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As cartas do governo para superar a crise após o país perder selo de bom pagador
A reação do governo ao rebaixamento da nota de crédito veio na forma de promessas renovadas e nenhuma atitude concreta. Enquanto o Executivo não age, a contração da atividade econômica torna mais difícil resgatar a credibilidade e restabelecer a confiança de empresários e consumidores. Para especialistas, não restaram muitas cartas para o Planalto. Mas, se começar logo o ajuste, é possível melhorar a economia no futuro. Estabelecer uma idade mínima para a Previdência, tomar medidas para elevar a produtividade e ampliar as concessões públicas, além de enxugar a máquina, estão entre as opções
O Estado de S. Paulo
Manchete: Dilma faz reunião com ministros e manda cortar R$ 15 bi
Número ainda pode crescer; ordem é reduzir cargos, contratos e investimentos
Para tentar cumprir a promessa de “cortar na própria carne” antes de elevar impostos, a presidente Dilma Rousseff convocou ontem parte dos ministros para ordenar “um pente fino” nos gastos. O plano é economizar cerca de R$ 15 bilhões numa primeira fase, com redução de contratos e cargos comissionados e reavaliação de investimentos. Mas o número ainda pode crescer. Foram duas reuniões. De manhã, Dilma se encontrou com a junta orçamentária do governo, formada por Aloizio Mercadante (Casa Civil), Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento). No fim da tarde, foram chamados outros ministros, de PT, PMDB, PR, PRB e PC do B. A redução de despesas e o enxugamento da máquina têm dois objetivos: criar ambiente para negociar com o Congresso e apresentar ações para tentar evitar novo rebaixamento da nota brasileira. As primeiras medidas devem ser anunciadas nesta semana. Política/Pág. A8
Movimentos sociais podem retirar apoio
Entidades de moradia, educação e cultura, que têm ido às ruas para defender o governo contra o impeachment, ameaçam deixar de apoiar a presidente Dilma Rousseff caso suas áreas sejam incluídas no corte. Pág. A4
Economia em debate: em busca de saída urgente para crise
A perda do selo de bom pagador pelo Brasil, decretada pela Standard & Poor’s, levou o governo a buscar medidas de emergência para evitar novo rebaixamento por outras agências de classificação de risco. Especialistas de variadas tendências sugerem de corte geral de gastos a revisão de regras de previdência, saúde e educação, aumento de impostos e até o uso das reservas internacionais para abater parte da dívida pública. Economia/Págs. B1 a B6
Reportagem especial: Países da UE adotam práticas de guerra contra refugiados
Na tentativa de conter o maior fluxo de refugiados desde os anos 1940, governos de países europeus têm adotado medidas que lembram práticas utilizadas na 2a Guerra, informa Jamil Chade. Em quatro países visitados, foram vistos recursos como braceletes de identificação, vagões especiais, camburões, grades e arame farpado. A violência policial faz parte do cotidiano de milhares de pessoas que tentam fugir de conflitos. Internacional/Pág. A12
Entrevista: José Alexandre Scheinkman, professor da Universidade de Columbia
‘A S&P É UM TERMÔMETRO’
Para economista, decisão da Standard & Poor’s tem custo para o País, mas problemas não teriam sido resolvidos com manutenção da nota anterior. Pág. B6
Análises
B. Appy, M. B. Lisboa, M. Mendes e S. Lazzarini: Desafios para sair da crise
Sustentabilidade fiscal e aumento da produtividade são saídas. Págs. B4 e B5
Armínio Fraga Neto: Respostas à altura da crise
Entendimento de Executivo e Legislativo quanto à gravidade da situação e medidas relativas ao Estado são caminhos. Pág. A2
The Economist: Estrangeiro em terra estranha
O tratamento institucional que o mundo dá aos refugiados nasceu na Europa há 70 anos. Suas lições precisam ser reaprendidas pelo continente. Págs. A14 e A15
Papa defenderá migrantes nos EUA
A defesa dos imigrantes vai estar no topo da agenda da visita do papa Francisco aos EUA informa Cláudia Trevisan. O tema é um dos principais da campanha presidencial para 2016. Pág. A16
Vídeo mostra outra execução feita por PM
METRÓPOLE / PÁG. A19
A maldição da herança :: Dora Kramer
Em qualquer situação, completando ou não o mandato, Dilma Rousseff deixará uma herança maldita, mas não será a única responsável. Política/Pág. A8
Notas & Informações
Reações de um governo relapso Governo terá de improvisar um programa para encenar esforço de arrumação das contas. Pág. A3
