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Novembro Azul é a referência ao mês dedicado à mobilização contra o câncer de próstata, a segunda maior causa de mortes pela doença entre os homens no Brasil. Mas um fato muitas vezes relegado a segundo plano na mobilização do mês anterior (Outubro Rosa), e que também merece atenção, é que os homens são acometidos, também, pelo câncer de mama.
Como em outros tipos de câncer, quanto mais cedo houver um diagnóstico, maior a chance de cura. Tanto homens como mulheres devem se atentar a ocorrências na família.
Segundo a Secretaria da Saúde do Paraná, neste ano, até setembro, 16 homens foram diagnosticados com câncer de mama no Estado.
Os tumores mamários entre os homens acontecem em menor escala, mas mesmo assim não dispensam atenção. Entre 2014 e setembro deste ano, 137 homens receberam o diagnóstico no Paraná, contra 13.331 mulheres. Os resultados costumam variar entre 0,9% e 1,2% dos números absolutos de câncer de mama no Estado.
De acordo com o DataSus, sistema de tecnologia da informação do Sistema Único de Saúde (SUS), de 2018 até agosto desse ano foram realizados 28.221 exames ou biópsias que diagnosticaram o câncer de mama tanto em mulheres como em homens no Brasil. Destes, 234 são casos masculinos. Homens com idade entre 55 os 59 anos são os mais atingidos pela doença, com 35 casos confirmados nessa faixa etária. Porém, também foram registrados casos entre jovens e idosos.
SINTOMAS – Os sintomas variam entre elevação ou inchaço, geralmente sem dor, pele ondulada ou enrugada e retratação no mamilo a vermelhidão ou descamação da pele da mama. Essas mudanças nem sempre podem ser causadas pelo câncer, mas a recomendação é de, ao menor sinal delas, procurar um especialista.
Zeila Carneiro, responsável técnica da saúde do homem da Secretaria da Saúde, explica que os homens não costumam ter hábito de procurar ajuda em decorrência desses sintomas, muito menos de ter conhecimento em relação à doença. Por isso, indenpendente da classe social, a principal receita é buscar orientação.
“Eles alegam muitas vezes que o horário de atendimento das unidades de Saúde não é compatível com seus horários de trabalho. Alegam que muitas vezes têm que enfrentar filas e perder o horário de trabalho”, afirma a médica. “São panoramas sociais diferentes, reflexos da nossa sociedade. Essas são demandas de homens que não têm condições econômicas para pagar consulta particular”.
Zeila diz, ainda, que muitas vezes os homens só procuram ajuda quando não aguentam mais a dor, e que o medo de descobrir doenças graves os distanciam das consultas regulares. Dentro da Secretaria, no entanto, há atividades intensificadas nos meses de agosto e novembro de promoção à saúde do homem, e atenção permanente durante o ano todo, com todas as equipes à disposição da população.
TRATAMENTO – José Clemente Linhares, médico e chefe do serviço de Ginecologia e Mama do Hospital Erasto Gaertner, afirma que o tratamento e a detecção são relativamente parecidos com o câncer de mama feminino.
“Com pequenas diferenças na cirurgia, é semelhante ao tratamento do câncer da mama feminino. Como a mama do homem é pequena, os tumores são descobertos por palpação, abaulamento produzido pelo nódulo ou pela presença de alterações no mamilo (desvio, retração ou ferida)”, explica o médico.
A incidência do câncer de mama nos homens ocorre normalmente cinco ou dez anos mais tarde do que nas mulheres, ou seja, entre os 60 e 65 anos. Porém, conforme a Secretaria da Saúde, historicamente a incidência de casos no Paraná acontece a partir dos 25 anos.
ORIGEM – Diversos fatores contribuem para a incidência do câncer de mama em homens, entre eles herança genética. Além disso, o excesso de estrogênio (hormônio feminino utilizado majoritariamente em mulheres trans), obesidade, consumo de drogas lícitas e ilícitas.
Além desses fatores, há alterações genéticas como a síndrome de Klinefelter, que faz com que meninos nasçam como um cromossomo X a mais, ou a mutação no gene BRCa2, que tem a função de impedir o surgimento de tumores por meio da reparação das moléculas de DNA.