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Sem acordo, os cinco cirurgiões cardiovasculares que atendem em Londrina devem entregar carta de descredenciamento até o final do mês; atendimento permanece normal até dezembro.
Após 15 meses tentando entrar em um acordo, os cirurgiões cardiovasculares de todo o Paraná anunciaram que irão se desligar da Unimed. Os cinco médicos credenciados em Londrina devem deixar de atender pelo plano, que possui 165 mil clientes na cidade, e seguir a decisão estadual. Segundo o presidente da Cooperativa dos Cirurgiões Cardio¬vasculares do Paraná (Coopcardio-PR), Marcelo Freitas, uma equipe de cirurgia cardíaca formada, em média, por cinco profissionais, recebe de R$ 1 mil a R$ 1,2 mil por procedimento, que chega a durar um período todo. “É um valor muito pequeno. Via de regra, as equipes têm seu cirurgião fazendo plantão em outras áreas, outras especialidades. Imagina um cirurgião cardíaco que se obriga a fazer um plantão noturno e, no outro dia, vai operar o coração de alguém.”
Na prática, os cirurgiões cardiovasculares de todo o estado continuam atendendo pela Unimed e devem fazê-lo até o final do ano, já que o contrato obriga a prestação do serviço mais 60 dias após a rescisão. Uma audiência com o Ministério Público e os representantes da categoria está marcada para segunda-feira em Curitiba e, de acordo com Freitas, a Unimed propôs uma reunião na mesma tarde para tentar um acordo. “Isso [o descredenciamento] já está definido que vai acontecer. Mas expectativa [de acordo] temos a todo momento. O nosso objetivo é fazer a recomposição, mesmo porque já fizemos com a quase totalidade dos planos de saúde no estado”, garantiu.
O cirurgião cardiovascular Alexandre Noboru Murakami, de Londrina, diz que ainda está atendendo normalmente pela Unimed, mas o descredenciamento será unânime no Paraná até o fim do mês. “Dependendo da cirurgia, ganhamos um terço do que o SUS paga. Vários planos já majoraram isso, mas a Unimed marca uma reunião, não vai ninguém. Virou um jogo de peteca. Inclusive, nosso cronograma de desligamento já está com o prazo estourado”, afirmou.
Marcelo Freitas acrescenta que a carta de descredenciamento deve ser entregue após o dia 22, quando ocorre uma assembleia da categoria médica. Apesar disso, ele assegura que o compromisso com o paciente será mantido. “Até o final de dezembro continuaremos atendendo pela Unimed, na forma da lei. Em janeiro, os trabalhos serão em caráter particular ou com o ressarcimento previsto em lei. Uma coisa fundamental é que o paciente não será refém, nem escudo. Sempre vamos prezar pelo relacionamento e orientar para que ele busque seus direitos.”
Uma cirurgia cardíaca custa cerca de R$20 mil e, conforme Marcelo Freitas, a intenção dos médicos não é esperar que o paciente tenha toda quantia antes da realização do procedimento. Segundo ele, a pessoa precisará dar um cheque calção ou assinar uma promissória e, com o recibo em mãos, pedir ressarcimento junto ao plano de saúde. “O ressarcimento não é uma possibilidade, ele é o caminho. Não é nossa intenção que a pessoa disponha de todo esse dinheiro antes de fazer a cirurgia. Nós damos o recibo e ela só paga quando receber do plano.”
Em nota, a Unimed Londrina informou que ainda não recebeu nenhum protocolo de solicitação de desligamento por parte dos cooperados da especialidade cirurgia cardiovascular e que a solicitação da Coopcardio-Pr “está muito acima dos valores preconizados pela Tabela de Remuneração da Associação Médica Brasileira – CBHPM 10, e que está avaliando a situação de forma conjunta com as demais singulares do sistema Unimed Paraná”.