A crise do PT não é política Para se reerguer, o partido primeiro precisa deixar de brigar coma moral e com a lei. Pág. A3
Gazeta do Povo
CONJUNTURA
Manchete: As cartas do governo para superar a crise após o país perder selo de bom pagador
A reação do governo ao rebaixamento da nota de crédito veio na forma de promessas renovadas e nenhuma atitude concreta. Enquanto o Executivo não age, a contração da atividade econômica torna mais difícil resgatar a credibilidade e restabelecer a confiança de empresários e consumidores. Para especialistas, não restaram muitas cartas para o Planalto. Mas, se começar logo o ajuste, é possível melhorar a economia no futuro. Estabelecer uma idade mínima para a Previdência, tomar medidas para elevar a produtividade e ampliar as concessões públicas, além de enxugar a máquina, estão entre as opções
QUALIDADE DE VIDA
Brasil, um país longe do ideal para os idosos
O Brasil está longe de ser um paraíso para a terceira idade. O levantamento Global AgeWatch Index 2015, realizado pela organização HelpAge International em 96 países, colocou o Brasil no 56.º lugar. Falta de segurança pública, má qualidade do transporte urbano e baixa escolaridade são os principais desafios do país para garantir o bem-estar da sua população idosa
CRISE MIGRATÓRIA
Falta estrutura para receber os refugiados
A boa vontade demonstrada pelo governo brasileiro nas últimas semanas em receber refugiados sírios no país esbarra na falta de estrutura do sistema público para analisar a concessão do registro nacional de estrangeiros. Atualmente, mais de 12 mil pedidos de concessão de registro nacional aguardam análise. O país tem hoje 8.400 refugiados em situação legal
LUTO
adeus, El Cid
Jornalista, fotógrafo e historiador apaixonado, o curitibano Cid Destefani marcou a imprensa paranaense nos últimos 60 anos. Das lides do jornalismo diário, passou a colecionador de acervos fotográficos – somando mais de 500 mil imagens. Sua morte, neste sábado, deixa de luto a cidade que ele amou
Estado de Minas
Manchete: Vítimas da crise
(AQUI) Além de aumento de impostos, os “remédios amargos” anunciados pela presidente Dilma incluem encolhimento de financiamentos à educação como Fies, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Pronatec e Ciência sem fronteiras. O freio chegou também ao Minha casa, minha vida, que já teve redução de subsídio e aumento de juros para novos contratos. Como Dilma havia prometido implantar a “pátria educadora” e não mexer em programas sociais, até quem recebe o ainda não atingido Bolsa-Família, como Maria Perpétua de Souza (foto), já se angustia com medo de perder o benefício. Pág. 4 E 5
(LÁ FORA) Com a recessão dando sinais de que se aprofundará ainda mais nos próximos meses, brasucas que emigraram no passado e se preparavam para regressar por causa da crise nos países para onde foram, principalmente na Europa, estão desistindo. O eletricista Eliel Ferreira de Souza (foto), que escapou para a Itália no governo Collor, conta que até 2010 nunca deixou de tertrabalho. Mas, de lá para cá, a situação foificando cada vez mais difícil. Ele ia retornar, mas, depois de ouvirrelatos de parentes, decidiu se mudar para os Estados Unidos.“Se não fosse a crise, voltaria ao Brasil. Imagina… seria. Pág. 10
Veja como minimizar efeitos da recessão, que,segundo analistas, será a pior desde a Grande Depressão, nos anos 1930 . Pág. 13
GOVERNO Aumento de até R$ 40 bi em impostos
Em reuniões durante todo o sábado, Dilma e ministros discutiram meios de obter R$ 65 bilhões para zerar o rombo no. Orçamento e fazer superávit de 0,7%do PIB. Corte de gastos de R$ 25 bilhões seria a contrapartida para garantir o restante com elevação de tributos, inclusive a volta da CPMF, partilhada com estados e municípios para ganhar apoio à sua aprovação no Congresso. Pág. 3
Lava-Jato acordo de delação só sai após temporada na prisão
Os 11 principais delatores do esquema na Petrobras passaram, em média, três meses na cadeia antes de assinar acordo para revelar o que sabem. Pág. 6
Folha de S. Paulo
Manchete: Indústria prevê queda preocupante em 2015
Brasil em crise: Manufatura deve fechar o ano representando só 9% do PIB
Reflexo da recessão, a participação da indústria de transformação na economia terá encolhimento preocupante ao final deste ano, de acordo com previsão da CNI (Confederação Nacional da Indústria) feita para a Folha.
