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A nova geração de videogames já está entre nós desde a última terça-feira, quando o Xbox Series X/S chegou às lojas. Nesta quinta é o aguardado dia de lançamento do PlayStation 5. Mas, antes de curtir a novidade, vale relembrar os videogames que vão ficando para trás. Na semana passada, tratei do Xbox One. Hoje, abordo a trajetória do PlayStation 4.
A quarta versão do game da Sony foi apresentada em fevereiro de 2013, em um evento em Nova York (Estados Unidos). A fabricante vinha de uma geração bem sucedida, porém longe da liderança incontestável na época do PlayStation e PlayStation 2. Alguns games chegaram a ser mostrados na ocasião, mas o visual do aparelho e outros detalhes técnicos só foram revelados na feira de games E3 daquele ano, em junho. Àquela altura, a Microsoft já havia decepcionado muitos fãs no anúncio do Xbox One – como mencionei na coluna anterior -, e muitos migraram para o console da Sony, que seria lançado em novembro de 2013.
O novo videogame era, claro, mais poderoso, mas a Sony se garantiu naquilo que acertava, não inovando muito em sua estratégia. O DualShock 4 era muito semelhante ao controle do PlayStation 3. O principal destaque alardeado pela Sony era o touchpad, atributo que foi mais bem utilizado nos primeiros meses de vida do console, em jogos como Tearway e Infamous: Second Son. A novidade, porém, seria subaproveitada nos anos seguintes. O mais interessante do novo DualShock era mesmo algo bem mais simples: um botão “share”, que facilitava ao jogador tirar “fotos” ou fazer vídeo de jogadas e compartilhar diretamente nas mídias sociais.
Com o passar do tempo, o PlayStation 4 ganharia uma biblioteca de exclusivos invejável, algo bastante ausente no concorrente Xbox One. Uncharted 4, Bloodborne, Persona 5, Horizon Zero Dawn, God of War, Spider-Man e, mais recentemente, Ghost of Tsushima e The Last of Us: Part 2 são só alguns dos jogos que mostram que a Sony soube montar uma lista de jogos consistente e de alta qualidade.
O videogame também foi abastecido com os principais lançamentos das publicadoras terceirizadas, as chamadas third-parties (publicadoras parceiras, em português). A Sony havia ouvido as críticas sobre a dificuldade no desenvolvimento de jogos para o PlayStation 3 e tornou a programação no novo console muito mais fácil e intuitiva, o que acabou levando uma grande gama de estúdios independentes a criar games para a plataforma. Entre exclusivos, third-parties e indies, muitos foram distribuídos gratuitamente por meio do PlayStation Plus. O serviço por assinatura criado em 2010 cresceu nesta geração, oferecendo várias vantagens, desde a oferta de jogos sem custo adicional, até descontos exclusivos e acesso antecipado a games.
Por outro lado, o videogame era incompatível com os jogos do PlayStation 3 ou qualquer outra geração da marca. Isso também era um problema no Xbox One, mas dois anos após o lançamento, a Microsoft conseguiu habilitar, ainda que de forma parcial, o suporte a jogos de Xbox 360 e do Xbox original. Já a Sony nunca fez algo parecido. O mais próximo disso era o PlayStation Now, serviço de jogo em nuvem no estilo Stadia, do Google. Com ele, qualquer aparelho compatível, como um celular ou o próprio PlayStation 4, é capaz de rodar via streaming jogos de PlayStation 2, PlayStation 3 e até PlayStation 4. O serviço, porém, depende de uma internet de alta velocidade e é passível de falhas inerentes a esta tecnologia. Para completar, PlayStation Now ainda segue indisponível no Brasil, 6 anos depois de seu lançamento nos Estados Unidos e Canadá.
No fim de 2016, o PlayStation 4 seria atualizado com dois novos modelos. Primeiro com o Slim, que era nada menos que o mesmo console em uma carcaça um pouco menor e mais leve. Depois, veio o PlayStation 4 Pro, versão premium do videogame com suporte à resolução 4K em alguns jogos compatíveis.
Nesta mesma época, a Sony ousou ao lançar o PlayStation VR, com óculos de realidade virtual que deveria ser usado junto com o PS4. Até hoje, o produto é a porta de entrada de muita gente para essa onerosa categoria de games, devido ao custo menor em relação à concorrência. Ainda assim, o acessório custava quase o mesmo valor de um PS4 comum e só funcionava atrelado ao videogame da Sony. Muita gente acreditou que a novidade era ou ainda é passageira. e que, assim como o controle de movimentos PlayStation Move, seria logo abandonado pela Sony e demais desenvolvedoras parceiras. Embora o produto não tenha causado nenhuma febre entre consumidores por conta do alto valor do PlayStation VR, a verdade é que até hoje a indústria cria novidades para ele. O aparelho, inclusive, é compatível com o PlayStation 5. Apesar disso, ainda se contam nos dedos os lançamentos mensais para o óculos de realidade virtual.
No fim, parecia que o PlayStation 4 ia dominar esta geração, até que veio o Switch, console híbrido da Nintendo que, desde o lançamento em março de 2017, tem dominado as vendas. Mas a Sony não tem ficado muito atrás. Com uma vantagem de mais de três anos de presença no mercado, o PS4 já soma 113,8 milhões de unidades vendidas até o último dia 31, segundo dados do site VGChartz, contra 67,8 milhões do Switch. O número da Sony é mais que o dobro alcançado pelo Xbox One (48,5 milhões), que foi lançado apenas uma semana depois do PlayStation 4.
Diferentemente do que aconteceu com o Xbox One, o videogame da Sony chegou a ser afetado pela pirataria, depois que hackers descobriram formas de desbloquear o console por meio de um navegador embutido no sistema operacional. Ainda assim, a fabricante parece ter vencido essa batalha: são tantos os entraves e bloqueios para fazer com que cópias ilegais funcionem no aparelho, que muita gente sequer tenta ou, simplesmente, desiste de seguir por esse caminho.
Para o PlayStation 5, a Sony mais uma vez aposta no poderio técnico do videogame e na força dos exclusivos para retomar a liderança na nova geração de consoles. Uma diferença é a retrocompatibilidade, com suporte a jogos de PlayStation 4. Para atrair novos jogadores, a Sony até criou a PS Plus Collection, uma coleção com os 18 jogos do PS4, que estarão disponíveis gratuitamente via download para quem assinar a PlayStation Plus. É uma clara tentativa de fazer frente ao Game Pass (Microsoft) que, por sua vez, traz mais de 200 títulos disponíveis.
Na geração que se inicia esta semana, enquanto a Nintendo não lança um sucessor no Switch, projeto uma certa dianteira da Microsoft, por conta do modelo mais barato Xbox Series S e do Game Pass. Até mesmo quem procura poderio técnico pode optar pelo Xbox Series X que, na teoria, é um pouco mais potente que o PlayStation 5. Resta ver, no entanto, se o esforço da Microsoft em adquirir estúdios de games pelo mundo criará uma biblioteca de exclusivos relevante, tendo que concorrer com medalhões da Sony como God of War e Demon’s Soul.
Agência Brasil