuperou o sentido de empresa brasileira”, afirmou.

“Teve um tempo em que a diretoria da Petrobras – não é no seu tempo, não, José Sérgio [Gabrielli, presidente da Petrobras] – achava que era o Brasil que pertencia à Petrobras, não era a Petrobras que pertencia ao Brasil.” Em seguida, o presidente afirmou: “Ao ponto de ter presidente [da República] que falava: “A Petrobras é uma caixa-preta, ninguém sabe o que acontece lá dentro”. No nosso governo ela é uma caixa-branca, e transparente. Nem tão assim, mas é transparente, a gente sabe o que acontece lá dentro e a gente decide muitas das coisas que ela vai fazer”.

Após prisões, Dourados tem nova prefeita
Vinte e cinco dias depois de assumir a presidência da Câmara Municipal de Dourados (250 km de Campo Grande), a vereadora Délia Godoy Razuk (PMDB), 54, toma posse na manhã de hoje como a nova prefeita da cidade. Em cerimônia marcada para as 12h (horário de Brasília), Razuk receberá o cargo das mãos do juiz Eduardo Machado Rocha, que ocupava interinamente o posto desde 4 de setembro.

Campeã de votos nas eleições de 2008, ela qualificou, em entrevista à Folha por e-mail, o momento vivido pela cidade como “crítico e conturbado” e defendeu a necessidade de “reconstruir a história política de Dourados”. “É lamentável toda esta situação. Passamos por um período conturbado, de incertezas e dificuldades. Mas vamos restabelecer a ordem no quadro administrativo e fortalecer nosso município.”

Razuk foi a única, dentre os 12 vereadores da Casa, a não ser denunciada pelo Ministério Público por suspeita de envolvimento no esquema que, segundo a Polícia Federal, fraudava licitações e desviava verbas públicas. A vereadora disse não ver “mérito” no fato e afirmou que nunca soube da existência de um mensalão na Casa.

Interino cogita se candidatar a prefeito em 2012
A curta experiência como prefeito interino poderá mudar a vida do juiz Eduardo Machado Rocha, 53, diretor do fórum da comarca de Dourados. Ontem, enquanto resolvia trâmites para a transmissão do cargo, anunciou a possibilidade de se candidatar a prefeito em 2012. Isso só irá ocorrer, segundo ele, “se a politicalha voltar a dar as caras na administração do município”.

“Se a politicagem voltar à Prefeitura de Dourados, em detrimento da população, aí eu cogito a hipótese de colocar o meu nome à deliberação do povo para concorrer à prefeitura em 2012”, disse. A candidatura só não virá, afirmou, se prefeito e vereadores “se pautarem por uma conduta honesta e voltada ao atendimento da população”.

Com 25 anos de magistratura e na lista de candidatos a desembargador do Tribunal de Justiça, o juiz disse que se a promoção não vier até 2011, o projeto eleitoral pode se fortalecer. Congresso em foco

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