Cambeense fabrica cachaça da boa

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Pinga, lisa, limpa-peito, branquinha, caninha, aguardente, água-que-passarinho-não-bebe, abrideira, engasga-gato, canjibrina, perigosa. Em cada região do país, um apelido diferente. Mas a “cachaça” é o nome oficial da exclusiva aguardente de cana produzida no Brasil, que hoje está conquistando o mundo. E cachaça da boa obrigatoriamente tem que ser produzida artesanalmente, com muita arte, ciência, paixão, sabedoria e calma. Em Cambé um alambique que vem funcionando há apenas um ano agrega todos esses requisitos graças ao esmero de seu proprietário.

O sonho de fabricar cachaça acompanha a vida do cambeense Edson Burgo desde os 18 anos de idade, hoje ele tem 59. “Eu sempre ia ao sitio dos Fregonezi e para chegar até lá tinha que passar pela propriedade da família Torrezan, onde tinha um alambique que até hoje é famoso e faz parte da memória da cidade. Eu ficava admirado quando via o processo de produção e sempre me interessei por aquilo, mas jamais imaginava que um dia teria a oportunidade de me tornar um produtor da bebida”, diz.

Com exceção do corte da cana, todo o restante do processo é feito por ele. Talvez por isso, quando ele mostra uma garrafa do produto pronto, dá a sensação que está expondo uma obra de arte. Porém seu orgulho aumenta ao ouvir os amigos elogiarem sua cachaça, que para os apreciadores da bebida, é de excelente qualidade. “Faço tudo com muito gosto e vou continuar assim. Hoje, se o alambique funcionasse diariamente, conseguiria produzir de 35 a 40 litros por dia, mas não quero passar dos mil litros por ano para sempre manter o mesmo padrão e até enriquecer a qualidade”, afirma.

OPORTUNIDADE APARECEU POR ACASO

O alambique comprado por Edson Burgo tem 67 anos de história. Era de um sitiante de Tamarana chamado José Marcondes, que aos 84 anos resolveu parar com a atividade, devido sua idade avançada.

“O meu amigo Zé Casaroto era quem sempre trazia a cachaça para nossa roda de companheiros. No dia em que ele deu a notícia, fiquei interessado e fui até Tamarana conversar com o senhor José. Em pouco tempo realizamos a negociação que foi feita com pagamentos parcelados. O curioso é que quando fui dar os cheques, ele me disse que não precisava, bastava eu lhe fazer os pagamentos nos dias combinados”, conta Burgo.

COMERCIALIZAÇÃO

Segundo Edson Burgo, o produto que ganhou o nome de “Cachaça da Fazenda”, está sendo comercializado apenas entre os amigos, porque ainda aguarda a conclusão de todo o processo legal de regulamentação. “Também atendo pedidos com rótulos personalizados para brindes ou presentes”, diz. O telefone de contato é 3035-1337 ou 9976-3321.

HISTÓRIA DA CACHAÇA

Antigamente, no Brasil, para se ter melado, os escravos colocavam o caldo da cana-de-açúcar em um tacho e levavam ao fogo. Não podiam parar de mexer até que uma consistência cremosa surgisse.

Porém um dia, cansados de tanto mexer e com serviços ainda por terminar, os escravos simplesmente pararam e o melado desandou! O que fazer agora? A saída que encontraram foi guardar o melado longe das vistas do feitor. No dia seguinte, encontraram o melado azedo (fermentado). Não pensaram duas vezes e misturaram o tal melado azedo com o novo e levaram os dois ao fogo. Resultado: o “azedo” do melado antigo era álcool que aos poucos foi evaporando e se formou no teto do engenho umas goteiras que pingavam constantemente, era a cachaça já formada que pingava por isso o nome: (PINGA).

Quando a pinga batia nas suas costas marcadas com as chibatadas dos feitores ardia muito, por isso deram o nome de “ÁGUA-ARDENTE”. Caindo em seus rostos e escorrendo até a boca, os escravos perceberam que, com a tal goteira, ficavam alegres e com vontade de dançar.

E sempre que queriam ficar alegres repetiam o processo. Hoje, como todos sabem, a AGUARDENTE é símbolo nacional!

Fonte: Jornal Nossa Cidade

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