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Anvisa autoriza o uso de luvas de vinil para procedimentos na área da saúde
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) passou a permitir a utilização de luvas de vinil para procedimentos não cirúrgicos na área da saúde, determinação que coloca em risco os profissionais da área e também pacientes. A luva de vinil não é recomendada para esta finalidade em outros países, pois apresenta qualidade inferior e risco de contaminação muito maior quando comparada à luva de látex.
Além disso, a RDC nº 55/2011, resolução da Anvisa publicada recentemente, que entrará em vigor a partir de maio de 2012, exclui as luvas isentas de látex, como as luvas de vinil e de borracha sintética, do sistema de certificação compulsória do Inmetro. Ou seja, estes modelos não passarão mais por avaliação de qualidade, sendo comercializadas livremente no mercado nacional sem comprovação de eficácia, diferentemente das luvas de látex, que continuam tendo sua qualidade verificada a cada seis meses, conforme disposto na Portaria nº 233 do Inmetro, de 30 de junho de 2008.
A diferença entre os dois tipos de luvas está na matéria-prima utilizada, que confere diferentes características ao produto. Enquanto as luvas de látex destacam-se pela resistência, flexibilidade, elasticidade e conforto, as luvas de vinil são fabricadas a partir de cloreto de polivinila (PVC), um material plástico muito menos flexível, elástico e durável, e mais suscetível a rompimentos e falhas, como microfuros. Outro risco da luva de vinil é o fato de ela apresentar DEHP na sua composição, um componente prejudicial ao organismo que pode ser transferido da luva para o organismo e apresenta toxicidade, especialmente em meninos em fase de desenvolvimento.
A Associação Brasileira de Importadores de Luvas para Saúde (ABILS) observou um aumento na procura de luvas sintéticas, como vinil, nitrilo e neoprene, devido à necessidade de realização de procedimentos em pacientes alérgicos ao látex e também pela identificação de reações alérgicas ao látex nos profissionais de saúde.
As luvas de vinil já foram consideradas uma alternativa interessante às luvas de látex. Porém, após diversos estudos em relação à sua eficiência como barreira de proteção, ficou comprovado que elas proporcionam segurança muito inferior e não apresentam barreira microbiológica. Assim, a recomendação para casos de hipersensibilidade é que as luvas de látex tradicionais sejam substituídas por luvas de látex sem pó (Powder Free) e/ou luvas de borracha sintética, como o nitrilo. Estas opções são regulamentadas desde 2008, estando sujeitas à Certificação pelo Inmetro, atestando eficácia e proteção. Em torno de 90% dos pacientes e profissionais alérgicos ao látex não apresentam hipersensibilidade quando utilizam luvas sem pó.
A ABILS e os fabricantes nacionais de luvas de látex, preocupados com a qualidade da luva na área de saúde, são contrários a essa resolução da Anvisa e desejam alertar os profissionais sobre os riscos de optar pelas luvas de vinil, tanto para a sua saúde quanto dos pacientes. Pergunta-se por que a Anvisa está desconsiderando as estatísticas de falhas das luvas de vinil apresentadas nos estudos científicos internacionais? Não há justificativa plausível para que no Brasil haja diferentes critérios de controle de qualidade das luvas que possuem a mesma finalidade de uso.