O setor mais nobre da indústria, o da manufatura, que chegou a ter participação de quase 18% do PIB em 2004, deve fechar 2015 representando apenas 9% da economia, depois de encenar o ano passado em 10,91%.
0 presidente da CNI, Robson Andrade, tem estimativa mais pessimista: “Nossa participação tende a cair para 8% nos próximos anos”. A indústria de transformação produz, por exemplo, bens de consumo duráveis.
0 ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) classifica a queda de “preocupante” por ser “prematura”, mas espera recuperação do setor por causa do dólar mais Competitivo. Poder A8
Editorial: Última chance
Às voltas com uma gravíssima crise político-econômica, que ajudou a criar e a que tem respondido de forma errática e descoordenada; vivendo a corrosão vertiginosa de seu apoio popular e parlamentar, a que se soma o desmantelamento ético do PT e dos partidos que lhe prestaram apoio, a administração Dilma Rousseff está por um fio.
A presidente abusou do direito de errar. Em menos de dez meses de segundo mandato, perdeu a credibilidade e esgotou as reservas de paciência que a sociedade lhe tinha a conferir. Precisa, agora, demonstrar que ainda tem capacidade política de apresentar rumos para o país no tempo que lhe resta de governo.
Trata-se de reconhecer as alarmantes dimensões da atual crise e, sem hesitação, responder às emergências produzidas acima de tudo pela irresponsabilidade generalizada que se verificou nos últimos anos.
Medidas extremas precisam ser tomadas. Impõe-se que a presidente as leve quanto antes ao Congresso — e a este, que abandone a provocação e a chantagem em prol da estabilidade econômica e social. Também dos parlamentares depende o fim desta aflição; deputados e senadores não podem se eximir de suas responsabilidades, muito menos imaginar que serão preservados caso o país sucumba.
É imprescindível conter o aumento da dívida pública e a degradação econômica. Cortes nos gastos terão de ser feitos com radicalidade sem precedentes, sob pena de que se tomem realidade pesadelos ainda piores, como o fantasma da inflação descontrolada.
A contenção de despesas deve se concentrar em benefícios perdulários da Previdência, cujas regras estão em descompasso não só com a conjuntura mas também com a evolução demográfica nacional. Deve mirar ainda subsídios a setores específicos da economia e desembolsos para parte dos programas sociais.
As circunstâncias dramáticas também demandam uma desobrigação parcial e temporária de gastos compulsórios em saúde e educação, que se acompanharia de criteriosa revisão desses dispêndios no futuro.
Além de adotar iniciativas de fácil legibilidade, como a simbólica redução de ministérios e dos cargos comissionados, devem-se providenciar mecanismos legais que resultem em efetivo controle das despesas — incluindo salários para o funcionalismo —, condicionando sua expansão ao crescimento do PIB.
Embora drásticas, tais medidas serão insuficientes para tapar o rombo orçamentário cavado pela inépcia presidencial. Unia vez implementadas, porém, darão ao governo crédito para demandar outro sacrifico — a saber, alguma elevação da já obscena carga tributária, um fardo a ser repartido do modo mais justo possível entre as diversas camadas da população.
Não há, infelizmente, como fugir de um aumento de impostos, recorrendo-se a novas alíquotas sobre a renda dos mais privilegiados e à ampliação emergencial de taxas sobre combustíveis, por exemplo.
Serão imensas, escusado dizer, as resistências da sociedade a iniciativas desse tipo. O país, contudo, não tem escolha. A presidente Dilma Rousseff tampouco: não lhe restará, caso se dobre sob o peso da crise, senão abandonar suas responsabilidades presidenciais e, eventualmente, o cargo que ocupa.
Edição: Equipe Fenatracoop, 13 de Setembro de 2015, ás 08:00