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Todos sabemos que qualquer relacionamento interpessoal é complexo e demanda calma, maturidade e sabedoria emocional, porém, infelizmente assistimos a brigas, conflitos e ofensas oriundas de casais ou ex-casais nas redes sociais ou até mesmo na imprensa. Os números de divórcios também, segundo dados do Registro Civil, vêm aumentando, mas o triste é que, mesmo com o divórcio oficializado, muitas vezes, as brigas e ofensas entre ex-casais perduram e, quem têm de lidar com tudo isso, são os filhos!
De acordo com do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foram registrados 401 casos de ações de Alienação Parental, em 2014 e, chegaram a 5.152 até outubro de 2023. O aumento foi maior a partir de 2016, quando houve 2.225 processos, e o pico foi em 2022, com 5.824 ações.
Mas você sabe o que é Alienação Parental? E mais, você sabe o que essa prática cria na vida de um filho(a)? Para que possamos esclarecer o assunto, fomos conversar com o advogado criminalista e civilista, Marcos Pavinato e com a psicóloga Simone Braga. Acompanhe a matéria e tire todas as suas dúvidas !
- Dr. Marcos Pavinato, o que é Alienação Parental?
É uma situação triste e infelizmente não muito atípica! É quando o pai ou a mãe, ambos adultos, estão em conflito, passando ou tendo já passado pelo processo de divórcio, e transferem a raiva que um têm do outro para a criança, utilizando a criança como ferramenta para causar danos ao ex-parceiro (a).
- Psicóloga Simone Braga, uma criança ou até mesmo um jovem presenciar conflitos constantes- sejam brigas com ofensas verbais ou físicas- é uma situação obviamente prejudicial à formação do filho. Mas e o “ouvir falar mal” do pai ou da mãe, isso prejudica a criança ou jovem como indivíduo também?
Sim e muito! Quando um filho começa a receber informações ruins sobre o pai ou sobre a mãe, sobre aquela pessoa que para ele é tão importante para ele, e essas informações vêm justamente de quem deveria ser unido a essa figura, ele vai criando a percepção de que tudo que a mãe ou pai que, está difamando o conjugê ou ex-conjugê, é real e é verdade absoluta! E quanto mais tempo essa difamação dura, mais danos ela irá causar não somente na relação do filho com esse genitor, mas também na autoestima e confiança que essa criança ou jovem terá em si mesmo nas pessoas!
Quando esses conflitos acontecem e os filhos estão na faixa etária de 8 a 11 anos, quando a idade e personalidade do filho está sendo cristalizada e formada, geralmente esse filho escolherá um lado, ou o lado do pai ou da mãe! E essa “escolha de um lado” impactará de forma determinante na vida dessas crianças ou jovens, pois ela provavelmente excluirá essa figura da sua vida o que, na verdade, é longe do ideal no desenvolvimento de uma pessoa!
A exclusão do pai ou da mãe na vida da criança irá gerar uma “falta”. Essa falta acabará influenciando nas escolhas que ela fará na sua adolescência e na sua vida adulta. É bem comum relatos, por exemplo, sobre relacionamentos em que a mulher acaba se conectando com homens que têm a mesma personalidade do pai tanto nas atitudes como nos comportamentos. Há a possibilidade da filha estar suprindo a “falta” que ela sente do pai, em seus relacionamentos amorosos. A figura do pai está ligada à afetividade e segurança na vida de uma criança!
- Dr. Marcos, esse tipo de situação (alienação parental) é comum? Como as pessoas devem lidar com isso?
Infelizmente, essa prática é comum. Na maioria dos divórcios que já atuei, principalmente em casos de divórcio litigioso, é comum identificarmos alienação parental, muitas vezes, de um dos cônjuges, e em outras vezes, infelizmente dos dois lados, ou seja, uma disputa de ofensas e difamação vinda tanto da mãe como do pai! E o mais complexo de tudo é que, por vezes, já notei que a mãe ou o pai que pratica a alienação parental, acredita que está prejudicando unicamente o ex-conjugê, quando, na verdade, o meio prejudicado será o ou os filhos, pois toda a relação familiar será afetada! O pai não deixará de ser pai, a mãe não deixará de ser mãe! É preciso entender isso e buscar um equilíbrio nesse relacionamento pelo bem de todos!
- Psicóloga Simone, o que fazer quando a mãe ou o pai percebe que seu ex-conjugê está lhe difamando e está prejudicando a saúde mental do filho?
É preciso que esse pai ou mãe converse diretamente com esse ex-conjugê, que isso seja abordado de forma direta e com respeito, para que essa situação seja analisada por ambas as partes. E quando notar que o problema não cessou, é ideal que o pai ou a mãe que está sendo alienado busque ajuda jurídica, mas também respaldo de um profissional de psicologia para acompanhar esse ou esses filhos.
- Dr. Marcos Pavinato quais caminhos tomar na esfera judicial?
Ao identificar que você está sofrendo alienação parental de seu ex-cônjuge, o ideal é buscar ser claro com essa pessoa para que você registre que teve essa percepção e que esse problema precisa ser encerrado para que o relacionamento entre pai filho ou mãe -filho não resulte em ainda mais conflitos emocionais! E, se mesmo assim, as ofensas e difamações perdurarem, se você notar que seu filho ou filhos estão inseridos em uma rede de ofensas e até chantagens, é necessário buscar ajuda de um advogado para que essa situação tenha o respaldo judicial e o contato entre os filhos e os dois genitores sejam organizados e respeitados!
Tem mais dúvidas sobre esse tema? Mande sua pergunta para o Instagram @belamanchete , ou fale diretamente com os entrevistados @pavinatoadvogados e @psi.simonebraga .