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Estamos no Abril Verde, mês voltado à segurança do trabalhador. A campanha busca a conscientização de trabalhadores e empregadores quanto à melhoria das condições de trabalho, a redução dos acidentes e os agravos à saúde do trabalhador, além de mobilizar a sociedade para prevenção das doenças que ocorrem em decorrência do trabalho.
Segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT), no Brasil, em 2018 (último ano da pesquisa), ocorreram 623,8 mil acidentes de trabalho entre a população com vínculo de emprego regular e cerca de 2 mil óbitos, um crescimento de 13,5% em relação ao ano anterior que registrou 549,4 mil acidentes de trabalho. No Paraná, foram 48,8 mil notificações de acidentes de trabalho em 2018, sendo que desse total, 197, terminaram em óbitos.
O maior número de notificações de acidentes de trabalho no período, 3,3 mil, ocorreu nas indústrias de abate de suínos, aves e outros pequenos animais. No topo do ranking também estão notificações de acidentes ocorridos nas áreas da saúde e da construção civil. Outro dado que chama a atenção é que no Paraná, a cada 100 mil trabalhadores, nove perdem suas vidas por conta de acidentes no ambiente de trabalho. Ainda de acordo com o levantamento do MPT, a maioria dos acidentes de trabalho no Estado em 2018 (20%), aconteceu na capital, Curitiba, seguido de Londrina (7%), Maringá (5%) e Cascavel (5%).
Os acidentes de trabalho em 2018 geraram no Paraná a expedição de 9,8 mil concessões de benefício previdenciário de auxílio-doença e 596 concessões de aposentadoria por invalidez. Os números elevados demostram a importância da campanha Abril Verde. No Paraná, a iniciativa é do Sindicato dos Técnicos de Segurança do Estado com o apoio do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PR). Neste ano, mesmo seguindo as recomendações da quarentena por conta da pandemia do Coronavírus, a campanha está sendo realizada em todo o Estado devido à relevância do assunto.
O presidente da Associação Paranaense de Engenheiros de Segurança do Trabalho (Apes), Roberto Serta, explica ainda que no atual momento da pandemia da Covid-19 as empresas estão reforçando os cuidados com a segurança para evitar a contaminação e propagação do vírus no ambiente de trabalho, e que as equipes das empresas estão buscando as melhores alternativas para este momento. “No mundo empresarial, algumas indústrias pararam as linhas de produção assim como algumas montadoras optaram por conceder férias coletivas. Mas aquelas empresas que produzem artigos e serviços essenciais à população implementaram um plano de contingência para minimizar os riscos, como por exemplo o home office. Já outras empresas optaram por equipes trabalhando em turnos e outras por algumas operações feitas com revezamentos diferenciados, além de manter foco na higienização dos ambientes, é claro”, observa.
O presidente da Apes lembra ainda que a correta higienização dos ambientes agora é fundamental em todos os setores, além de outras iniciativas para se evitar a contaminação pelo Coronavírus. “Os restaurantes estão trabalhando bastante com a higienização dos seus ambientes. Empresas dos setores do transporte estão orientando os motoristas a se movimentarem com os vidros abertos e em caso de funcionário com suspeita de contaminação pelo Coronavírus, a ordem é que ele avise a chefia para ser acompanhado pelo serviço médico da empresa”, diz.
Aumento de procura por Engenheiros de Segurança do Trabalho em Londrina
Para a Engenheira de Segurança do Trabalho e Conselheira do Crea-PR, Elizandra Sartori, os estabelecimentos tidos como essenciais no decreto de quarentena assinado pelo prefeito Marcelo Belinati têm seguido, na maioria dos casos, as orientações do Ministério da Sáude. Porém, é essencial a análise de um profissional de Segurança do Trabalho em cada empresa atuante. “Vejo muitos estabelecimentos seguindo as recomendações como o uso de luvas e máscaras nas atividades, redução de pessoal, rotatividade e limitação de clientela. Porém, o Engenheiro de Segurança de Trabalho é indispensável em todas as situações, seja numa empresa grande ou pequena. Ele analisará o risco presente no ambiente e as medidas possíveis para neutralizar e diminuir os agentes nocivos”, argumenta. As Normas Regulamentadoras (NR) 4 e 9 do Ministério do Trabalho definem a obrigatoriedade de serviços especializados em Engenharia de Segurança do Trabalho e Medicina do Trabalho conforme a gradação do risco da atividade principal e ao número total de empregados do estabelecimento.
Ainda segundo Elizandra, houve aumento de procura pela prestação de serviço destes profissionais desde o início da pandemia do coronavírus. “Há profissionais e empresas bastante preocupadas com as medidas necessárias para continuar trabalhando com segurança. Percebi que houve um aumento significativo de procura por nossos serviços em virtude das doenças ocupacionais relacionadas à pandemia. Antes desse cenário atípico, a procura era maior por demandas relacionadas a acidentes de trabalho. Os serviços ligados a perícias, por exemplo, estão parados devido às portarias da Justiça que suspenderam os prazos processuais a fim de preservar a segurança dos profissionais envolvidos”, opina.
Falta de EPIs
No Brasil e no mundo, profissionais da área da saúde são hoje os mais atingidos pela pandemia, pelo contato direto com pacientes infectados. O número crescente de atendimentos tem gerado a falta de insumos para esses profissionais. “A grande dificuldade que as empresas enfrentam neste momento é o desabastecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs), principalmente nos hospitais, como luvas, máscaras, protetores faciais, toucas e outros. Por isso, as empresas estão buscando fornecedores de EPIs em grupos nas redes sociais e outras alternativas, como novos fornecedores”, conclui Serta, reiterando que as empresas precisam ficar atentas às recomendações de adquirir apenas EPIs homologados, e que o uso de máscaras caseiras, de pano, “são medidas recomendadas apenas para o cidadão comum. O trabalhador que está exposto ao risco biológico tem que utilizar um EPI homologado pelo fabricante”, alerta.
O presidente da Apes também ressalta que todas as ações das equipes de Segurança do Trabalho das empresas estão focadas, neste momento, na garantia da saúde dos profissionais.
Assessoria de Imprensa Crea-PR